O MESTRE DOS GÊNIOS

UM FILME QUE TODO AUTOR E EDITOR DEVERIA ASSISTIR

Pela primeira vez – creio eu – o cinema trata de Literatura como esta nunca foi tratada;a relação quase sempre conturbada entre o escritor e o seu editor.Neste caso estaremos falando da biografia de Max Perkins, (Colin Firth) um dos maiores editores americanos ,responsável por dar voz e vez aos gigantes da literatura americana Fitzgerald (Guy Pearce) e sua esposa Zelda.Hemingway (Dominic West) e o gênio indomável Thomas Wolfe (Jude Law) , (não confundir com o autor de “Fogueira das Vaidades) autor de “Look homeward,angel” e autor de longas obras que sempre precisavam ser podadas e hoje quase esquecido.Nicole Kidman está ótima como a temperamental mecenas e amante de Wolfe vivendo todos os conflitos desta relação.

Lidar com estes temperamentos difíceis era a sina do sempre puritano e conservador ,sóbrio e lacônico editor ,como,aliás,deveria ser todo bom editor,um sujeito que administra egos enormes que ,muitas vezes chegam como torrentes e ao fim de poucos anos caem no esquecimento.

O diretor do filme concentrou-se em três grandes personalidades muito diferentes ,mas,fundamentais: o aventureiro Hemingway,o sofrido Fitzgerald e o turbulento Wolfe ,seu preferido e amado como filho, mas,que lhe causou alguns dissabores e decepções.

Como editora e escritora embora cônscia do meu humilde papel neste mundo me senti em casa, assistindo o filme,sem sombra de dúvida um grande espetáculo e muito bem feito.O tom sépia foi o ponto alto do filme e já demonstrava o que podíamos esperar da obra.

Vivi a alegria dos que tiveram seus livros publicados e o prazer de dar á luz um trabalho de um escritor. Perkins dizia o que sempre digo: - “O livro pertence ao autor ,ele é o senhor absoluto de sua obra.” O editor é parteiro da obra seja ele um pagador de direitos autorais ou ,simplesmente aquele que recebe para realizar o trabalho.De qualquer lado será sempre vidraça.Ubaldo sempre dizia que “quando dois escritores estão reunidos estão falando mal do seu editor.”Pura verdade!

Embora não seja mestra e nunca nenhum gênio tenha adentrado as portas da minha editora, senti-me feliz por viver estes momentos retratados no cinema,empatia total.

Acho que todos os escritores,editores e leitores deveriam assistir.O leitor para perceber esse mercado tão difuso como o mercado editorial e não se sentir desconfortável quando eu digo que livro é ,sim,uma mercadoria e como tal deveria ser divulgado ,pois o negócio/mercado /literatura é igual a muitos outros .A diferença é que nós vendemos sonhos!

*Em Salvador exibido nas salas UCI Oriente Sh. Barra 7 De luxe

Espaço Itaú Glauber Rocha