Blue drop 9: Lagenaria Siceraria: A peça da Michi

BLUE DROP 9 LAGENARIA SICERARIA: A PEÇA DA MICHI
Miguel Carqueija


A pequena escritora Michiko, após a crise de criatividade que a inibira, consegue finalmente a inspiração para criar a peça teatral encomendada pela professora Yuuko, e após ser insistentemente solicitada por Mari, resolve finalmente resumi-la para a turma. Enquanto isso, na nave Blue, Tsubael ordena ao computador da nave que revela a Azanael os últimos momentos de Ozomil antes da catástrofe que a vitimou e a mais 200 arumes, quando da queda da espaçonave na Terra. Os acontecimentos vão pouco a pouco convergindo para a dramática situação que se avizinha.


Resenha do episódio 9 - Lagenaria Siceraria — do seriado japonês de animação “Blue drop” (A gota azul) (Tenshitashi no gikyoko), do estúdio Asashi Production (2007) com direção de Masahiko Koohkura. Criação original em mangá de Akihito Yoshitomi.

“Ficará tudo bem”
(Kouzuki Michiko)

“De algum modo Joana, que quase perdera a esperança, outra vez encontra algo importante o bastante para proteger, mesmo que isso custe a sua própria vida.”
(Kouzuki Michiko ao resumir a sua peça teatral para a turma e a professora, sem desconfiar do paralelo com Hagino e Mari)

“Desde que encontramos aquela horime, ela tem sido capaz de sorrir naturalmente.”
(a imediata Tsubael, falando do relacionamento entre a Comandante Ekaryl (Senkouji Hagino em sua identidade terrestre) e a menina da Terra (horime na linguagem das arumes) Wakatake Mari)

“Em nosso planeta só há seres semelhantes às fêmeas da Terra. Mesmo assim, ainda podemos manter as nossas gerações. Mas sabemos muito bem que, se continuarmos assim, estaremos a caminho da extinção. Por isso viemos a esse planeta.”
(Senkouji Hagino para Wakatake Mari)

É uma pena que o mangá “Blue drop” até hoje não tenha sido editado no Brasil, até porque nele com certeza existem informações não passadas para o animê. Isso porque só uma parte da história – a saga de Hagino e Mari, símbolo da concórdia e da amizade entre povos diferentes – foi contada no desenho animado.
Nas revelações do capítulo 9 podemos entender um pouco mais das motivações das Arumes, um povo feminino que vem das profundezas do espaço com o plano de invadir e dominar a Terra e cujo corpo avançado, chefiado pela Comandante Shibariel (mulher fria, cruel e calculista), apenas aguarda a chegada de reforços.
Como os homens de algum modo se extinguiram (quase certamente por alguma doença genética), elas se reproduzem por clonagem e são verdadeiras amazonas do espaço. Portanto, seu plano de escravizar a humanidade terrestre devia incluir (o que se deduz das palavras acima citadas, de Ekaryl/Hagino) a utilização dos nossos “machos” para tentar restaurar a reprodução normal na espécie.
Todavia Ekaryl, que se disfarça entre os terrestres e divide seu tempo entre a nave Blue oculta no mar (a tecnologia arume torna suas naves indetectáveis pelo radar) e a Academia Kalhou, esmagada pelo remorso, pela sensação de culpa pelo desastre de cinco anos atrás, que vitimou duzentas arumes e mais de oitocentos “horimes” (terrestres), agora tem algo que lhe restaurou o gosto pela vida: a menina Mari, a quem ela salvou no passado e reencontrou no colégio, e que com sua alegria e inocência passou a ser para Ekaryl, o “algo” importante para proteger, alguém por quem lutar... mesmo que lhe custe a vida, como a personagem da peça de Michi.
E para proteger Mari, será preciso proteger a raça à qual Mari pertence: a humanidade terrestre.


Rio de Janeiro, 1° de junho de 2015.


imagem da série: a cena em que Ekaryl (Hagino) nada para salvar Mari, que se afogava no mar.