Sailor Moon Clássica 35: crise - Sailor Marte contra Sailor Moon
SAILOR MOON CLÁSSICA 35: CRISE – SAILOR MARTE CONTRA SAILOR MOON
Miguel Carqueija
“Se te baterem numa das faces, oferece também a outra.”
(Palavras de Jesus no Sermão da Montanha: Lucas 6,29)
Num dos mais dramáticos e eletrizantes episódios de Sailor Moon, o “sagrado cristal de prata”, desaparecido há milênios e restaurado pela reunião dos sete cristais arco-íris, foi atraído por Sailor Moon e o seu brilho transformou-a na Princesa da Lua Branca, para espanto das próprias companheiras e dos dois gatos falantes, pois ninguém previra que ela fosse a princesa. Mamoru Chiba, em seus braços e ainda abatido pelos ferimentos, lembrou-se afinal da sua identidade perdida de Endymion, o Príncipe da Terra. O prodigioso acontecimento desperta memórias adormecidas em Serena, lembranças de uma outra vida, milhares de anos atrás, e é de forma inconsciente que ela lança o poder do cristal de prata contra Zyocite, que tentara um ataque. Forçados a recuar, Zyocite e Malachite, já no Reino da Escuridão, enfrentam a ira da Rainha Beryl. Esta ainda poupa Malachite, mas Zyocite é executada por ter tentado matar o Tuxedo Mask, Mamoru Chiba, cuja primitiva identidade é Endymion.
Para quem conhece mitologia greco-romana Endymion é um nome conhecido: o namorado da deusa da Lua Artêmis ou Diana. Sem ser uma deusa, Sailor Moon é uma versão estilizada (em estilo não de mitologia, mas de conto de fadas moderno) de Diana. Nesse episódio mais um mistério do passado é revelado: a Rainha Beryl cobiçara Endymion no passado, daí agora querer possuí-lo; mas não quisera contar a Zyocite sua verdadeira motivação. Zyocite paga com a vida pela desobediência e Beryl, depois de consultar o ainda sonolento demônio Metalia (chamado o “amo do Negaverso” ou a Negaforça, na versão em portugês desse animê), decide-se a efetuar uma lavagem cerebral em seu prisioneiro, pois na retirada Malachite conseguira teleportá-lo junto.
Para Sailor Moon despertar sabendo que Mamoru fôra raptado é algo terrível: “Deus, não”. Mas não há trégua nos acontecimentos, pois Artêmis decide que é chegada a hora de contar o resto da verdade.
Resenha do episódio 35 – “As memórias de Usagi e Mamoru” – do seriado de tv “Bishojo senshi Sailor Moon” ou “Pretty Guardian Sailor Moon” (A linda guardiã Sailor Moon) – Toei, Japão, 1992. Produção executiva: Iriyma Azuna. Produção e direção: Junichi Sato. Roteiro: Yoshiyuki Tomita. História original de Naoko Takeushi.
Elenco original de dublagem:
Usagi Tsukino (Serena, Sailor Moon).................Kotomo Mitsuishi
Tuxedo Kamen ou Tuxedo Mask (Darien, Mamoru Chiba)...........Toru Furuya
Luna....................................................................Keiko Han
Rainha Beryl........................................................Keiko Han
Ami Mizuno (Sailor Mercúrio)..............................Aya Hisakawa
Hino Rei (Sailor Marte) .......................................Michie Tomizawa
Zyocite.........................................Keiichi Nanba
Makoto Kino (Sailor Júpiter)...................................Emi Shinohara
Aino Minako (Sailor Vênus)................................Rika Fukami
Kunzite (Malachite).............................................Kazuiuki Sogabe
Artêmis..........................................Kappei Yamaguchi
“A Princesa? Quer dizer que Sailor Moon é a princesa que estivemos procurando?”
(Sailor Júpiter)
“Endymion! Você é meu amado Endymion!”
(Sailor Moon)
“Há muito tempo atrás existiu um reino chamado o Milênio de Prata da Lua.”
(Artêmis)
“Naquela época a terra foi atacada por uma mente maligna.”
(Artêmis)
“Precisamos lutar para que aquela terrível tragédia do passado não se repita.”
(Sailor Vênus)
“Usagi, lembre de quem você é, não esqueça que pode conseguir.”
(Sailor Marte)
"Muito obrigada, Serena. Que bom ter conhecido você!"
(Sailor Júpíter)
Pessoalmente sou contra as resenhas se limitarem a contar tintim por tintim o que acontece num livro ou num filme, virando assim simples e secos resumos. As resenhas devem evitar os famosos “spoilers” (revelações de enredo, especialmente desfechos). Devem procurar a análise psicológica e/ou social de personagens e situações, frisar pontos principais, essas coisas. Todavia, quando se faz guia de episódios, isso se torna mais difícil. Para bem frisar os pontos importantes de um epísódio praticamente temos de esmiuçar cenas importantes, principalmente quando são antológicas – que é o que não falta em Sailor Moon. Mesmo assim, não ficarei num simples relatar frio do que acontece. Os pontos básicos, significativos, é que devem ser escandidos.
