Entre os muros da escola
Existem muitos filmes que possuem como tema central de sua narrativa a relação professor-aluno e até a própria escola. Normalmente esses filmes relatam a tentativa de um professor em transformar os alunos mais complicados da escola nos melhores, de forma que faz tudo parecer muito fácil e repentino.
Em contraponto existem, também, filmes como o “Entre os Muros da Escola”, que também retratam a relação de alunos ditos como complicados com um professor “motivado”, mas que diferentemente de outros filmes, esses acompanham os conflitos na sala de aula, os diálogos que lá existem, as discussões e o aprendizado em si.
O professor nesse filme não é colocado como o “herói” da trama. Ao contrário de muitos filmes, esse professor também erra, assim como os alunos. E é através desses erros que é construído a narrativa.
No começo do filme, o professor François parece se importar bastante com o futuro de seus alunos e com a suas aulas, mas ao mesmo tempo não tenta acabar com o “muro” que é construído entre ele e os alunos. Ele acaba, assim, vítima do sistema de ensino aplicado naquela escola.
A intenção aqui, não é colocar apenas o professor como responsável pela formação do indivíduo, é mostrar que quando a escola no seu todo está em harmonia e sabe claramente qual a sua missão as coisas funcionam.
“Através da construção de finalidades comuns, bem como da partilha da expectativa de que estas podem ser atingidas, as missões também fortalecem o sentindo de eficácia dos professores, ou seja, as suas crenças relativamente à possibilidade de melhorarem o sucesso de todos os seus alunos, independente dos seus antecedentes. As missões geram motivação e investem as coisas de sentindo, representando muito, particularmente para aqueles que participaram no seu desenvolvimento”(HARGREAVES, Andy. p.183, 1998)
A partilha de vivências e a discussão de práticas são pontos importantes para o desenvolvimento das escolas e dos professores. É através do trabalho em conjunto que se faz possível o progresso e que novas perspectivas são alcançadas. Se não existe essa colaboração, por partes dos professores e coordenadores, os projetos desenvolvidos tendem a não atender os objetivos e a motivação apenas desaparece.
Por exemplo, o professor François Marin, no filme, desenvolve atividades e projetos com os alunos para que as mudanças aconteçam, porém ele não tem qualquer tipo de apoio de seus colegas, professores e diretor. Então, aos poucos os seus esforços se vão e no fim François acaba não tendo mais perspectivas para os seus alunos “complicados” e a sua relação com os mesmos, que começava a melhorar, piora.
Ao final do filme, uma aluna faz uma pergunta ao François: “O que estamos fazendo aqui?” e essa talvez seja uma grande questão a ser pensada e repensada todos os dias. São filmes como esse que nos intrigam e nos fazem repensar a escola, os seus objetivos e as nossas práticas.