Cinema Paradiso - Giuseppe Tonatore



Nuovo Cinema Paradiso

Estúdio: Versátil - Elenco: Jacques Perrin, Philippe Noiret (Alfredo), Salvatore Casciatore, Marco Leonard, Jacques Perrin (Salvatoe Di Vita), Antonella Attili, Brigitte Fosey - Direção: Giuseppe Tonatore, idioma: Italiano – País de Origem: Itália, Música tema de Ennio Moricone, ano: 1988 - Filme Drama - considerado entre os melhores filmes europeus de todos os tempos.



CINEMA PARADISO

 ​​​                                                                   Por: Leti Ribeiro

Assistir este filme foi uma experiência incrível, ele tem uma beleza cultural e poética em cada cena, uma história que nos leva a pensar em nossos valores e conquistas pessoais e por momentos nos colocarmos no lugar da personagem principal. Giuseppe Tornatore estava mesmo inspirado ao criar uma história e personagens tão apaixonantes. E ao mesmo tempo nos faz ver que sua criação imortaliza um gênero artístico-cultural.

Mergulhamos nos conflitos de um diretor de cinema italiano muito famoso em Roma, (Salvatore) que tem seus fantasmas do passado retomado aos cinquenta anos, quando recebi um telefonema avisando o falecimento de seu melhor amigo (Alfredo), senhor que o apadrinhou e ensinou a desbravar a arte do cinema, incentivando a ter coragem para dar seus primeiros passos para criação e identidade como cineasta.

Ao receber a notícia que Alfredo - seu padrinho - tinha morrido e que toda sua família o esperava para o velório, fez com que todos os conflitos e angústia do passado reavivassem em seu coração, tirando-lhe o sono. Fazendo daquela noite uma das mais longas e escuras de sua vida. A madrugada passava lentamente, na sua cabeça vinham as cenas do que ele tentou por tanto anos esquecer. A forma grotesca que fez de partir definitivamente de sua cidade e achar que estaria seguro em Roma, isso foi um grande engano. Passou a noite em claro relembrando o passado e pensando no seu “melhor amigo”.

Naquela madrugada Salvatore olha pela janela, e como se estive dentro do Cinema Paradiso, ver as cenas de sua infância; se vê novamente menino, o pequeno Totó correndo pelas ruelas da cidade, apressado para chegar à missa e vestir sua batina de coroinha para ajudar o padre. Depois, saindo em disparada para não perder a sessão de cinema que visitava secretamente para seu aprendizado com o projecionista Alfredo.

Foi sua pureza e amor de menino que o fez tornar o grande homem no cinema. Ali no Cinema Paradiso era a janela que podia ver o mundo, queria entender e aprender sobre tudo, o funcionamento do retroprojetor e rolos de filmes. Logo, logo criou gosto, quis aprender mais e já adolescente elaborou suas próprias cenas com uma antiga filmadora, assim, pôde através daquelas lentes ter sua visão de amor da vida e transformá-la em arte para o cinema.

Essa época que Alfredo era seu mestre, as técnicas eram rudimentares – as que dispunham na humilde cidade – ele conseguia manter funcionando o Cinema Paradiso, único lugar de lazer daquele povo, na cidade o cinema era tudo para os habitantes. Um povo sofrido com os terrores pós-guerra década de quarenda quando o país foi derrotado. No cinema esqueciam-se de todos os desastres sofridos e mergulhavam nas lindas histórias onde se emocionavam a cada cena exibida nas telas. Embora, a exibição era sensurada pelo padre da cidade. Antes, Alfredo tinha que fazer a reedição, cortando do filme todas as cenas de beijos. Mas, isso não tirava o encanto e entusiasmo do povo, as sessões era visitadas por multidões.

Paradise era o espaço social e cultural mais importante da cidade. Ali as pessoas se encontravam alegremente, iam ver amigos, namorar, etc. Era como ver um portal de fantasia; onde eles viviam instantes mágicos, esqueciam-se da guerra e dificuldades da vida. Salvatore, senti um desconforto maior ao lembrar que seu pai foi um dos mortos nesta guerra, onde ficou órfão menino, e teve uma vida difícil ao lado de uma irmã pequena e uma mãe esperançosa em ter notícias do marido que foi a guerra.

Quando se tornou rapazinho, já tinha aprendido como tudo funcionava dentro do cinema e voluntariamente era assistente de Alfredo para ajudar na exibição dos filmes. Uma noite que Totó não foi no cinema, ocorreu um acidente com Alfredo, levando a perder a visão e ficar completamente cego, foi quando Totó assume seu lugar com o projetor e passa a ser o funcionário do cinema. Este tempo ficou sendo seu universo de sonhos, cada dia deixava aflorar sua paixão pela arte e cinema. Logo com o passar dos anos ele já exibe as cenas mais românticas e picantes, fazendo assim os adolescentes da cidade irem a loucura e involuntariamente excitando-se no ambiente escuro do cinema. Foi um tempo muito distante que seus pensamentos vagaram naquela madrugada.

