Como já disse anteriormente, não sei fazer resenhas. Estou somente comentando sobre alguns filmes que andei vendo. Hoje, sobre filmes desta nova safra do cinema nacional:
- Tempos de paz – com atuação espetacular do Dan Stulbach no papel de um imigrante polonês, no início da década de 40, com um sotaque tão perfeito que a gente até esquece que ele é brasileiro. Acho difícil pra caramba o ator ser incumbido de transmitir emoção sem se descuidar de uma maneira de falar que não é a sua natural. Deu um banho de interpretação inclusive no Tony Ramos, com quem contracena. O Dan é um imigrante fugindo da guerra que assola o seu país, e o Tony faz o papel do agente brasileiro de imigração, aquele que decidirá se o Brasil dará o visto de entrada ou não. Acontece que o agente tinha sido, até então, um insensível torturador, a serviço da ditadura de Vargas. Ele lança um desafio ao imigrante: terá que fazê-lo derrubar uma lágrima. Se o outro conseguir, ficará no país, caso contrário voltará para o navio. Tenso, né?
- Anjos do Sol – é um filme revoltante, que odiei ter visto, porque ficou muito tempo na minha cabeça, mas acho que todos deveriam vê-lo, já que retrata a realidade de milhares de crianças no Brasil. Conta a história de uma menina, de uns 11 anos, vendida por seus pais, no interior do Maranhão. Já dá pra adivinhar pra que o cara a comprou, né? Pois é, vendeu-a para uma agenciadora de prostitutas virgens (Vera Holtz) que a entregou, num leilão, para um político, daqueles tipo coronel do sertão (Otávio Augusto). Ali começou o calvário da pobrezinha que, depois do primeiro safadão, foi mandada para um garimpo no meio da mata. Eu classificaria este filme na categoria Terror... O ator principal é o excelente Antônio Calloni, que acabou ganhando, merecidamente, alguns prêmios por sua atuação neste filme.
- Cinema, aspirinas e urubus – a história se passa nas estradas poeirentas do sertão da Paraíba, ambientada em 1942, ano em que o Brasil entrou na Guerra e mandou prender todos os alemães que viviam aqui. Um desses alemães ( o ator é alemão mesmo) era um pacato vendedor da Bayer, que vendia as suas aspirinas, tidas naquela época como milagrosas, usando como marketing um cinema rústico ao ar livre. Por ter atividade tão solitária, ele gostava de dar caronas e numa dessas caronas conhece um rapaz (o excelente ator João Miguel) que queria ir para o Rio de Janeiro. Por causa da ordem repentina de prisão, a viagem e amizade dos dois tomam um rumo inesperado. Me deu muita pena do alemão. Quem não gostou deste fillme achou-o muito parado. Deve ser porque não tem perseguições de carros, nem propaganda de armas, nem explosões no final, nem zumbis... Eu gostei. Tanto, que recomendo.
- À beira do caminho – este filme é de uma ternura! Conta a história de um caminhoneiro (outra vez o excelente João Miguel) que encontra escondido em seu caminhão um garoto, que o acaba convencendo a levá-lo até São Paulo, a fim de encontrar o pai, que o abandonara. À medida que vai-se contando o que acontece durante a viagem, também vem à tona a história de vida do caminhoneiro e vamos descobrindo porque ele é tão arredio com o menino. Aliás, a interpretação do menino ( Vinícius Nascimento) é impecável. A trilha sonora é de canções do Roberto e Erasmo. É um fime simples mas gostoso de assistir. – e um dos raros filmes brasileiros onde acaba tudo bem – rsrs
- Olhos azuis – o fime é brasileiro mas o ator principal é um americano (David Rasche) e, como a maior parte da história é ambientada no aeroporto de Nova Yorque, ele é todo falado em inglês (com legenda, óbvio). Tudo começa com o americano em Pernambuco, procurando uma pessoa. Enquanto ele não a encontra, vamos sabendo de sua história. Ele era um agente do aeroporto, encarregado de fiscalizar a veracidade dos vistos dos estrangeiros. No seu último dia de serviço antes da aposentadoria, super estressado e super mal educado, resolve se divertir humilhando os imigrantes latinos. “Olhos azuis” quer dizer no filme a superioridade com que ele se vê em relação aos outros. Entre os imigrantes estava um brasileiro (Irandhir Santos). O conflito entre os dois tem tantas palavras duras, de ambas as partes, que parece mesmo uma lavação de roupa suja entre latinos e americanos. Sabe quando um personagem fala tudo o que você gostaria de falar? E também ouve tudo o que a gente já sabe que eles pensam sobre nós... Bem, por causa deste conflito, ficamos sabendo finalmente o que ele veio fazer no Brasil.