A psicologia de Serena ou Usagi, a Sailor Moon, a Guerreira do Amor e da Justiça e, como agora foi revelado, a Princesa da Lua Branca, é complexa e encantadora. Simples como uma criança, inocente e pura, Usagi sente-se esmagada pelo peso dos acontecimentos. Saber que ela é a reencarnação da Princesa da Lua, que vem de um reino desaparecido há milênios, que é herdeira de um poder cósmico e agora portadora de uma arma divina, o sagrado cristal de prata que protegia o reino lunar, saber que seu amado Mamoru está em poder do Reino da Escuridão, tudo isso é demais para uma adolescente com alma de criança como ela, por mais poderosa que seja. Usagi desaba, chora, tem uma pequena crise histérica: não quer mais lutar, não quer saber da missão, não quer que suas amigas sofram como Mamoru. “Eu não quero!”, diz ela repetidas vezes, e chora, e balbucia: “É muito cruel.” Mas se Vênus, Júpiter, Mercúrio e os dois gatos ficam em perplexidade, a estourada Hino Rei (Sailor Marte) reage de outra maneira, esbofeteando Sailor Moon e atirando: “Você é fraca, não tem caráter! É fraca e covarde!” Serena limita-se a por a mão na face esquerda magoada e a responder: “Sou fraca e covarde! Não sou como você!” A cena é tensa e dramática. Nesse ponto Serena percebe que escorrem lágrimas no rosto de Rei e apenas balbucia o nome da amiga: “Rei...” Mas Sailor Marte ainda não se acalmou: “O Mamoru morreu para salvar uma garota como você? Isso já é demais!”
Felizmente Artêmis interveio com uma observação de bom senso: “Ela precisa de um tempo para assimilar tudo.” E Ami Mizuno (Mercúrio) acrescenta: “Não se preocupem, logo ela voltará a ser a Serena que conhecemos; hoje vamos cuidar dela.”
As revelações de Artêmis esclarecem a luta atual: a mente maligna reviveu, e refez o Reino Escuro que no passado atacou o Reino Lunar. Agora é preciso impedir uma nova tragédia. Sailor Mercúrio consegue finalmente, com seu computador sabe-tudo, assinalar a saída do espaço distorcido onde estão e que foi criado pela magia negra de Malachite. Este porém surge cheio de ira, desejoso de vingar a morte da Zyocite, pois os dois eram amantes. As sailors não têm nada a ver com isso: quem matou Zyocite foi a Rainha Beryl, e a ela Malachite não tem coragem de enfrentar.
As quatro sailors tentam conter Malachite, mas naquela dimensão distorcida os poderes das guerreiras são absorvidas pelo general do Reino Escuro, que revida arrasadoramente: uma a uma elas vão caindo sem sentidos. O objetivo dele é matar Sailor Moon e apoderar-se do cristal de prata. Ainda hesitante Sailor Moon sente como em seu espírito as vozes de suas amigas incentivando-a, e parece enxergar o Tuxedo Mask à distância, dando-lhe apoio, embora na verdade ele esteja inconsciente no Reino Escuro, cuja localização ainda é misteriosa. Sailor Moon se ergue, empunha o cristal de prata e confronta Malachite num extraordinário duelo de poderes sobrenaturais. Apesar de sua inexperiência, a menina consegue ativar o cristal de prata, cujo poder há milênios estava inativo. A luz que jorra em borbotões supera a força da escuridão manipulada por Malachite. Este, derrotado, foge teleportando-se de volta ao Reino Escuro.
A cena final é linda, com as demais agradecendo a Sailor Moon e, juntamente com os gatos, todas combinam que dali em diante lutarão sempre juntas contra o mal. Sailor Marte esqueceu sua zanga e voltou a ser amiga de Serena. Sailor Moon, recuperada da crise de depressão, está esperançosa: sabe que Mamoru está vivo em algum lugar, e pretende encontrá-lo.
Aproxima-se o embate decisivo entre Sailor Moon e a Rainha Beryl: a Luz e as Trevas.
Rio de Janeiro, 20 de outubro de 2017.
(no fotograma superior, a bofetada; em baixo à esquerda, o terrível inimigo Malachite; à direita, a tensa e dramática cena em que Sailor Marte, lágrimas nos olhos, confronta Sailor Moon; esta não reage à agressão verbal e física e até aceita as acusações de covarde e fraca. A mansidão de Sailor Moon aos poucos abranda a ira de Marte. Mais adiante Sailor Moon salva a todas e Sailor Marte também lhe agradece.)
