Madame Bovary
A morte de Madame Bovary
por Gabriella Gilmore
(Contém spoilers)
Ontem eu assisti a versão moderna de Madame Bovary e não consegui parar de refletir sobre a morte de Emma.
Será que lá no fundo algumas mulheres tem medo de ser como ela?
Ok me deixa explicar.
Emma era uma burguesa que passou boa parte da adolescência sendo educada em um convento.
Sempre teve uma mente diferenciada pelo fato de ser leitora voraz. No século XIX muitas pessoas tinham como passatempo viver a vida dos personagens dos romances, era uma forma de sair da realidade pacata e um tanto monótona.
Emma via no casamento a oportunidade real de realizar seus sonhos e desejos de mulher.
(Olha como os romances tem grande influência na insatisfação das pessoas! Pelo simples fato de não sabermos separar as coisas.)
Ela se casou com um médico do interior que não tinha grandes ambições, sua vida era tranquila e nada lhe faltava. Opa, para Emma faltava sim.
Na sua cabeça faltava emoção, flertes, tesão, tudo o que é vendido nos romances.
Ciente de que não teria nada disso com seu marido, ela se entrega às paixões, ou seja, ao adultério e ao consumismo desenfreado.
Entre um e outro, quem nunca fez isso?
Quando eu sinto a angustia de Emma, eu sinto raiva, porque infelizmente nós somos influenciados por fantasias e em nenhum momento somos instruídos a separar o real da ficção, e o que acontece? Idealizamos amores que não existem, nos iludimos com coisas falsas.
Na cabeça de Emma, sua vida era um infortúnio, e sua infelicidade era insuportável, e ao ver sua família entrar em crise financeira, e todos seus amantes darem as costas, o que lhe resta? O surto! O pânico! A vontade de morrer.
Ela já não suportava seu fracasso, e o sentimento de culpa a levou ao suicídio.
Emma foi fraca? Foi imatura? Foi egoísta?
Esta história foi um choque para a sociedade da época, onde as pessoas ainda viviam debaixo de padrões religiosos e quando fugiam desses modelos, se perdiam.
Não estou fazendo apologias aqui, só espero que possamos olhar mais para dentro, e nos adaptarmos da melhor forma possível, lembrando que nossos atos trazem consequências para ambos os lados. Que tenhamos sabedoria e bom senso ao fazermos escolhas.