- La Cecilia – este filme já é meio antiguinho (foi feito em 1975) mas, como a história é de época não faz muita diferença. É baseado em fatos verídicos e conta sobre a Colônia La Cecilia, fundada no final do século XIX no Paraná, que naquele tempo era floresta ainda, em terras doadas por D. Pedro II a um amigo italiano, o escritor Giovanni Rossi, defensor teórico do anarquismo. A colônia serviria para colocar em prática as suas ideias. Pensa, um bando de gente desbravando terras e iniciando uma atividade agrícola, com alguns já conhecedores da técnica e outros não, mas sem que um tivesse mais poder que o outro dentro da colônia. Tudo teria que ser decidido em assembleias. E também não haveria o senso de família individualizada. A adaptação com os brasileiros foi um entrave e ainda mais complicada pela queda da monarquia, logo em seguida. Achei interessante este filme, não só por abordar um pedaço da História do Brasil, como também pela possibilidade de imaginar uma sociedade como esta, hoje.
- Quanto vale ou é por quilo? – um soco na boca do estômago, é como eu o defino. Filme atualíssimo sobre a nossa realidade. Quem tiver interesse, deve ter mil e uma resenhas na internet sobre ele. Só digo que é bom.
- Chamada a cobrar – excelente atuação da atriz Bete Dorgam que representa uma ingênua senhora classe média-alta (conheço tanta gente igual) que recebe uma ligação a cobrar, de um sequestrador que afirma estar com uma de suas filhas. Atendendo a ordem dele, desesperada, ela vai de carro desde São Paulo até o Rio de Janeiro e o filme todinho se passa durante esta viagem, onde ela fala com ele pelo celular, de modo que não o vemos. Este filme é, antes de tudo, um importante alerta. Penso que todos deveriam vê-lo. Sobretudo as mulheres.
x - x - x
Vi todos eles no youtube
- Tempos de paz – com atuação espetacular do Dan Stulbach no papel de um imigrante polonês, no início da década de 40, com um sotaque tão perfeito que a gente até esquece que ele é brasileiro. Acho difícil pra caramba o ator ser incumbido de transmitir emoção sem se descuidar de uma maneira de falar que não é a sua natural. Deu um banho de interpretação inclusive no Tony Ramos, com quem contracena. O Dan é um imigrante fugindo da guerra que assola o seu país, e o Tony faz o papel do agente brasileiro de imigração, aquele que decidirá se o Brasil dará o visto de entrada ou não. Acontece que o agente tinha sido, até então, um insensível torturador, a serviço da ditadura de Vargas. Ele lança um desafio ao imigrante: terá que fazê-lo derrubar uma lágrima. Se o outro conseguir, ficará no país, caso contrário voltará para o navio. Tenso, né?
- Anjos do Sol – é um filme revoltante, que odiei ter visto, porque ficou muito tempo na minha cabeça, mas acho que todos deveriam vê-lo, já que retrata a realidade de milhares de crianças no Brasil. Conta a história de uma menina, de uns 11 anos, vendida por seus pais, no interior do Maranhão. Já dá pra adivinhar pra que o cara a comprou, né? Pois é, vendeu-a para uma agenciadora de prostitutas virgens (Vera Holtz) que a entregou, num leilão, para um político, daqueles tipo coronel do sertão (Otávio Augusto). Ali começou o calvário da pobrezinha que, depois do primeiro safadão, foi mandada para um garimpo no meio da mata. Eu classificaria este filme na categoria Terror... O ator principal é o excelente Antônio Calloni, que acabou ganhando, merecidamente, alguns prêmios por sua atuação neste filme.
