A magia de Oz
A MAGIA DE OZ
Miguel Carqueija
Resenha do filme “O mágico de Oz” (The wizard of Oz). Metro-Goldwyn-Mayer, Estados Unidos, 1939. Produção executiva e direção: Victor Fleming. Produção: Mervyn Le Roy. Roteiro de Noel Langley, Florence Ryerson e Edgar Allan Woolf, com base na obra de L. Frank Baum. Em cores e preto-e-branco; 102 minutos. Outros diretores, não creditados: Richard Thorpe, George Cukor e King Vidor.
Elenco:
Judy Garland.................... Dorothy
Ray Bolger........................ Espantalho (e Hunk)
Jack Haley......................... Homem de Lata (e Hickory)
Bert Lahr........................... Leão Medroso (e Zeke)
Frank Morgan................... Mágico de Oz e Professor Marvel
Billie Burke....................... Glinda
Margareth Hamilton......... Bruxa Má do Oeste e Sra. Gulch
Charley Grapewin............. Tio Henry
Clara Blandick................... Tia Em
Totó (cachorro)................. Totó
É difícil realizar verdadeiras obras-primas e, a meu ver, “O mágico de Oz”, na versão cinematográfica de 1939, preenche os requisitos. A história em cores é precedida por uma introdução em preto-e-branco e finalizada por um epílogo nas mesmas condições. O preto-e-branco é para a parte realista da narrativa — o miolo, na Terra de Oz, é em cores.
Dorothy vai parar sem querer na Terra de Oz, como Alice no País das Maravilhas. Ela é muito meiga, apegada a seu cachorrinho Totó, que a segue por toda a parte, e o que ela deseja é voltar para casa, onde vive com seus tios, por ser órfã, supõe-se. Mas na sua jornada em busca do misterioso Mágico de Oz encontra três personagens que possuem outros desejos: o Espantalho, que quer ter cérebro, o Homem de Lata, que deseja ter um coração, e o Leão Covarde, que aspira ganhar coragem. Essas três figuras hilárias juntam-se a Dorothy enquanto a Bruxa Má do Oeste a persegue para se apossar dos sapatos vermelhos que foram dados à menina por uma bruxa bondosa, Glinda (na verdade, a meu ver uma fada): os sapatos que haviam pertencido à irmã de Bruxa Má do Oeste, a Bruxa Má do Leste, morta ao cair-lhe em cima a casa onde morava Dorothy, levada até lá por um tornado, aterrissando no país dos Munchies, anões simpáticos que viviam oprimidos pela feiticeira e que recebem a menina como heroína, uma heroína casual. De passado lembro que Roger Corman, muitos anos depois, produziu a fita de terror “Os munchies” onde os ditos cujos já não parecem tão simpáticos.
A comicidade perpassa toda a fantasia, incluindo o caráter vigarista e dissimulador do mágico.
No entanto, apesar da excelente qualidade da mensagem, há uma ponta solta: e a vizinha rabugenta, Gulch, que queria matar o cachorrinho de Dorothy? Como outras pessoas reais ela se identifica com uma das figuras de Oz — no caso a bruxa má — mas na vida real continua viva e não se percebe nenhum sinal de que a perseguição tenha cessado.
Fora isso o filme é magnífico e cheio de detalhes bem elaborados. O Homem de Lata (autômato), que precisa de uma almotolia para não enferrujar, e é um perigo quando ele chora. O Espantalho, que perde palha e precisa repô-la. O Leão Medroso, uma fantasia propositalmente ridícula, que se assusta com a maior facilidade, até mesmo quando ele aparece tentando se fingir de feroz e amarela com um tapinha que Dorothy lhe dá para proteger o Totó. O mágico é outro hilário, inclusive na esperteza com que resolve os problemas dos três. O Espantalho, o Homem de Lata e o Leão Medroso são figuras que entraram definitivamente no imaginário popular.
Detalhe curioso é que o Mágico de Oz, mesmo tendo ganho o título da história, é menos importante na trama que Dorothy, seu cachorro e o trio que se junta a ela, ou mesmo a bruxa má. Ele só aparece mesmo perto do fim.
O filme é basicamente de estúdio, no caso a Metro, basta ver que houve quatro diretores, mas creditado apenas Victor Fleming, um dos produtores. Foram conquistados dois Oscars, pela trilha sonora e pela linda canção “Over the rainbow” (Além do arco-íris), interpretada na bela voz da Judy Garland (que embora já com 16-17 anos, encarrega-se bem do papel da garota Dorothy), composição de Harold Harlen (melodia) e E.Y. Harburg (letra).
Rio de Janeiro, 10 a 13 de outubro de 2017.
