TOMBOY
O filme “Tomboy”, dirigido por Céline Sciamma, procura mostrar a história de uma menina de dez anos, que possui comportamentos e maneiras de se vestir tipicamente relacionadas ao gênero masculino. Ao longo do filme, a personagem principal, se apresenta e age como um menino ao brincar com as outras crianças de seu prédio. No decorrer algumas cenas fazem surgir certos questionamentos a respeito sobre a relação que existe, ou que a sociedade “fez existir”, entre comportamento e sexualidade.
Nota-se que a família de Laure, personagem principal do filme, percebe que se afasta da feminilidade que se esperaria de uma menina, porém a aceita como ela é, a deixa se vestir como deseja que não a julgue. A mãe ao descobrir que Laure havia se apresentado como Michael para os colegas no prédio, faz com que a filha vista um vestido e conte a verdade a seus colegas. Sendo assim, as atitudes de Laure pareciam ser aceitas somente dentro de casa e a mãe procura justificar sua atitude dizendo que estava pensando no bem da filha. Até que ponto a atitude da mãe pode ser considerada como uma preocupação em relação ao bem estar da filha? A atitude da mãe pode ser compreendida como uma resposta à construção social existente em relação ao que se espera de uma menina ou de um menino.
Segundo Judith Butler, em nossa sociedade estamos diante de uma “ordem compulsória” que exige a coerência total entre um sexo, um gênero e um desejo/prática que são obrigatoriamente heterossexuais. Ou seja, se a criança for determinada do sexo masculino, de acordo com a construção social existente, deve agir com um menino, sentir atração por meninas. Porém Butler procura mostrar que não há relação, ter os órgãos genitais femininos, não quer dizer que a pessoa ira ter o “comportamento feminino” e vice versa.
Sendo assim, a atitude da mãe em fazer com que a filha conte a verdade e se vista como uma menina é uma forma de mostrar que para a mãe o homem e a mulher devem seguir os padrões existentes devido à construção social existente.