KOBATO episódio 24 (final): emocionante desfecho

KOBATO episódio 24 (final): emocionante desfecho
Miguel Carqueija


Poucos seriados de tv, mesmo de animação, apresentam carga emotiva e sensibilidade comparáveis a “Kobato” — história da menina sem passado e sem memória, que cai do céu num dia ventoso em Tóquio e vai ajudar na Creche Yomogi, onde pratica diariamente a sua bondade angélica. Após o fechamento da creche só resta a Kobato completar a sua missão e declarar-se a Fujimoto, mas o seu tempo na Terra, apenas um ano ou quatro estações, acabou, o embaixador celeste a chama de volta e a menina desvanece nos braços do rapaz quando este finalmente compreende que a ama. Ioryogi, o ser do mundo da fantasia que parece um cachorro de pelúcia, finalmente mostra a Fujimoto que está vivo, fala e se mexe, e explica rapidamente ao rapaz a situação de Kobato. No final do capítulo 23 Fujimoto enxerga pela primeira vez a coroa de luz sobre a cabeça de Kobato...



Resenha do vigésimo-quarto episódio – Os dias que seguem — do seriado japonês de animação “Kobato” (Estúdio Madhouse, 2010). Criação da CLAMP (Ageha Ohkawa, Mokona Apapa, Tsubaki Nekoi e Satsuki Igarashi). Kobato dublada por Kana Anazawa.

“Devo ir para o local ao qual eu pertenço. Sayonara (adeus).”
(Kobato)

“Por que ninguém se lembra dela?”
(Fujimoto)

“Há muito tempo atrás, por conta de um triste incidente no mundo humano, aquela menina perdeu a vida.”
(Kohaku)

“Você é a pessoa mais importante para mim, Fujimoto-kun.”
(Kobato)

“As flores que nascem na primavera e o infinito céu de verão estão profundamente narcados no meu coração. Mesmo quando chove e as janelas estão fechadas, a impressionante luz do meu coração brilha além.”
(canção interpretada por Kobato)


O final do seriado “Kobato”, adaptação do mangá da CLAMP, é pungente e extremamente sentimental. Kobato deveria, ao completar sua missão de curar corações humanos, partir para o local ou mundo de onte viera; mas o seu desejo mudara sem que o acordo com o mundo celestial mudasse. Agora ela desejava ficar com Fujimoto, que finalmente compreende que a ama. Não pode porém evitar que Kobato se desvaneça no ar e que todos os sinais de sua existência (com poucas excessões) desapareçam. As pessoas não se lembram mais dela nem mesmo Sayaka, dona da creceh, agora fechada, onde Kobato e Fujimoto haviam trabalhado. Fujimoto também esquece, mas permanece com um incômodo na consciência. Finalmente ele se lembra dela, meses depois: mas somente a “anja”, Kohaku, que aqui vive como um ser humano, se recorda e revela parte da verdade ao rapaz.
Porém o retorno de Kobato e o reencontro com Fujimoto ocorrerão: após a provação de se verem separados, de algum modo Kobato retorna ao nosso mundo e localiza Fujimoto que agora tem um emprego promissor. O reencontro entre os dois, em sua sutileza (nada daqueles beijos de língua que Hollywood adora, é tudo sutil e recatado) carrega uma carga emotiva raríssima em sua delicadeza. O que aconteceu nos anos que passaram, por onde andou Kobato, é um mistério. Mas a grande beleza da história é inegável.

Rio de Janeiro, 12 de outubro de 2017.