O tema é construído na tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina, onde habitavam várias tribos indígenas que eram objeto da exploração pelos colonizadores que os utilizavam como mão de obra escrava. A trama se desenvolve entre o trabalho dos Jesuítas na educação e cristianização dos povos indígenas naquela região que foi palco de intrigas e disputas pelas coroas de Espanha e Portugal, tendo envolvido também o papado. O protagonista do drama é um violento explorador e mercador de escravos (Rodrigo), brilhantemente interpretado pelo ator Robert de Niro que termina por se envolver com os padres Jesuítas, tendo Jeremy Irons interpretando o Padre Gabriel. Rodrigo após matar seu irmão por motivação passional e com uma crise de consciência decide seguir os missionários na tarefa de cristianizar os indígenas, para com isso se redimir do seu crime e passa uma parte do filme carregando um pesado fardo como penitência pelo remorso de seu ato criminoso contra o próprio irmão, e por várias vezes se vê arrastado pela força da natureza hostil das selvas por onde segue a missão da qual fará parte até morrer lutando pelos indígenas que antes os caçava e vendia como escravos. Já totalmente envolvido com a causa dos missionários Jesuítas, Rodrigo é obrigado a lutar contra sua natureza violenta e ter de ceder ao conselho de Gabriel que o faz desistir do uso da força quando da intransigência das Coroas Ibéricas e do próprio Clero Romano que de certa forma se unem para obstruir os trabalhos dos Jesuítas nos quais enxergavam algum perigo para seus projetos de colonização.
   O filme mostra com alguma fidelidade aos fatos históricos o difícil momento em que os Jesuítas enfrentam a cólera dos europeus que após várias tentativas de dissuadi-los de sua obra, são expulsos daquela região e inicia-se então uma sangrenta batalha entre os indígenas já educados na religião cristã contra as tropas europeias. As cenas finais do drama mostram os índios e os padres sendo massacrados pelos europeus e suas aldeias destruídas.
    O filme tem um início elegante, onde o autor da obra busca, na narrativa do representante da Igreja que dita uma carta, descrever a impressionante geografia do lugar, sua força e sua indiferença quanto ao homem e as suas ações no mundo. Na narrativa do locutor o autor do filme se prende ao fato de estar o homem subordinado à Natureza do que propriamente esta ao homem. Descreve também, em sua carta, o trabalho realizado pelos jesuítas e a facilidade com que estes conseguiram agrupar os indígenas em torno da crença no Cristianismo e posteriormente sua dizimação devido a sua natureza contrária aos objetivos de colonização. A obra, além de desejar salientar os fatos históricos que se apresentam de maneira inequívoca, objetiva seduzir o espectador mostrando algumas formas de interdependência como exemplo; a força da Natureza que não faz distinção entre bons e maus, a tirania das Instituições e a impotência das minorias ante seu poder e a ação da consciência a qual o indivíduo está sujeito e também a consciência quanto a ação e força da Natureza e seus elementos sobre si mesmo. A estética do filme parece obedecer uma sequência lógica que engloba, nas mesmas tomadas de cenas e fotografia a história natural e seus fatos indeléveis, a luta do homem em seus mais diferentes estágios de consciência, primitiva moral e ética, que batalham pela própria sobrevivência em um ambiente hostil e ao mesmo tempo paradisíaco, e a legitimação de como o homem se encontra contextualizado no espaço tempo e de como está subordinado por fatores determinantes como as construções, tradições e instintos primitivos de sobrevivência.
Mari S Alexandre
Enviado por Mari S Alexandre em 20/04/2015
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