MERA COINCIDÊNCIA
O filme “Mera Coincidência” (EUA, 1997) permite-nos o acesso a uma especial situação de crise. Nele, podemos observar como a assessoria de imprensa de um suposto presidente norte-americano consegue driblar o desconforto causado por um escândalo sexual envolvendo a própria Presidência daquele país. É importante ressaltar que a obra em questão é uma ficção cinematográfica; qualquer semelhança com fatos históricos – como a acusação de assédio sexual praticado por Bill Clinton contra uma funcionária do governo americano – é mera semelhança. Ou será que não?
Para alcançar seus objetivos, os assessores do determinado presidente fazem um meticuloso planejamento: um verdadeiro “esquema” antiético, baseado em mentiras e fantasias, como até o caso da invenção de uma guerra contra certo país não muito amigável dos EUA – Albânia. Tudo isto a fim de desviar a atenção da população sobre o comportamento negativo do presidente e resguardar a imagem dele às vésperas de uma possível reeleição.
Desta forma, contrata-se os serviços de um importante produtor de cinema americano que procura mobilizar a atenção da população, direcionando o foco para outros assuntos, favoráveis ao presidente. Em meio a uma série de conflitos e situações desastrosas, mesmo seguindo uma estratégia bem elaborada, tal produtor e sua equipe conseguem, por fim, preservar a reputação do homem mais poderoso do mundo e mais, melhorar a imagem do político.
Percebe-se, portanto, através deste filme, o quanto a imagem de um homem público ou de uma instituição como a Presidência da República é importante e precisa ser construída positivamente. Mesmo que para isto seja necessário falta de ética, uso de mentiras, e da máquina pública para financiar todo esse processo. Observa-se ainda, como a opinião pública e a mídia podem ser manipuladas e, esta última, por sua vez, sustentar um verdadeiro simulacro diante da realidade.