QUANDO O CENÁRIO É VENEZA.

Dia desses, incentivada por um professor de direito, assisti o filme “O MERCADOR DE VENEZA”.

Sempre ouvia falar nessa obra de William Shakespeare ,mas dessa vez o intuito do professor era que os alunos atentassem para a importância dos contratos.

Como não sou estudante de direito, e nem profissional da área, talvez tenha sido a parte que menos me chamou a atenção.

O filme é imperdível!

Delicado, e de uma poesia inenarrável.

A sensibilidade shakespeariana é de encantar, e a maneira como trabalha os sentimentos humanos é impressionante , e nos mostra a importância que o conhecimento da alma tem na dinâmica das relações entre as pessoas.

Passeia profundamente pela força do amor, da amizade, da lealdade,do ódio, do preconceito, da ambição,do orgulho, do caráter , da vingança, da hipocrisia, da mediocridade , da vaidade, da insegurança,da fantasia, do desejo...todos inatos ao ser humano.

O filme mostra toda a artimanha da psicologia humana, e quanto uma situação pode ser revertida ou invertida dentro do direito, com a força da RETÓRICA, quando um advogado coloca sua sensibilidade , inteligência e argumentação a serviço da manipulação e satisfação dos sentimentos, instrumentalizando a poesia,focando o bom senso e o "coração".

E o quanto podemos trazer dessa arte para a nossa vida cotidiana.

Não foram poucas as lágrimas que chorei no decorrer do filme, quase que assim...de repente...espontaneamente...

Praticamente uma manipulação poética da psicologia , pelas mãos do direito, na figura do advogado.

Lá, discute-se também até que ponto podemos afiançar-nos com a própria vida, o que pelo nosso código jurídico é proibido, quais as virtudes intrínsecas à dignidade humana, e o quanto os contratos têm que ser avaliados e defendidos nos detalhes do que foi escrito e firmado, ou seja, através da força das letras.

A fotografia e a construção do cenário de época são de extremo bom gosto!

Enfim, uma obra a ser vista, pensada, repensada e posta em prática no decorrer do “nosso filme’...na rolagem do script das nossas tragédias...