Workshop Crítica de Cinema com Marcus Mello
Workshop Crítica de Cinema - com Marcus Mello
Cena UM - CineBancários - Porto Alegre/RS
"Escrever é difícil." - "Escrever bem é difícil." - "Escrever mal é fácil."
"Toda crítica é uma forma de autobiografia."
"Crítico" = "Quem coloca em crise"
"A crítica nasce para o diálogo e para a didática."
Resenha-crítica-padrão (3 a 4 mil caracteres) combina informação (objetiva) e avaliação (subjetiva) argumentada criteriosamente, justificando juízos de valor com base no texto fílmico. A base da crítica é o Texto Fílmico, aquilo que foi conscientemente colocado no filme, e não nada extra-filme!
É preciso estar minimamente instrumentalizado! Ter uma erudição acima da média (sobre cinema), para não se tornar um mero "opiniólogo" que ninguém respeita. Criar um diálogo entre o crítico e o cinéfilo, e entre o crítico e o cineasta. Conhecer os clássicos (exemplo: Cidadão Kane revolucionário da expressão artística) e reconhecer os diálogos com eles (exemplo: Plano de Voo & A Dama Oculta; Cópia Fiel & Viagem à Itália). Se falta Repertório ao crítico, a crítica falha, não dá conta, de questões centrais ao filme analisado. Ver o cinema como uma forma artística de expressar as inquietações de um artista, o cineasta.
Tema de Casa - 21/07/2014:
- Mulholland Drive, David Lynch
- Má Educação, Pedro Almodóvar
- Bendito Fruto, Sérgio Goldenberg
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"Crítica é um trabalho que envolve diálogo e didática." - cooperação para promover a qualidade
Pré-requisitos para um crítico de cinema minimamente respeitável e interessante:
* ser cinéfilo!
- ver de tudo! ter um repertório! ler muito sobre cinema! desenvolver uma erudição sobre cinema!
* ter domínio do idioma! ("talento + esforço")
- saber fazer a construção da argumentação - saber demonstrar que o filme atinge (ou não atinge) os objetivos a que se propõe
- ler muito (no próprio idioma)
- praticar, escrever frequentemente
- "ler meia hora por dia de grande literatura brasileira" (para ser um crítico literário)
- dica para comprar livro: abri-lo em qualquer página e ler um parágrafo aleatório - se não reconhecer qualidade, não comprar
* ter curiosidade intelectual - sempre!
- procurar conhecer os filmes, mesmo que pareçam ruins, chatos
* não recusar os filmes difíceis, desafiantes, crípticos, causadores de desconforto ("não entendi")
- combater a "ditadura do gosto médio", a cultura da facilidade, o pensamento dos "comedores de pipoca", a infantilização do espectador, a cultura da busca pelo entendimento imediatista ("mastigado"), o lixo comercial generalizado
- "o espaço para a qualidade (roteiristas, atores, diretores) migrou para as séries de tevê" (EUA)
- videoclipes adotam muito os recursos e procedimentos do cinema experimental :}
* não ter preconceitos contra gêneros, origens, nada
- estar aberto a assistir a qualquer proposta fílmica
* não confundir público/multidão com espectador/indivíduo, que é único em sua sensibilidade
* levar em conta as condições históricas e culturais em que o filme é produzido - referências e dificuldades
- por exemplo, filme produzido em Porto Alegre acaba tendo referências nos do Teixeirinha - conhecer e comparar
* independência intelectual
- ser livre de compadrios, corrupção, influências, modismos (itens fora do filme)
* escrever com clareza e com objetividade
- ser um facilitador, sem rebuscamentos de linguagem, sem conceitos complexos (ou explicando-os), para atingir o espectadores, sem exclui-los, sem pedantismo
Raymond Bellour bolou um método objetivo (e não apenas impressionista) para análise de filmes, tendo como Unidade de Análise o Plano (a unidade do texto fílmico, assim como a unidade do texto literário é a Palavra), e não nada extra-filme!
- ver mais de uma vez o filme a ser criticado, pois na primeira vez que assistimos, nos deixamos levar pela narrativa
Exemplo de como se aproximar de um filme, com abordagem respeitosa, mostrando a arquitetura da crítica de cinema:
- Texto "Ética dos Afetos" (sobre o filme "Bendito Fruto")
- não é um filme "cabeça", é popular, trabalha com a linguagem da telenovela (diversão)
- Análise de cada parágrafo do texto: contextualização, chave para o enredo, destaque do diferencial, comentário sobre elementos (atuações, direção de arte, "virada" de uma personagem, cenas marcantes)
28.07.2014
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"A Bela Junie" (Christophe Honore) é um exemplo de filme francês que faz uma atualização baseada no livro "A Princesa de Cleves", criticado por figuras políticas atuais.
* Conhecer os fatos extra-filme, notícias, política, para identificar possíveis "diálogos" e "objetivos" do texto fílmico
* Separar os elementos extra-fílmicos (comerciais, mais-do-mesmo, etc.) dos elementos da obra de arte (escolhas estética, a arte, as sensações e ideias provocadas, o chocante).
* Não cobrar de um filme o que ele NÃO QUER ser! Focar-se no objetivo do filme dado no texto fílmico!
Críticas de JacobKoutzii, de 1936, as primeiras do RS, eram muito ingênuas, bem impressionistas, "presas" aos adjetivos, sem método, não analisava a estrutura narrativa, os planos, o texto fílmico.
Documentário-Curta "Todos os filmes estão vivos", com Enéias de Souza, crítico gaúcho muito importante, fala sobre o trabalho do crítico.
* Entender a gramática da linguagem do cinema para entender o texto fílmico. Dar atenção aos elementos estéticos presentes no plano (direção, gestos, olhares, atores, focos, profundidades, cortes, movimentos, luzes, ...) utilizados para narrar a história.
* Identificar a estética e o pensamento expressos/transmitidos no texto fílmico (sensibilidade & intelectualidade).
Recordes brasileiros (Dona Flor X Capitão Nascimento) parecem mostrar uma mudança do Liberal para o Conservador entre a classe média. O gosto da classe média parece tender para o "Bastantão Miami/NewYork" refletido em "Até que a sorte os separe 2" e "De pernas pro ar 2"...
O cinema brasileiro está vivendo um momento muito bom, pela DIVERSIDADE permitida pelas políticas de incentivo$ (FSA, etc.).
Análise do texto "Los Angeles mon amour", crítica do filme "Mulholland Dr." (David Lynch), feita pelo prof. Marcus Mello. :-)