A Bíblia na visão de Huston e Laurentiis
A BÍBLIA NA VISÃO DE HUSTON E LAURENTIIS
Miguel Carqueija
Resenha do filme épico “A Bíblia... no início” (The Bible... in the beginning) – Twentieth Century Fox, Cinecittá, EUA/Itália, 1966.
Esta superprodução bíblica obteve muito prestígio e foi um dos filmes mais importantes da década de 1960. O grande produtor italiano Dino De Laurentiis acertou em cheio ao contratar o lendário diretor irlandês John Huston, que também era ator. Assim, além de interpretar com fleuma e bonacheirice o personagem bíblico Noé, Huston também se encarregou das vozes do narrador, da serpente do Éden e do próprio Criador.
A produção cobre os 22 capítulos iniciais do Gênesis (livro que se crê escrito por Moisés), chegando até a famosa cena do sacrifício de Isaac por seu pai Abraão — sacrifício que acaba por não ocorrer.
Nem todas as cenas são convincentes. A atuação de Richard Harris como um descabelado Caim está muito exagerada. As cenas do Éden, muito formais. Por outro lado houve um esforço notável no cenário da Torre de Babel. A história de Abraão é mostrada de forma bem interessante. Houve respeito para com a Sagrada Escritura, e isso é importante.
As melhores sequências são as do Dilúvio, inclusive as externas, com o crescimento das águas no mundo. Eu não entendi como conseguiram colocar na “arca”todos aqueles animais reais, pois não havia ainda a computação gráfica. Até tigres, leões, elefantes, ursos, hipopótamos, aparecem, interagindo com os atores. O risco era evidente.
Uma possível falha: a narrativa bíblica não esclarece os nomes da esposa de Noé e das noras. Como estas nem falam, interagindo pouco, não há problema. No entanto Noé várias vezes fala com sua consorte (Pupella Maggio em boa interpretação) chamando-a de “mulher”. Poderiam ter-lhe atribuído um nome só para o filme.
No conjunto, uma obra apreciável.
Roteiro: Christopher Fry. Música: Toshiro Mayuzumi.
Produção: Dino De Laurentiis. Direção: John Huston.
Premiado com dois Oscars: melhor música e melhor produtor.
Elenco:
John Huston...............................Noé
Pupella Maggio..........................esposa de Noé
Franco Nero...............................Abel
George C. Scott..........................Abraão
Ava Gardner...............................Sara
Alberto Lucantoni......................Isaac
Peter O’Toole.............................os três anjos
Michael Parks.............................Adão
Ulla Bergryd................................Eva
Gabriele Ferzetti.........................Lot
Zoe Sallis.....................................Agar
Rio de Janeiro, 8 de junho de 2018.
A BÍBLIA NA VISÃO DE HUSTON E LAURENTIIS
Miguel Carqueija
Resenha do filme épico “A Bíblia... no início” (The Bible... in the beginning) – Twentieth Century Fox, Cinecittá, EUA/Itália, 1966.
Esta superprodução bíblica obteve muito prestígio e foi um dos filmes mais importantes da década de 1960. O grande produtor italiano Dino De Laurentiis acertou em cheio ao contratar o lendário diretor irlandês John Huston, que também era ator. Assim, além de interpretar com fleuma e bonacheirice o personagem bíblico Noé, Huston também se encarregou das vozes do narrador, da serpente do Éden e do próprio Criador.
A produção cobre os 22 capítulos iniciais do Gênesis (livro que se crê escrito por Moisés), chegando até a famosa cena do sacrifício de Isaac por seu pai Abraão — sacrifício que acaba por não ocorrer.
Nem todas as cenas são convincentes. A atuação de Richard Harris como um descabelado Caim está muito exagerada. As cenas do Éden, muito formais. Por outro lado houve um esforço notável no cenário da Torre de Babel. A história de Abraão é mostrada de forma bem interessante. Houve respeito para com a Sagrada Escritura, e isso é importante.
As melhores sequências são as do Dilúvio, inclusive as externas, com o crescimento das águas no mundo. Eu não entendi como conseguiram colocar na “arca”todos aqueles animais reais, pois não havia ainda a computação gráfica. Até tigres, leões, elefantes, ursos, hipopótamos, aparecem, interagindo com os atores. O risco era evidente.
Uma possível falha: a narrativa bíblica não esclarece os nomes da esposa de Noé e das noras. Como estas nem falam, interagindo pouco, não há problema. No entanto Noé várias vezes fala com sua consorte (Pupella Maggio em boa interpretação) chamando-a de “mulher”. Poderiam ter-lhe atribuído um nome só para o filme.
No conjunto, uma obra apreciável.
Roteiro: Christopher Fry. Música: Toshiro Mayuzumi.
Produção: Dino De Laurentiis. Direção: John Huston.
Premiado com dois Oscars: melhor música e melhor produtor.
Elenco:
John Huston...............................Noé
Pupella Maggio..........................esposa de Noé
Franco Nero...............................Abel
George C. Scott..........................Abraão
Ava Gardner...............................Sara
Alberto Lucantoni......................Isaac
Peter O’Toole.............................os três anjos
Michael Parks.............................Adão
Ulla Bergryd................................Eva
Gabriele Ferzetti.........................Lot
Zoe Sallis.....................................Agar
Rio de Janeiro, 8 de junho de 2018.