Filme "A hora e a vez de Augusto Matraga"

A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA. Direção e Roteiro: Roberto Santos. Produção: Luiz Carlos Barreto. [S.I.]: Cinemoteca Brasileira, 1965.

Esse filme foi baseado na última novela da Obra Sagarana de João Guimarães Rosa. Foi vencedor do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro em 1966.

O filme conta o drama do violento fazendeiro denominado Augusto Matraga: espancava os colonos, estuprava as filhas deles, tratava mal sua família, ou seja, não respeitava a ninguém. Foi traído pela esposa, sofreu uma emboscada armada pelos seus inimigos que o espancaram até a morte, depois, jogaram-no de um penhasco. Foi tido como morto, mas achado por um casal de religiosos, aos poucos se recuperou. Converteu-se ao cristianismo e passou a viver uma vida de penitência através do trabalho, a fim de se redimir dos erros do passado. Ele dizia: “Vou entrar no céu nem que seja a porrete”. Ele esperava sua hora e sua vez. Em uma ocasião, recebeu Joãozinho Bem-Bem e seu bando no sítio em que vivia com os velhos. O homem tinha o mesmo caráter dele antes da conversão, por isso Augusto se encantou e o tratou muito bem, havia algo de comum entre eles que perturbava Augusto, fazendo com que ele ficasse dividido entre a vida anterior e a atual. Os jagunços foram para a cidade depois de algum tempo e lá atormentavam e usavam de violência entre colonos e o padre. Augusto entendera que deveria partir, passou pela cidade e percebeu colonos e o padre estava encurralado na igreja pelo bando de Joãozinho. Compreendeu então que havia chegado sua hora e sua vez, era o momento que Deus havia preparado para ele. De súbito matou todos os jagunços, dizendo: “Eta gostosura de vida”. Por fim lutou com Joãozinho Bem-Bem até a morte, salvando a cidade. Ele foi reverenciado por todos pelo ato.

É interessante como Guimarães Rosa utiliza a figura de um protagonista que é levado pelos seus inimigos como se fosse um cristo, quase morre e se recupera em um ambiente tal qual um presépio, como se estivesse renascendo para uma nova vida. Contudo, apesar da transformação, ele era violento por natureza e no final essa violência é justificada pelo ato benéfico em relação aos colonos e o religioso. Assim, morrendo para esse fim, ele sente-se absolvido dos pecados, pois cumpriu com sua missão, submetendo-se a sua hora e a sua vez.

Indico esse filme a todos aqueles que apreciam um bom filme clássico oriundo da literatura brasileira.

Resenhado por Menezeslf

LeandroFreitasMenezes
Enviado por LeandroFreitasMenezes em 02/01/2015
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