O romance vivido por Salvatore, é uma história a parte dentro desta construção, além de que, a trilha sonora do filme lançado em 1988, é a mais linda de todos o tempos, quando Ennio Morricone em tom orquestral traz a magia poética as cenas da inesquecível Giancaldoque, onde seria sua terra natal, uma pequena cidade siciliana ao sul da Itália.

Elena era sua visão maior de amor puro, único em sua vida. Nenhuma das mulheres que teve no decorrer dos anos, por mais lindas e encantadoras que conheceu, nunca conseguiram substituir seu utópico amor juvenil. Porque, foi na adolescência que ele descobriu o que era o sentir do amor, e se fez homem ao descobrir que ela acariciava por ele o mesmo sentimento, fizeram planos e juras, e nunca tinha conseguido viver um momento de entrega de corpo e alma.

Mas, tudo ficou perdido ao vento, quando Elena foi estudar em outra cidade e ele foi pra Roma servir o exército, distanciamento motivado pela diferença de classe social. Ela filha de um bancário que nunca aprovou a aproximação do casal. Antes de partir ela marca um encontro com Totó e não aparece e nem o procura nunca mais. Isso machucou sua alma, seu coração ficou ferido e este amor utópico jamais esquecido, agora teria que voltar a cidade onde tudo aconteceu e mexer em suas feridas da alma.

Pensava, trinta anos depois, será o que iria encontra por lá, veria Elena? Encontraria uma cidade diferente, onde todas as suas lembranças continuam intactas, mas ele sabia que sua vida antiga não o pertencia mais. Mesmo assim, era hora de enfrentar seu maior inimigo – o passado. Este sim, o condenava, necessitava vencer mais este desafio de sua vida. Viu que não tinha como mais adiar este confronto. Este era o momento e precisava se libertar.


O saudosismo foi uma visão maravilhosa para Salvatore, o dia que retornou a sua cidade natal, desembarcou na praça principal e pode relembrar o dia sua partida, quando Alfredo o fez prometer fugir daquela cidade e nunca olhar para trás. Essa seria a forma de provar que o amava de verdade. E ele levou isso ao pé da letra até o último momento. Mas, como o enterro de Alfredo, ele ficou muito triste e a noite ao entrar em seu antigo quarto, recebe de sua mãe um rolo de filme que tinha sido deixado por Alfredo para ele. Curioso, decide montar o projetor pra exigir as cenas e para sua surpressa, ver que são todas as cenas dos beijos que ele no decorrer de sua vida tinha tirado dos filmes.

Sim, Alfredo tinha guardado durante todo aqueles anos os românticos beijos dos filmes do cinema, colocando em seqüência e fazendo uma montagem com todos os beijos perdidos e deixou este presente para Salvatore  após sua morte. As cenas do filme - dos beijos proibidos muito o emocionou. Não eram apenas cenas perdidas. Era paixão dos primeiros filmes, era uma lacuna que sempre tivera em sua vida e as cenas faltantes dos filmes o fez relembrar o que poderia ser preenchido e foi naquele momento que resolveu procurar por Elena.


Tinha que ter forças para enfrentar seu passado e perguntar por que Elena não compareceu no último encontro. Essa pergunta ficou martelando por anos na sua mente, tinha esperança de ter essa resposta, resolveu procurá-la e telefonou para ela. Porém, agora, ela já casada, mãe de dois filhos, não queria vê-lo e disse que não iria. Mas, a emoção e lembranças do passado a arrebataram de tal maneira que resolveu ir até ele.

Instintivamente foi até praia onde quando jovens ficavam ali namorando. E o viu andando pela areia. Encontraram, conversaram, ela relatou que no dia último encontro marcado esteve no local combinado, mas chegou atrasada devido à briga que teve com o pai, que a levaria de mudança da cidade naquela noite. Queria avisá-lo, por isso, foi ao encontro, mas ele tinha ido embora, ela então resolveu ir ao cinema, onde encontrou Alfredo, deixou com ele o endereço de uma amiga para que se correspondessem. Porém, "o amigo” nunca o entregou o endereço e nem falou nada a Salvatori dela o ter procurado.

