Não quero acreditar quero saber
“Não quero acreditar quero saber”
Realmente queremos saber ou acreditar? Carl Sagan em seu leito de morte rejeitou a crença em Deus em um dos piores momentos de sua vida. Sua esposa questionada na época sobre a crença e o ateísmo de Sangan respondeu: “Carl nunca quis acreditar, ele quis saber”.
O pragmatismo de fazer com que a sociedade creia é mais simplório que fazer com que ela realmente saiba.Ducrot (1987) afirma que o subentendido e o pressuposto se mesclam quando há a interação do interlocutor, ou seja, quando a fala passa a não ser mais retórica. Em que, um enunciado da margem a outras conclusões, dependendo do que é Pressuposto que ficou Subentendido.
Em tempos que o excesso de informação ou a falta dela, das relações rasas, da busca da visibilidade faz com que mais pessoas subentendam os “Postos” da forma que lhe convêm ou da maneira que o sistema quer que entendam? Ou será que esses “Postos” tem a intenção de desenvolverem pensamentos que dão margem ao subentendido? Fica difícil saber na verdade quem disse o dito verdadeiro. Ou seja, quem está falando a verdade? Quem vive a verdade?A verdade existe? O que fica subentendido é realmente fruto da percepção do outro ou somente informações inseridas pelo sistema para que se manobre com maior facilidade ?
No filme “A casa do lago”, por exemplo, é interessante perceber que o pressuposto e o subentendido interagem no sentindo de que o que é posto fica subentendido. Devido a questão temporal, por exemplo, em que a trama confunde o interlocutor a todo momento.
Para o interlocutor, fica confuso concluir se Alex está morto no tempo de Kate. Pois há interação dos personagens por meio de cartas que pressupõe serem do “mesmo tempo”. Assim, criam-se vários questionamentos acerca do que está “Posto” muita das vezes da margem para subentende-se de uma forma totalmente diferente. No entanto Ducrot diz mais: “Haveria pressuposições subentendidas, como há pedidos subentendidos.”
“A casa do Lago” é a configuração daquilo que “o que parece ser pode não ser”. A cadelinha Jack, por exemplo, está nos dois tempos? Ou são duas cadelinhas diferentes? Pergunta que o telespectador se faz a trama inteira a qual no final subentende-se que se trata da mesma cadelinha. Acabamos migrando para a ideia do subentendido de ser só um animal , por que o filme nos dá pistas para que isso venha a ser concluído. Esse enredo tem a intenção de confundir o telespectador ou faze-lo pensar? Será isso o mal que emana da nossa sociedade? O não pensar? Ou o não incentivo do mesmo? Todavia, há no filme a deixa para quem o assiste de tomar algumas conclusões acerca do caminho que cada personagem teve.
Contudo, em nossas relações existem pistas para que cada ser humano subentenda como se conduzir perante a sociedade? Será que tudo esta Posto demais ou de menos? Ou realmente há o interesse de nos vetarem a verdade para sermos de melhor maneira manipulados? Somos inteiramente culpados por deixarmos nos levar por protótipos criados pelo sistema? Ou na verdade temos a dificuldade de conceituar seres no mundo? Carl Sagan teria sido muito exigente por querer saber demais, ou Pratico por não acreditar?