DO CINEMA À ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA
(Por Érica Cinara Santos)
Ontem fui ao cinema. Havia algum tempo que não me proporcionava esse prazer que, diga-se de passagem, muito me apetece. Comecei a semana dizendo a mim mesma que iria assistir a algum filme, pelo simples prazer de ir ao cinema.
Aproveitando-me das facilidades que nos proporciona a tecnologia atual, entrei no site específico e pesquisei acerca dos filmes que estão em cartaz e...eis que me deparei com uma sinopse que me tomou de pronto. Decidi de imediato. É esse o filme, ponto!
Garanti a companhia extremamente agradável, para ter com quem fazer os comentários gerais, comparando os olhares particulares. Então fomos.
Acomodada na poltrona, atenção voltada para a tela, começa o filme. E, com ele, um mergulho arrebatador sobre um universo paralelo de reflexões, de constatações, de um encantamento indescritível sobre a natureza humana e sua relação com todo o restante da criação.. A criação... quanta diversidade em toda criação!
O filme se desenrola e vai tecendo um enredo que passeia pelo místico, mágico e belo da alma de todas as coisas; dos animais, das plantas, das águas, do homem... e a relação entre tudo que existe. Isso me levou a pensar sobre a origem desse tudo. E de como nós, humanos, conseguimos apreender a realidade que nos cerca.
A começar pelo conceito de realidade, que pode sofrer alterações sob a visão de cada um, nós humanos parecemos explicar as coisas postados sobre um pedestal de superioridade que, mediante minha humilde ótica de ‘não filósofa’, tem incorrido mais em alimento de vaidade que de entendimento mais profundo.
Já nos mostra a mitologia com o relato dos irmãos titãs Prometeu e Epimeteu, quando na distribuição dos dons, que ficamos com o da inteligência. A ideia de Prometeu ao roubar de Hélio (o deus do sol) a chama que daria o sopro da inteligência ao ser recém criado, era de que o homem ajudasse Gaia a cuidar de toda a criação. Porém..., pelo menos até agora, não penso estarmos usando o dom que nos foi atribuído como deveríamos.... O que nos falta para isso, então?
O aforismo grego “Conhece-te a ti mesmo” pode ser um interessante ponto de partida a essa nossa análise. Quem realmente somos? O que queremos somar a nós mesmos durante a nossa passagem pelo plano considerado físico, material? E, para que se dê essa somatória, pra onde está indo o nosso olhar, os nossos sentidos?
Penso que há tanto ao nosso redor e dentro de nós mesmos. Há tanto o que compreender, o que valorizar e respeitar em meio a essa tão maravilhosa e espetacular criação. Há tanto que nossos olhos não conseguem apreender, que escapam aos nossos sentidos, tão limitados que são.
Mas temos o dom da inteligência e, se o utilizarmos com propriedade, teremos então algo mais precioso e incontestavelmente mais útil, a SABEDORIA. Aí sim, saberemos ser o melhor que podemos ser, colaborando para estabelecer a harmonia, com o indispensável respeito, nessa maravilhosa e espetacular experiência de ser parte da sublime e universal criação.
OBS.: O que fez nascer esta crônica foi ENCANTADOS, um filme de Tizuka Yamasaki que retrata a história da pajé Zeneida Lima e toda mística que a envolve.