BEN-HUR
BEN-HUR
Miguel Carqueija
A primeira vez em que assisti “Ben-Hur” foi no cinema, em companhia de minha mãe. Eu era criança, o épico estava chegando ao Brasil e causando grande sensação. Era um daqueles filmes de longuíssima duração, com intervalo na projeção para que as pessoas pudessem ir ao banheiro. Ele também tinha a “overture” (abertura) com a imagem parada e o tema musical em audição.
Lembro bem do impacto causado pela história arrebatadora do príncipe judeu Judah Ben-Hur, que era amigo de infância do tribuno romano Messala, e foi por ele traído. A cruel separação de Miriam e Tirzah (mãe e irmã de Ben-Hur), jogadas na masmorra onde pegariam lepra; os quatro anos de sofrimento nas galés (e o sofrimento dos escravos das galés é mostrado com bastante realismo), a perda de seus bens e desonra de seu nome, tudo isso faz de Ben-Hur um homem revoltado, ainda que mantendo a integridade do seu caráter. A chance de refazer a vida surge quando ele salva o tribuno Quintus Arrius de morrer afogado, durante uma batalha naval com adversários do Império Romano. A trama se encaminha para o acerto de contas com o cruel Messala.
“Ben-Hur” é um romance dos tempos de Cristo, escrito pelo General Lew Wallace, autor norte-americano; esta versão cinematográfica apresenta imagens muito expressivas. O próprio Cristo aparece, visto em geral de costas; seu rosto nunca é mostrado. O amor entre Ben-Hur e Esther tem pouca importância na trama. A corrida de bigas, pelo seu aspecto espetaculoso, é geralmente considerado o clímax antológico da película, mas talvez o verdadeiro clímax seja a cena da cruz e a cura milagrosa de Tirzah e Miriam. A direção de Williem Wyler mostrou-se altamente competente.
Obra póstuma do grande produtor Sam Zimbalist (o mesmo de outro épico bíblico, “Quo vadis?”), foi finalizada em 1959; ele morreu de ataque cardíaco em novembro de 1958.
É de primeira a interpretação de Charlton Heston como Judah Ben-Hur. Foi o ponto alto da sua fecunda carreira de ator.
Épicos assim espetaculares nos fazem por vezes passar por cima de falhas, pontas soltas. Nem sempre os diálogos são brilhantes e Messala parece um sujeito largado na vida, sem família, é simplesmente o vilão que o público irá detestar. Contudo, eventuais falhas são inevitáveis e não tiram de “Ben-Hur” o caráter de obra-prima do cinema, tendo inclusive recebido o absurdo de 11 “Oscars”! Entre eles, melhor filme e melhor ator (Heston).
BEN-HUR — Metro-Goldwyin-Mayer, Estados Unidos, 1959. Produção: Sam Zimbalist. Direção: William Wyler. Roteiro de Karl Tunberg, com base no livro de General Lewis (Lew) Wallace. Música: Miklos Rozsa. Direção de fotografia: Robert L. Surtees.
ELENCO:
Judah Ben-Hur.......................Charlton Heston
Messala..................................Stephen Boyd
Quintus Arrius........................Jack Hawkins
Esther.....................................Haya Harareet
Sheik Ilderim..........................Hugh Griffith
Miriam...................................Martha Scott
Tirzah.....................................Cathy O’Donnell
Simonides..............................Sam Jaffe
Rio de Janeiro, 8 de maio de 2018.
BEN-HUR
Miguel Carqueija
A primeira vez em que assisti “Ben-Hur” foi no cinema, em companhia de minha mãe. Eu era criança, o épico estava chegando ao Brasil e causando grande sensação. Era um daqueles filmes de longuíssima duração, com intervalo na projeção para que as pessoas pudessem ir ao banheiro. Ele também tinha a “overture” (abertura) com a imagem parada e o tema musical em audição.
Lembro bem do impacto causado pela história arrebatadora do príncipe judeu Judah Ben-Hur, que era amigo de infância do tribuno romano Messala, e foi por ele traído. A cruel separação de Miriam e Tirzah (mãe e irmã de Ben-Hur), jogadas na masmorra onde pegariam lepra; os quatro anos de sofrimento nas galés (e o sofrimento dos escravos das galés é mostrado com bastante realismo), a perda de seus bens e desonra de seu nome, tudo isso faz de Ben-Hur um homem revoltado, ainda que mantendo a integridade do seu caráter. A chance de refazer a vida surge quando ele salva o tribuno Quintus Arrius de morrer afogado, durante uma batalha naval com adversários do Império Romano. A trama se encaminha para o acerto de contas com o cruel Messala.
“Ben-Hur” é um romance dos tempos de Cristo, escrito pelo General Lew Wallace, autor norte-americano; esta versão cinematográfica apresenta imagens muito expressivas. O próprio Cristo aparece, visto em geral de costas; seu rosto nunca é mostrado. O amor entre Ben-Hur e Esther tem pouca importância na trama. A corrida de bigas, pelo seu aspecto espetaculoso, é geralmente considerado o clímax antológico da película, mas talvez o verdadeiro clímax seja a cena da cruz e a cura milagrosa de Tirzah e Miriam. A direção de Williem Wyler mostrou-se altamente competente.
Obra póstuma do grande produtor Sam Zimbalist (o mesmo de outro épico bíblico, “Quo vadis?”), foi finalizada em 1959; ele morreu de ataque cardíaco em novembro de 1958.
É de primeira a interpretação de Charlton Heston como Judah Ben-Hur. Foi o ponto alto da sua fecunda carreira de ator.
Épicos assim espetaculares nos fazem por vezes passar por cima de falhas, pontas soltas. Nem sempre os diálogos são brilhantes e Messala parece um sujeito largado na vida, sem família, é simplesmente o vilão que o público irá detestar. Contudo, eventuais falhas são inevitáveis e não tiram de “Ben-Hur” o caráter de obra-prima do cinema, tendo inclusive recebido o absurdo de 11 “Oscars”! Entre eles, melhor filme e melhor ator (Heston).
BEN-HUR — Metro-Goldwyin-Mayer, Estados Unidos, 1959. Produção: Sam Zimbalist. Direção: William Wyler. Roteiro de Karl Tunberg, com base no livro de General Lewis (Lew) Wallace. Música: Miklos Rozsa. Direção de fotografia: Robert L. Surtees.
ELENCO:
Judah Ben-Hur.......................Charlton Heston
Messala..................................Stephen Boyd
Quintus Arrius........................Jack Hawkins
Esther.....................................Haya Harareet
Sheik Ilderim..........................Hugh Griffith
Miriam...................................Martha Scott
Tirzah.....................................Cathy O’Donnell
Simonides..............................Sam Jaffe
Rio de Janeiro, 8 de maio de 2018.