Um clássico eterno do terror
Poucos gêneros são tão difíceis de se trabalhar no cinema quanto o terror, que lida com uma das emoções mais instintivas do ser humano: o medo. Geralmente, os fãs de terror sofrem ao assistir a filmes que prometem muito mas não cumprem suas expectativas, resultando em histórias mal-desenvolvidas que chegam a aborrecer ou se tornar cômicas.
Entre os filmes de terror que marcaram a história do cinema, O Exorcista, sem dúvida, merece lugar de destaque por ter abordado de maneira ousada o controvertido tema da possessão demoníaca. Filmado em 1973, O Exorcista chocou ao mostrar cenas como a do vômito esverdeado e a masturbação com um crucifixo, levando espectadores incautos a acreditar que poderiam estar possuídos pelo demônio. O que fez este filme gerar tanto impacto e ganhar o merecido status de clássico?
Podemos falar na maneira escolhida pelo roteirista e diretor de abordarem o mal. Em O Exorcista, o mal deixa de ser um substantivo abstrato e se torna algo personificado, palpável, que está à espreita, esperando o momento oportuno de agir. Antes mesmo de Reagan dar os sinais de que está possuída, vamos vendo indícios da presença do mal em aparições rápidas do rosto do demônio, nos movimentos da cama de Reagan e na atmosfera densa que permeia toda a história, dizendo-nos que algo muito ruim está para acontecer.
Também não podemos deixar de mencionar as interpretações de Max Von Sydom, soberbo como o experiente exorcista; Ellen Burstyn como a preocupada e apavorada mãe de Reagan e de Linda Blair como a menina inocente cujo corpo é impiedosamente possuído. É realmente chocante ver a transformação de uma menina, cujo rosto se transfigura no de um ser repulsivo que fala com voz aterrorizante e tem atitudes asquerosas e violentas.
O filme também nos mostra que o mal não é apenas traiçoeiro e violento. Ele é manipulador, sarcástico e sempre mentiroso, já que o demônio engana Reagan se fazendo passar por Capitão Howdy quando ela joga o tabuleiro ouija, tenta provocar os padres mostrando que conhece seus segredos e faz piadas nojentas de cunho sexual.
Um problema comum nos filmes de terror é o exagero, que faz com que certas cenas sejam apenas nojentas e desnecessárias, cansando o espectador. Em O Exorcista, a cena do vômito no rosto do padre não é exagerada ou desnecessária, fazendo parte do contexto e se mostrando elemento fundamental para mostrar do que o demônio é capaz quando se tenta confrontá-lo diretamente.
Enfim, muito já foi dito e ainda será sobre este filme que marcou indelevelmente nossa memória e ao qual não cansamos de assistir quando queremos ter bons sustos.