- Cinema, aspirinas e urubus – a história se passa nas estradas poeirentas do sertão da Paraíba, ambientada em 1942, ano em que o Brasil entrou na Guerra e mandou prender todos os alemães que viviam aqui. Um desses alemães ( o ator é alemão mesmo) era um pacato vendedor da Bayer, que vendia as suas aspirinas, tidas naquela época como milagrosas, usando como marketing um cinema rústico ao ar livre. Por ter atividade tão solitária, ele gostava de dar caronas e numa dessas caronas conhece um rapaz (o excelente ator João Miguel) que queria ir para o Rio de Janeiro. Por causa da ordem repentina de prisão, a viagem e amizade dos dois tomam um rumo inesperado. Me deu muita pena do alemão. Quem não gostou deste fillme achou-o muito parado. Deve ser porque não tem perseguições de carros, nem propaganda de armas, nem explosões no final, nem zumbis... Eu gostei. Tanto, que recomendo.
- À beira do caminho – este filme é de uma ternura! Conta a história de um caminhoneiro (outra vez o excelente João Miguel) que encontra escondido em seu caminhão um garoto, que o acaba convencendo a levá-lo até São Paulo, a fim de encontrar o pai, que o abandonara. À medida que vai-se contando o que acontece durante a viagem, também vem à tona a história de vida do caminhoneiro e vamos descobrindo porque ele é tão arredio com o menino. Aliás, a interpretação do menino ( Vinícius Nascimento) é impecável. A trilha sonora é de canções do Roberto e Erasmo. É um fime simples mas gostoso de assistir. – e um dos raros filmes brasileiros onde acaba tudo bem – rsrs
- Olhos azuis – o fime é brasileiro mas o ator principal é um americano (David Rasche) e, como a maior parte da história é ambientada no aeroporto de Nova Yorque, ele é todo falado em inglês (com legenda, óbvio). Tudo começa com o americano em Pernambuco, procurando uma pessoa. Enquanto ele não a encontra, vamos sabendo de sua história. Ele era um agente do aeroporto, encarregado de fiscalizar a veracidade dos vistos dos estrangeiros. No seu último dia de serviço antes da aposentadoria, super estressado e super mal educado, resolve se divertir humilhando os imigrantes latinos. “Olhos azuis” quer dizer no filme a superioridade com que ele se vê em relação aos outros. Entre os imigrantes estava um brasileiro (Irandhir Santos). O conflito entre os dois tem tantas palavras duras, de ambas as partes, que parece mesmo uma lavação de roupa suja entre latinos e americanos. Sabe quando um personagem fala tudo o que você gostaria de falar? E também ouve tudo o que a gente já sabe que eles pensam sobre nós... Bem, por causa deste conflito, ficamos sabendo finalmente o que ele veio fazer no Brasil.
- La Cecilia – este filme já é meio antiguinho (foi feito em 1975) mas, como a história é de época não faz muita diferença. É baseado em fatos verídicos e conta sobre a Colônia La Cecilia, fundada no final do século XIX no Paraná, que naquele tempo era floresta ainda, em terras doadas por D. Pedro II a um amigo italiano, o escritor Giovanni Rossi, defensor teórico do anarquismo. A colônia serviria para colocar em prática as suas ideias. Pensa, um bando de gente desbravando terras e iniciando uma atividade agrícola, com alguns já conhecedores da técnica e outros não, mas sem que um tivesse mais poder que o outro dentro da colônia. Tudo teria que ser decidido em assembleias. E também não haveria o senso de família individualizada. A adaptação com os brasileiros foi um entrave e ainda mais complicada pela queda da monarquia, logo em seguida. Achei interessante este filme, não só por abordar um pedaço da História do Brasil, como também pela possibilidade de imaginar uma sociedade como esta, hoje.
- Quanto vale ou é por quilo? – um soco na boca do estômago, é como eu o defino. Filme atualíssimo sobre a nossa realidade. Quem tiver interesse, deve ter mil e uma resenhas na internet sobre ele. Só digo que é bom.
- Chamada a cobrar – excelente atuação da atriz Bete Dorgam que representa uma ingênua senhora classe média-alta (conheço tanta gente igual) que recebe uma ligação a cobrar, de um sequestrador que afirma estar com uma de suas filhas. Atendendo a ordem dele, desesperada, ela vai de carro desde São Paulo até o Rio de Janeiro e o filme todinho se passa durante esta viagem, onde ela fala com ele pelo celular, de modo que não o vemos. Este filme é, antes de tudo, um importante alerta. Penso que todos deveriam vê-lo. Sobretudo as mulheres.
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