Batman 1943

BATMAN 1943
Miguel Carqueija

Resenha do seriado de cinema “Batman” (Columbia Pictures, EUA, 1943), em 15 episódios. Produção de Rudolph C. Flothow. Direção de Lambert Hillyer. Roteiro de Victor Mc Leod, Leslie Swabacker e Harry L. Fraser, com base nos quadrinhos de Bob Kane. Elenco: Lewis Wilson (Batman), Douglas Croft (Robin), J. Carrol Naish (Dr. Daka), Shirley Patterson (Linda Page), William Austin (Alfred).

Primeira adaptação cinematográfica do personagem criado nos quadrinhos em 1939, este seriado “Batman” é incrivelmente brega, cheio de defeitos e detalhes ridículos e talvez por isso mesmo muito divertido de assistir; é o tipo de série que de tão ruim chega a ser boa.
A ação se passa em Gotham City mas, que eu tenha reparado, o nome da imaginária cidade só é mencionado no início. Não existe o batmovel: a dupla Batman e Robin viaja no automóvel de Bruce Wayne (ou seja, Batman) dirigido pelo mordomo do milionário, Alfred. Aliás, nem parece que Bruce seja o ricaço dono das empresas Wayne, vivendo mais como um falso “playboy’ acompanhado pelo seu pupilo Dick Grayson (Robin). Bruce namora com Linda Page, um namoro morno, sem beijos, e não tem contato com a polícia. Captura bandidos e os entrega ao Capitão Arnold (não se fala no Comissário Gordon) mas sem aparecer.
A “dupla dinâmica” sai fantasiada do carro dirigido por Alfred e ninguém percebe, nem anota a chapa, de modo que ninguém descobre a verdadeira identidade do Homem Morcego e seu ajudante. Completamente primários, e como não usam armas, Batman e Robin limitam-se a sair no tapa com os bandidos. Estes usam armas de fogo, mas nunca se lembram de utilizá-las nas brigas barulhentas. Só atiram quando Batman e Robin estão longe e nunca acertam. As pancadarias devem ter inspirado os realizadores do célebre seriado dos anos 60 a colocar as onomatopéias de luta em balões de HQ, na tela: “plaft”, “pow” e companhia.
Não se vêem os vilões familiares: Charadista, Coringa, Mulher-Gato, Pinguim e outros. O único grande vilão é o Dr. Daka, um japonês que serve ao Imperador Hiroíto e planeja derrubar o governo norte-americano e submeter os Estados Unidos ao Japão. Não esqueçamos que na época do seriado era em plena II Guerra.
A meu ver, os bandidos só perdem porque conseguem ser mais burros que Batman e Robin, cujos métodos horrorizariam Sherlock Holmes.
A mocinha, completamente inútil, só serve para se meter em encrencas e, se estiver na cena da briga, limita-se a se encostar na parede. Aliás não conhecia essa personagem que, parece, não vingou nas histórias do Batman.
O Homem Morcego ou, como também ficou conhecido, o Cruzado de Capa, foi ficando muito diferente com o passar do tempo e a interação com outros personagens da DC Comics. É interessante comparar o Batman dos anos 40 com o dos anos 60, ou o atual, além das versões diversas, inclusive em desenho animado.


Rio de Janeiro, 13 e 14/2/2016.


imagem google: Bob Kane, criador de Batman