SETE MINUTOS DEPOIS DA MEIA-NOITE (O MONSTRO DA ÁRVORE)

Há muito tempo atrás, antes que fosse uma cidade, com ruas, trens e carros, aqui era um reino. Era um reino próspero, com um rei sábio que trouxe paz para o seu povo.

Mas a paz tinha tido um preço. O rei havia perdido seus três filhos em batalhas contra gigantes, dragões e exércitos de homens comandados por poderosos feiticeiros.

A rainha não foi capaz de suportar a perda de seus três filhos, deixando o rei sozinho em desespero na companhia de seu único herdeiro, seu neto órfão.

A criança foi criada como um príncipe, conquistando o amor do reino com sua valentia e bom coração. Seu povo o amava.

Ele já era quase um homem quando o seu avô arrumou uma nova esposa.

O rei adoeceu e começaram a se espalhar rumores de que a nova rainha era uma bruxa malvada, que estaria tomando o trono para si ao envenenar o rei.

Algumas semanas depois o rei morreu. O príncipe era jovem demais para tomar o lugar do avô. Então por lei, a rainha reinaria por outro ano.

O futuro era incerto.

O príncipe, enquanto isso, havia entregado seu coração a uma jovem. Ela era bela e esperta, e embora fosse apenas a filha de um fazendeiro o reino sorriu para o par.

A rainha, no entanto, estava gostando de ser rainha.

E que melhor maneira de continuar reinando do que casando-se com o príncipe?

Mas o príncipe não gostou da ideia. Ele pegou a filha do fazendeiro e fugiram pela noite. Pararam para descansar sob os galhos de um teixo.

Na manhã seguinte o príncipe despertou.

"Acorde, minha amada", ele disse.

Mas a filha do fazendeiro não se moveu. Foi aí que o príncipe viu o sangue. Alguém havia matado a sua amada durante a noite.

"A rainha", ele gritou. "A rainha matou a minha noiva!"

Os aldeões, repletos de fúria e vingança, se rebelaram contra o crime. Foi aí que eu surgi (o monstro da árvore de teixo). A rainha nunca mais foi vista. Peguei a rainha e a levei para longe, para que os aldeões não a encontrassem. Um vilarejo perto do mar, onde podia começar uma nova vida.

...

O príncipe não havia dormido naquela noite anterior, pois esperou que a filha do fazendeiro se perdesse em seus sonhos e então pós em prática seu real plano, matar a filha do fazendeiro. Ele sabia que a morte dela iniciaria uma fogueira que consumiria a rainha completamente.

...

Os reinos têm os príncipes que merecem. Filhas de fazendeiros morrem sem motivos. E algumas vezes vale a pena salvar bruxas. O príncipe era um assassino e a rainha era uma bruxa, e poderia estar a caminho de ser tornar muito maligna. Mas a salvei porque ela não era uma assassina.

Ela, a rainha, não havia envenenado o rei. Ele apenas havia ficado velho.

O príncipe, no entanto, não foi pego. Ele se tornou um rei amado que governou feliz até o fim de seus longos dias.

...

"Afinal de contas, quem é o mocinho e quem é o vilão?"

Nesta história não há exatamente um mocinho ou um vilão, há apenas pessoas que estão em algum lugar, em algum lugar no meio.

All Xavier
Enviado por All Xavier em 20/11/2017
Reeditado em 26/12/2017
Código do texto: T6177467
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