SAILOR MOON CLÁSSICA 35: CRISE – SAILOR MARTE CONTRA SAILOR MOON
Miguel Carqueija
“Se te baterem numa das faces, oferece também a outra.”
(Palavras de Jesus no Sermão da Montanha: Lucas 6,29)
Num dos mais dramáticos e eletrizantes episódios de Sailor Moon, o “sagrado cristal de prata”, desaparecido há milênios e restaurado pela reunião dos sete cristais arco-íris, foi atraído por Sailor Moon e o seu brilho transformou-a na Princesa da Lua Branca, para espanto das próprias companheiras e dos dois gatos falantes, pois ninguém previra que ela fosse a princesa. Mamoru Chiba, em seus braços e ainda abatido pelos ferimentos, lembrou-se afinal da sua identidade perdida de Endymion, o Príncipe da Terra. O prodigioso acontecimento desperta memórias adormecidas em Serena, lembranças de uma outra vida, milhares de anos atrás, e é de forma inconsciente que ela lança o poder do cristal de prata contra Zyocite, que tentara um ataque. Forçados a recuar, Zyocite e Malachite, já no Reino da Escuridão, enfrentam a ira da Rainha Beryl. Esta ainda poupa Malachite, mas Zyocite é executada por ter tentado matar o Tuxedo Mask, Mamoru Chiba, cuja primitiva identidade é Endymion.
Para quem conhece mitologia greco-romana Endymion é um nome conhecido: o namorado da deusa da Lua Artêmis ou Diana. Sem ser uma deusa, Sailor Moon é uma versão estilizada (em estilo não de mitologia, mas de conto de fadas moderno) de Diana. Nesse episódio mais um mistério do passado é revelado: a Rainha Beryl cobiçara Endymion no passado, daí agora querer possuí-lo; mas não quisera contar a Zyocite sua verdadeira motivação. Zyocite paga com a vida pela desobediência e Beryl, depois de consultar o ainda sonolento demônio Metalia (chamado o “amo do Negaverso” ou a Negaforça, na versão em portugês desse animê), decide-se a efetuar uma lavagem cerebral em seu prisioneiro, pois na retirada Malachite conseguira teleportá-lo junto.
Para Sailor Moon despertar sabendo que Mamoru fôra raptado é algo terrível: “Deus, não”. Mas não há trégua nos acontecimentos, pois Artêmis decide que é chegada a hora de contar o resto da verdade.
Resenha do episódio 35 – “As memórias de Usagi e Mamoru” – do seriado de tv “Bishojo senshi Sailor Moon” ou “Pretty Guardian Sailor Moon” (A linda guardiã Sailor Moon) – Toei, Japão, 1992. Produção executiva: Iriyma Azuna. Produção e direção: Junichi Sato. Roteiro: Yoshiyuki Tomita. História original de Naoko Takeushi.
Elenco original de dublagem:
Usagi Tsukino (Serena, Sailor Moon).................Kotomo Mitsuishi
Tuxedo Kamen ou Tuxedo Mask (Darien, Mamoru Chiba)...........Toru Furuya
Luna....................................................................Keiko Han
Rainha Beryl........................................................Keiko Han
Ami Mizuno (Sailor Mercúrio)..............................Aya Hisakawa
Hino Rei (Sailor Marte) .......................................Michie Tomizawa
Zyocite.........................................Keiichi Nanba
Makoto Kino (Sailor Júpiter)...................................Emi Shinohara
Aino Minako (Sailor Vênus)................................Rika Fukami
Kunzite (Malachite).............................................Kazuiuki Sogabe
Artêmis..........................................Kappei Yamaguchi
“A Princesa? Quer dizer que Sailor Moon é a princesa que estivemos procurando?”
(Sailor Júpiter)
“Endymion! Você é meu amado Endymion!”
(Sailor Moon)
“Há muito tempo atrás existiu um reino chamado o Milênio de Prata da Lua.”
(Artêmis)
“Naquela época a terra foi atacada por uma mente maligna.”
(Artêmis)
“Precisamos lutar para que aquela terrível tragédia do passado não se repita.”
(Sailor Vênus)
“Usagi, lembre de quem você é, não esqueça que pode conseguir.”
(Sailor Marte)
"Muito obrigada, Serena. Que bom ter conhecido você!"
(Sailor Júpíter)
Pessoalmente sou contra as resenhas se limitarem a contar tintim por tintim o que acontece num livro ou num filme, virando assim simples e secos resumos. As resenhas devem evitar os famosos “spoilers” (revelações de enredo, especialmente desfechos). Devem procurar a análise psicológica e/ou social de personagens e situações, frisar pontos principais, essas coisas. Todavia, quando se faz guia de episódios, isso se torna mais difícil. Para bem frisar os pontos importantes de um epísódio praticamente temos de esmiuçar cenas importantes, principalmente quando são antológicas – que é o que não falta em Sailor Moon. Mesmo assim, não ficarei num simples relatar frio do que acontece. Os pontos básicos, significativos, é que devem ser escandidos.