Estas cenas me fizeram ter uma percepção diferente da história, fiquei pensando, será que seria mesmo melhor amigo? Um velho que o influenciou e o direcionou a virar as costas para a família e suas origens, ficando trinta anos sem abraçar sua mãe, irmã, amigos... Com a promessa que o sucesso o faria feliz? De forma visível a história mostra que ele encontrou o sucesso financeiro e fama, mas seus valores morais, emocionais e pessoais ficaram desconstruídos de uma maneira que não conseguia formar uma nova família, um novo amor, um novo começo,


Percebe-se que uma visão muito controversa de amor, apresentada pelo autor, quando o Salvatore tem aflorado e descoberto seu talento pela arte, direção ao cinema. Seu mestre (Alfredo) sabe do seu dom e se ele não se dedicasse a construir seus castelos, ficaria ali vivendo naquela cidadezinha e sendo humilhado e ofendido pela vida toda, sem poder viver com uma moça de classe social mais alta. Ocultar a procura de Elena, para Alfredo era a forma definitivamente de escolher pelo futuro grandioso de seu menino – ali naquela cidade não era o lugar dele, sabia que Salvatore necessitava de mais, queria o melhor para ele. Não o queria como como projecionista em um cinema do interior até o fim da vida, como foi a vida dele... Este não seria o futuro de seu amado menino.

As facetas do amor são na verdade tantas na vida, será quem amou mais, foi Alfredo a Totó ou foi Totó a Elena? O amor é bem assim, cada um dimensiona e senti de forma diferente, para os mais românticos, essa parte da histórica fica triste e irônica. O seu melhor amigo e confidente (porque todo sentimento grandioso que Totó sentia por Elena ele contou tudo para Alfredo). Ele era sabedor de seu verdadeiro amor, invés de ajudar o amigo a desvendar seus enigmas do coração, simplesmente se encarrega de apagar definitivamente a sua história de amor, Elena ficou por tempos sofrendo, achando que Salvatore não a queria mais, e Salvatore mandando por um ano interruptamente cartas de amor para endereço errado sem saber de nada do que tinha acontecido.

Mas, o mundo gira e nestas voltas eles ali estavam novamente sozinhos dentro do carro num momento de amor. Salvatore e Elena, este reencontro foi o momento mais lindo nesta história, quando duas almas afins que se doaram e amaram tão profundamente que fizeram daquele momento único e verdadeiro em que oportunamente o destino os presenteou com um encontro, e ali enfim, eles conseguiram se amar, conhecer os corpos que se desejaram por tantos anos – Uma noite apenas... Depois Elena rompe e jura que não irá viver aquele amor, porque a vida não lhe permite mediante os compromisso com filhos e casamento, enquanto, Salvatore jura que aquele amor não acaba ali e sim firmará para toda vida.

Salvatore nesta viagem presenciou a demolição do antigo Cinema Paradiso, em seu íntimo fez o enterro de seu passado. Evidenciando que o tempo se encarrega de todas as coisas, por mais que demorasse anos e anos... Mesmo com tom melancólico, a história é uma obra inesquecível, e de verdade não tem como esquecer personagens tão marcantes que o diretor Tornatore colocou no elenco.

Alguns críticos do cinema, declararam que este filme é sentimentalóide, melodramático e até piegas, de fato em muitas cenas dá mesmo pra sentir este tom. Mas, a meu ver,

denota-se o carismático Philippe Noiret como o mestre Alfredo ao lado de seu aprendiz, o pequeno Totó – E sem contar no elenco intermediário quando Totó fica jovem e depois já homem maduro, as cenas de amor com Elena - protagonizada por Antonella Attili & Brigite Fosey, fizeram conquistar a admiração do público, de forma irresistível e encantadora. Vejo a obra retratada com sensibilidade e o olhar atento de Tornatore, direcionando o público para arte, imagem e cultura.

Enfim, não podia deixar de ressaltar que a trilha sonora de "Cinema Paradiso" é um caso à parte. Ennio Moricone, foi chamado o maior compositor italiano e um dos maiores do cinema, inovou principalmente no modo clássico como a música cinematográfica. E este toque especial foi a magia do filme, o que encantou o coração de milhões de pessoas do mundo inteiro, sendo uma declaração de amor feita à Sétima Arte. Isto não há como negar.














 
                                           MENSAGEM

A todos queridos amigos do Recanto das Letras meu saudoso abraço, depois de um tempinho que estive ausente (por motivo de trabalho), Volto com coração cheio de saudades .
Logo estarei colocando minhas visitas em dia, na oportunidade:
DESEJO A TODOS FELIZ PÁSCOA,
COM MUITA PAZ E AMOR NO CORAÇÃO.


Beijos poéticos 


 








                                   





                                      De dentro do meu ser:
                                               Leti Ribeiro