Mononoke: uma saga fatídica

MONONOKE: UMA SAGA FATÍDICA

Miguel Carqueija



As animações de Hayao Miyazaki – considerado a versão japonesa de Walt Disney – são sempre marcantes. “Nausicaa do vale do Vento” (1984), por exemplo, elevou o cinema a um dos seus pontos mais altos, comparável a obras-primas como “Alice no País das Maravilhas”, “Vinte mil léguas submarinas” ou “A bela adormecida” do próprio Disney, ou outras maravilhas como “O garoto”, “E o vento levou”, “Rapsódia em agosto”, “Hard candy”, “Hugo Cabret”, “A promessa da rosa” e “Marcelino Pão e Vinho”.
“Mononoke Hime” (Princesa Mononoke - anotando que o termo "mononoke" refere-se a figuras fantásticas do folclore japonês), de 1997, é um dos trabalhos mais prestigiados de Miyazaki; todavia, pelo nível de violência gráfica, é também um dos menos recomendáveis para crianças ou mesmo adolescentes. Sangue e mutilações ocorrem ao longo do filme e em quantidade.
A ação se passa durante a “Era Muromaki” – uma das muitas eras japonesas – e centra-se na figura do Príncipe Ashitaka, do povo Emishi, que, em busca da cura de uma maldição, acaba se interpondo na guerra que travam de um lado San (Mononoke Hime) com sua tribo de lobos gigantes, e do outro os mineradores liderados pela Lady Eboshi. Ashitaka é um pacifista que vê boas coisas nos dois lados, mas os animais falantes e San lutam pela sua floresta enquanto o povo humano vê essa floresta como fonte de exploração, o que pouco a pouco irá destruí-la. É portanto um filme que mexe com a consciência ecológica.
Pessoalmente gosto mais de “Nausicaa do Vale do Vento”, já que “Princesa Mononoke” termina inconcluso e com mensagem obscura.