A psicologia de Serena ou Usagi, a Sailor Moon, a Guerreira do Amor e da Justiça e, como agora foi revelado, a Princesa da Lua Branca, é complexa e encantadora. Simples como uma criança, inocente e pura, Usagi sente-se esmagada pelo peso dos acontecimentos. Saber que ela é a reencarnação da Princesa da Lua, que vem de um reino desaparecido há milênios, que é herdeira de um poder cósmico e agora portadora de uma arma divina, o sagrado cristal de prata que protegia o reino lunar, saber que seu amado Mamoru está em poder do Reino da Escuridão, tudo isso é demais para uma adolescente com alma de criança como ela, por mais poderosa que seja. Usagi desaba, chora, tem uma pequena crise histérica: não quer mais lutar, não quer saber da missão, não quer que suas amigas sofram como Mamoru. “Eu não quero!”, diz ela repetidas vezes, e chora, e balbucia: “É muito cruel.” Mas se Vênus, Júpiter, Mercúrio e os dois gatos ficam em perplexidade, a estourada Hino Rei (Sailor Marte) reage de outra maneira, esbofeteando Sailor Moon e atirando: “Você é fraca, não tem caráter! É fraca e covarde!” Serena limita-se a por a mão na face esquerda magoada e a responder: “Sou fraca e covarde! Não sou como você!” A cena é tensa e dramática. Nesse ponto Serena percebe que escorrem lágrimas no rosto de Rei e apenas balbucia o nome da amiga: “Rei...” Mas Sailor Marte ainda não se acalmou: “O Mamoru morreu para salvar uma garota como você? Isso já é demais!”
Felizmente Artêmis interveio com uma observação de bom senso: “Ela precisa de um tempo para assimilar tudo.” E Ami Mizuno (Mercúrio) acrescenta: “Não se preocupem, logo ela voltará a ser a Serena que conhecemos; hoje vamos cuidar dela.”
As revelações de Artêmis esclarecem a luta atual: a mente maligna reviveu, e refez o Reino Escuro que no passado atacou o Reino Lunar. Agora é preciso impedir uma nova tragédia. Sailor Mercúrio consegue finalmente, com seu computador sabe-tudo, assinalar a saída do espaço distorcido onde estão e que foi criado pela magia negra de Malachite. Este porém surge cheio de ira, desejoso de vingar a morte da Zyocite, pois os dois eram amantes. As sailors não têm nada a ver com isso: quem matou Zyocite foi a Rainha Beryl, e a ela Malachite não tem coragem de enfrentar.
As quatro sailors tentam conter Malachite, mas naquela dimensão distorcida os poderes das guerreiras são absorvidas pelo general do Reino Escuro, que revida arrasadoramente: uma a uma elas vão caindo sem sentidos. O objetivo dele é matar Sailor Moon e apoderar-se do cristal de prata. Ainda hesitante Sailor Moon sente como em seu espírito as vozes de suas amigas incentivando-a, e parece enxergar o Tuxedo Mask à distância, dando-lhe apoio, embora na verdade ele esteja inconsciente no Reino Escuro, cuja localização ainda é misteriosa. Sailor Moon se ergue, empunha o cristal de prata e confronta Malachite num extraordinário duelo de poderes sobrenaturais. Apesar de sua inexperiência, a menina consegue ativar o cristal de prata, cujo poder há milênios estava inativo. A luz que jorra em borbotões supera a força da escuridão manipulada por Malachite. Este, derrotado, foge teleportando-se de volta ao Reino Escuro.
A cena final é linda, com as demais agradecendo a Sailor Moon e, juntamente com os gatos, todas combinam que dali em diante lutarão sempre juntas contra o mal. Sailor Marte esqueceu sua zanga e voltou a ser amiga de Serena. Sailor Moon, recuperada da crise de depressão, está esperançosa: sabe que Mamoru está vivo em algum lugar, e pretende encontrá-lo.
Aproxima-se o embate decisivo entre Sailor Moon e a Rainha Beryl: a Luz e as Trevas.
Rio de Janeiro, 20 de outubro de 2017.
(no fotograma superior, a bofetada; em baixo à esquerda, o terrível inimigo Malachite; à direita, a tensa e dramática cena em que Sailor Marte, lágrimas nos olhos, confronta Sailor Moon; esta não reage à agressão verbal e física e até aceita as acusações de covarde e fraca. A mansidão de Sailor Moon aos poucos abranda a ira de Marte. Mais adiante Sailor Moon salva a todas e Sailor Marte também lhe agradece.)