"Ivanhoé", épico de 1952
“IVANHOÉ”, ÉPICO DE 1952
Miguel Carqueija
Resenha do filme “Ivanhoe” (EUA, Metro –Goldwyn-Mayer, 1952). Produção: Pandro S. Berman. Direção: Richard Thorpe. Roteiro de Noel Langley, com base em novela de Sir Walter Scott adaptado por Aeneas macKenzie. Música: Miklos Rozsa. Com Robert Taylor (Ivanhoé), Elizabeth Taylor (Rebecca), Joan Fontaine (Rowena), George Sanders (De Bois Guilbert), Emlyn Williams (Wamba), Robert Gouglos (Sir Hugh De Bracy), Finlay Currie (Sir Cedric), Feliz Ailmer (Isaac), Francis De Wolff (De Boeuf), Norman Wooland (Ricardo Coração de Leão), Harold Warrender (Locksley, ou seja, Robin Hood), Guy Rolfe (Príncipe John).
Quando eu era criança havia uma novela de rádio chamada “Ivanhoé”. Creio que a minha mãe acompanhava. Eu com certeza era muito novo, talvez 5 ou 6 anos, só lembro da música retumbante. Anos depois, porém, quando entrou a televisão lá em casa, nós assistíamos o seriado do Ivanhoé, interpretado pelo Roger Moore. A música era outra. A série era leve, infantil. Só muito depois, já adulto, pude assistir pela primeira vez o filme de Pandro S. Berman, e aí reencontrei a música da novela de rádio, composta pelo famoso Miklos Rozsa. Com certeza a novela aproveitou do filme.
Nunca li o livro de Scott, mas a história é conhecida. O cavaleiro saxão Wilfred de Ivanhoe, no século XII, recusa-se a aceitar o desaparecimento do Rei Ricardo Coração de Leão, que não retornou da cruzada. Seu irmão, o Príncipe John, apossou-se do trono. Ivanhoé descobriu que Ricardo fôra aprisionado por Leopoldo, imperador da Áustria, que exigia do trono inglês um resgate de 150 mil marcos de prata. John recusara-se a pagar, aproveitando-se da situação.
Ivanhoé dá início à sua cruzada pessoal para arrecadar o dinheiro necessário ao resgate. Recorre a um importante judeu, Isaac, cuja filha, Rebecca, por ele se enamora. Como Ivanhoé já está comprometido com Lady Rowena, forma-se um triângulo amoroso sem maior consequência.
O detalhe mais interessante me parece ser a presença de Robin Hood na história. Com certeza para não empanar o nome de Ivanhoé, Robin Hood aparece com seu nome civil de Locksley. Em nenhum momento é nomeado como Robin Hood. Nem aparecem Lady Marian e Frei Tuck. A participação de Robin Hood na oposição ao Príncipe John é secundária. Ele tem de fato um grande momento, o ataque ao Castelo Torquilstone para libertar Ivanhoé. Depois, porém, ele some da história. Aliás acho difícil acreditar que Robin Hood pudesse dispor, na Floresta de Sherwood, de tantos arqueiros como os que aparecem na cena.
O vilão Bois-Guilbert, principal inimigo de Ivanhoé, no fim se humaniza com seu amor sincero pela judia Rebecca.
Falta humor no épico: o bobo de Cedric, depois escudeiro de Ivanhoé, até tenta colocar alguma comicidade, mas sem êxito. E a solução final, com Ricardo surgindo à frente de um exército (arranjado não se sabe como), parecendo um “deus ex machina”, foi muito rápida e pouco convincente. Apesar disso o filme é bom e consegue prender a atenção.
Rio de Janeiro, 18 de junho de 2018.
“IVANHOÉ”, ÉPICO DE 1952
Miguel Carqueija
Resenha do filme “Ivanhoe” (EUA, Metro –Goldwyn-Mayer, 1952). Produção: Pandro S. Berman. Direção: Richard Thorpe. Roteiro de Noel Langley, com base em novela de Sir Walter Scott adaptado por Aeneas macKenzie. Música: Miklos Rozsa. Com Robert Taylor (Ivanhoé), Elizabeth Taylor (Rebecca), Joan Fontaine (Rowena), George Sanders (De Bois Guilbert), Emlyn Williams (Wamba), Robert Gouglos (Sir Hugh De Bracy), Finlay Currie (Sir Cedric), Feliz Ailmer (Isaac), Francis De Wolff (De Boeuf), Norman Wooland (Ricardo Coração de Leão), Harold Warrender (Locksley, ou seja, Robin Hood), Guy Rolfe (Príncipe John).
Quando eu era criança havia uma novela de rádio chamada “Ivanhoé”. Creio que a minha mãe acompanhava. Eu com certeza era muito novo, talvez 5 ou 6 anos, só lembro da música retumbante. Anos depois, porém, quando entrou a televisão lá em casa, nós assistíamos o seriado do Ivanhoé, interpretado pelo Roger Moore. A música era outra. A série era leve, infantil. Só muito depois, já adulto, pude assistir pela primeira vez o filme de Pandro S. Berman, e aí reencontrei a música da novela de rádio, composta pelo famoso Miklos Rozsa. Com certeza a novela aproveitou do filme.
Nunca li o livro de Scott, mas a história é conhecida. O cavaleiro saxão Wilfred de Ivanhoe, no século XII, recusa-se a aceitar o desaparecimento do Rei Ricardo Coração de Leão, que não retornou da cruzada. Seu irmão, o Príncipe John, apossou-se do trono. Ivanhoé descobriu que Ricardo fôra aprisionado por Leopoldo, imperador da Áustria, que exigia do trono inglês um resgate de 150 mil marcos de prata. John recusara-se a pagar, aproveitando-se da situação.
Ivanhoé dá início à sua cruzada pessoal para arrecadar o dinheiro necessário ao resgate. Recorre a um importante judeu, Isaac, cuja filha, Rebecca, por ele se enamora. Como Ivanhoé já está comprometido com Lady Rowena, forma-se um triângulo amoroso sem maior consequência.
O detalhe mais interessante me parece ser a presença de Robin Hood na história. Com certeza para não empanar o nome de Ivanhoé, Robin Hood aparece com seu nome civil de Locksley. Em nenhum momento é nomeado como Robin Hood. Nem aparecem Lady Marian e Frei Tuck. A participação de Robin Hood na oposição ao Príncipe John é secundária. Ele tem de fato um grande momento, o ataque ao Castelo Torquilstone para libertar Ivanhoé. Depois, porém, ele some da história. Aliás acho difícil acreditar que Robin Hood pudesse dispor, na Floresta de Sherwood, de tantos arqueiros como os que aparecem na cena.
O vilão Bois-Guilbert, principal inimigo de Ivanhoé, no fim se humaniza com seu amor sincero pela judia Rebecca.
Falta humor no épico: o bobo de Cedric, depois escudeiro de Ivanhoé, até tenta colocar alguma comicidade, mas sem êxito. E a solução final, com Ricardo surgindo à frente de um exército (arranjado não se sabe como), parecendo um “deus ex machina”, foi muito rápida e pouco convincente. Apesar disso o filme é bom e consegue prender a atenção.
Rio de Janeiro, 18 de junho de 2018.