A MAGIA DE OZ
Miguel Carqueija
Resenha do filme “O mágico de Oz” (The wizard of Oz). Metro-Goldwyn-Mayer, Estados Unidos, 1939. Produção executiva e direção: Victor Fleming. Produção: Mervyn Le Roy. Roteiro de Noel Langley, Florence Ryerson e Edgar Allan Woolf, com base na obra de L. Frank Baum. Em cores e preto-e-branco; 102 minutos. Outros diretores, não creditados: Richard Thorpe, George Cukor e King Vidor.
Elenco:
Judy Garland.................... Dorothy
Ray Bolger........................ Espantalho (e Hunk)
Jack Haley......................... Homem de Lata (e Hickory)
Bert Lahr........................... Leão Medroso (e Zeke)
Frank Morgan................... Mágico de Oz e Professor Marvel
Billie Burke....................... Glinda
Margareth Hamilton......... Bruxa Má do Oeste e Sra. Gulch
Charley Grapewin............. Tio Henry
Clara Blandick................... Tia Em
Totó (cachorro)................. Totó
É difícil realizar verdadeiras obras-primas e, a meu ver, “O mágico de Oz”, na versão cinematográfica de 1939, preenche os requisitos. A história em cores é precedida por uma introdução em preto-e-branco e finalizada por um epílogo nas mesmas condições. O preto-e-branco é para a parte realista da narrativa — o miolo, na Terra de Oz, é em cores.
Dorothy vai parar sem querer na Terra de Oz, como Alice no País das Maravilhas. Ela é muito meiga, apegada a seu cachorrinho Totó, que a segue por toda a parte, e o que ela deseja é voltar para casa, onde vive com seus tios, por ser órfã, supõe-se. Mas na sua jornada em busca do misterioso Mágico de Oz encontra três personagens que possuem outros desejos: o Espantalho, que quer ter cérebro, o Homem de Lata, que deseja ter um coração, e o Leão Covarde, que aspira ganhar coragem. Essas três figuras hilárias juntam-se a Dorothy enquanto a Bruxa Má do Oeste a persegue para se apossar dos sapatos vermelhos que foram dados à menina por uma bruxa bondosa, Glinda (na verdade, a meu ver uma fada): os sapatos que haviam pertencido à irmã de Bruxa Má do Oeste, a Bruxa Má do Leste, morta ao cair-lhe em cima a casa onde morava Dorothy, levada até lá por um tornado, aterrissando no país dos Munchies, anões simpáticos que viviam oprimidos pela feiticeira e que recebem a menina como heroína, uma heroína casual. De passado lembro que Roger Corman, muitos anos depois, produziu a fita de terror “Os munchies” onde os ditos cujos já não parecem tão simpáticos.
A comicidade perpassa toda a fantasia, incluindo o caráter vigarista e dissimulador do mágico.
No entanto, apesar da excelente qualidade da mensagem, há uma ponta solta: e a vizinha rabugenta, Gulch, que queria matar o cachorrinho de Dorothy? Como outras pessoas reais ela se identifica com uma das figuras de Oz — no caso a bruxa má — mas na vida real continua viva e não se percebe nenhum sinal de que a perseguição tenha cessado.
Fora isso o filme é magnífico e cheio de detalhes bem elaborados. O Homem de Lata (autômato), que precisa de uma almotolia para não enferrujar, e é um perigo quando ele chora. O Espantalho, que perde palha e precisa repô-la. O Leão Medroso, uma fantasia propositalmente ridícula, que se assusta com a maior facilidade, até mesmo quando ele aparece tentando se fingir de feroz e amarela com um tapinha que Dorothy lhe dá para proteger o Totó. O mágico é outro hilário, inclusive na esperteza com que resolve os problemas dos três. O Espantalho, o Homem de Lata e o Leão Medroso são figuras que entraram definitivamente no imaginário popular.
Detalhe curioso é que o Mágico de Oz, mesmo tendo ganho o título da história, é menos importante na trama que Dorothy, seu cachorro e o trio que se junta a ela, ou mesmo a bruxa má. Ele só aparece mesmo perto do fim.
O filme é basicamente de estúdio, no caso a Metro, basta ver que houve quatro diretores, mas creditado apenas Victor Fleming, um dos produtores. Foram conquistados dois Oscars, pela trilha sonora e pela linda canção “Over the rainbow” (Além do arco-íris), interpretada na bela voz da Judy Garland (que embora já com 16-17 anos, encarrega-se bem do papel da garota Dorothy), composição de Harold Harlen (melodia) e E.Y. Harburg (letra).
Rio de Janeiro, 10 a 13 de outubro de 2017.