O Destino de Júpiter
Há escritores cuja obra prima é o seu 5º, 9º, 14º livro. Há compositores que possuem uma única canção de sucesso, assim poderiam ser os diretores. Não diria exatamente isso dos irmãos Wachowski embora reconheça a distância que o seu grande filme tem dos que se seguiram. Na verdade a coerência, originalidade e inventividade de Matrix criaram uma expectativa certamente além do que essa fonte ainda poderia dar. Para ser um pouco mais generoso com os brothers tive que buscar as referências nas quais eles parecem ter se inspirado: a teoria (que tantos já se inspiraram) de que viemos do cruzamento de ET’s com o homem primitivo; (vale observar que várias das linhagens de ET’s estão presentes no filme – de reptilianos alados a criaturas semelhantes aos neo-greys de “Fogo no Céu” e da série “Taken”) a de que o filme amealha visuais um pouco menos leves do que os Star Wars; o desafio de fazer efeitos 3D melhores do que Avatar, além, claro, dos seus próprios filmes, cujo traço comum é a excelência fotográfica aliada ao esmero de enquadramentos “Kubriquianos”. Quem considerar esses motivos suficientes para ir ver O Destino de Júpiter, então que vá sem medo, isso haverá. A parte da “câmera na mão e ideia na cabeça” ficará para outra ocasião. O roteiro é fraco e... Sabe mesmo? Melhor levar a sério o visual (tirando a cafonice gótico-estelar-babaca). Bem, se até os anos noventa conseguíamos nos deslumbrar com as fantasias de carnaval categoria luxo, por que não fazê-lo com o destino dos milhões gastos pelo estúdio?