ARGO
Nota do Site: 4/ 5
Em 04/11/1979 enquanto se consolidava no poder do Irã o aiatolá Khomeini, bem como ele e seus colaboradores reinvindicavam o retorno do Xá deposto (resgatado pelo governo americano), os revolucionários iranianos, num ataque direto à Embaixada Americana, fizeram como reféns soldados americanos e funcionários da Embaixada ali encontrados. No processo, enquanto atacavam a embaixada, seis outros funcionários conseguiram fugir e se abrigar na Embaixada Canadense, criando assim uma expectativa de que pudessem ser reconhecidos e pegos a qualquer momento.
Enquanto isso, nos EUA, enquanto a CIA considera a possibilidade de “extrair” esses indivíduos enclausurados na Embaixada Canadense, e se reúnem para deliberar sobre a melhor estratégia de extração, Tony Mendez (Ben Affleck) especialista neste tipo de atividade, depois de rebater todas as outras ideias, propõe fazer estes indivíduos se passarem por uma equipe de filmagem canadense em busca de locações no Irã para um filme B de ficção científica. Tendo apoio do chefe da segurança nacional Jack O’ Donell (Bryan Cranston) e alguns figurões da CIA, Mendez dá início ao seu plano entrando em contato com o diretor de maquiagem John Chambers (John Goodman) e o decadente diretor Lester Siegel (Alan Arkin) a fim de criarem uma farsa com certo grau de verossimilhança, envolvendo propagandas, seleção de elenco, um lugar para servir como escritório para a produção e, claro, um roteiro para o filme.
Escolhido o roteiro (Argo, aliás), Mendez inicia seu plano infiltrando-se em solo iraniano e articulando-se junto ao Ministério da Cultura local que, após aprovação do falso roteiro, possibilita-o mobilizar e treinar sua “equipe” para que nenhum aspecto do plano saia errado. Além disso, a gradual desconfiando da empregada do embaixador canadense naqueles anfitriões que nunca vão embora é outro elemento de preocupação acerca da verdadeira identidades deles.
Mantendo a câmera na mão e concebendo planos trepidantes e nervosos na maior parte do tempo, Affleck mostra-se cada vez mais seguro como diretor (aliás, desde o ótimo Medo da Verdade) e, junto ao diretor de fotografia Rodrigo Prieto, estabelece um tom que sugere uma inquietação crescente que nunca nos deixa seguros sobre a ação em tela. Além disso, a ótima trilha sonora de Alexandre Desplat também evoca eficazmente essa inquietação ao mesclar temas econômicos, quase diegéticos, com outros mais evocativos, sem parecer artificial ou inorgânico.
Além disso, a montagem frenética do filme, que mesmo sacrificando a verossimilhança em momentos pontuais (vide o terceiro ato, quando certos “impedimentos” só acontecem para que Affleck crie um suspensezinho típico de um blockbuster) consegue articular os vários núcleos narrativos de forma satisfatória, sobretudo aqueles que mostram os preparativos de Mendez para a extração dos fugitivos. Além disso, aqueles momentos onde, enquanto ensaiam o elenco falso do filme, vemos paralelamente os “revolucionários” torturarem psicologicamente os prisioneiros da embaixada americana, funcionam devido à correta ideia de urgência que passa. E o fato do roteiro de Chris Terrio ignorar completamente os reféns da embaixada americana a partir do segundo ato é um ponto negativo ao filme, já que alguns minutos ali só beneficiariam o filme.
Trazendo um elenco competente, a começar por Affleck e sua composição intimista que exala autoridade a partir de suas falas carregadas de confiança, passando por Bryan Cranston cuja composição consegue fugir do irritante clichê do chefe que parece estar sempre do contra. Enquanto isso, Alan Arkin e John Goodman adotam respectivamente ares bonachões que funcionam graças à persona cinematográfica de cada um deles.
Finalizando satisfatoriamente seu longa, Ben Affleck mais uma vez se sai bem em seus esforços como diretor. E não é à toa que ele vem ganhando vários prêmios subjacentes ao Oscar, o que mostra o amadurecimento deste admirável artista que parece ter encontrado a função ideal e que se contrapunha diretamente à imagem de ator de “filmes adocicados” construída ao longo da carreira. Resta saber como serão seus próximos esforços!
Além disso, a montagem frenética do filme, que mesmo sacrificando a verossimilhança em momentos pontuais (vide o terceiro ato, quando certos “impedimentos” só acontecem para que Affleck crie um suspensezinho típico de um blockbuster) consegue articular os vários núcleos narrativos de forma satisfatória, sobretudo aqueles que mostram os preparativos de Mendez para a extração dos fugitivos. Além disso, aqueles momentos onde, enquanto ensaiam o elenco falso do filme, vemos paralelamente os “revolucionários” torturarem psicologicamente os prisioneiros da embaixada americana, funcionam devido à correta ideia de urgência que passa. E o fato do roteiro de Chris Terrio ignorar completamente os reféns da embaixada americana a partir do segundo ato é um ponto negativo ao filme, já que alguns minutos ali só beneficiariam o filme.
Trazendo um elenco competente, a começar por Affleck e sua composição intimista que exala autoridade a partir de suas falas carregadas de confiança, passando por Bryan Cranston cuja composição consegue fugir do irritante clichê do chefe que parece estar sempre do contra. Enquanto isso, Alan Arkin e John Goodman adotam respectivamente ares bonachões que funcionam graças à persona cinematográfica de cada um deles.
Finalizando satisfatoriamente seu longa, Ben Affleck mais uma vez se sai bem em seus esforços como diretor. E não é à toa que ele vem ganhando vários prêmios subjacentes ao Oscar, o que mostra o amadurecimento deste admirável artista que parece ter encontrado a função ideal e que se contrapunha diretamente à imagem de ator de “filmes adocicados” construída ao longo da carreira. Resta saber como serão seus próximos esforços!