As visões de Escaflowne

A TRISTE HEROÍNA DE “VISÕES DE ESCAFLOWNE”

Miguel Carqueija


Na década de 90, “As visões de Escaflowne” (Tenkú no Esukafurone), com sua melancólica protagonista Hitomi Kanzaki, chegou a ser uma das mais populares séries japonesas em animação e mangá. Representa uma mescla de ficção cientifica e alta fantasia, com o fenômeno de teleporte ou arrebatamento de um mundo para o outro, como sucede em “Guerreiras mágicas de Rayearth”.
Gaea é um mundo situado em algum ponto mágico do espaço. De onde se avistam a Terra e a Lua. A Terra, porém, é conhecida como a “Lua Mística”. Hitomi é uma colegial, uma adolescente não muito bonita e talvez com uns quinze anos, de acentuada tendência à melancolia e muita sensibilidade. Em seu mundo sente-se apaixonada por um dos professores, Amano. Um dia, entretanto, um fenômeno inexplicável a envia para Gaea, onde conhecerá muita gente e se tornará, graças aos seus poderes de vidência, uma pessoa muito importante. Seu coração oscilará entre dois príncipes guerreiros: Allen e Van. Este é o príncipe herdeiro do destruído reino de Fanelia, obrigado a fugir para salvar a própria vida e organizar resistência contra o Império Zaibach. Acompanhados por uma garota-gata apaixonada por Van, Merle, acabam sendo auxiliados por outro cavaleiro-príncipe, Allen Schezar de Astúria.
Van dispõe de uma arma muito especial: um “guymelef” (mecha, ou robô gigante de combate, forma larval de vida que deve ser pilotada por um dono) chamado Escaflowne, que pode assumir a forma de um dragão voador (porém metálico).
Hitomi, com seus poderes clarividentes amplificados em Gaea, tem com frequência a visão do perigo, o que lhe permite antecipar as ações dos adversários, além de enxergar inimigos invisíveis. As suas qualidades atraem o ódio de Dilandau, um histérico vilão de Zaibach, indignado contra “aquela pirralha da Lua Mística”.
Uma coisa que chama a atenção nesses animes é a entonação que os personagens dão às suas palavras, transmitindo sentimentos intensos por vezes só com a pronúncia de um nome monossilábico. É assim quando Hitomi pronuncia o nome “Van”, quase em sussurro. Essa expressividade, que dá conta do talento dos dubladores japoneses, permeia este seriado.
Hitomi é meiga, humilde e singela, e algo melancólica. Afastada de seu mundo, divide-se entre as novas afeições e a saudade do que ficou para trás. Com sua humildade e sentimentos delicados, assim mesmo ela se torna por demais importante e respeitada; e sua candura e seu altruísmo terão grande influência no desenrolar da trama.
O mangá, de Katsu Aki, ocupou oito volumes saídos entre 1994 e 1997, mais dois em outra versão, em 96/97, de Yuzuru Yashiro, e um novo volume em 2007, com vários autores (todos pela editora Kadokawa Shoten). Há seis volumes de novelas assinadas por Yumiko Tsukamoto, Hajime Yatate e Shoji Kawamori, pela mesma editora (96/97); e 26 episódios de animação (1996) do Estúdio Sunrise, dirigidos por Kazuki Akane, além de um desenho de longa-metragem.

Rio de Janeiro, 26 de maio a 24 de julho de 2012.

imagem do seriado (Hitomi e Escaflowne)


Leia "O estigma do feiticeiro negro" de Miguel Carqueija e Melanie Evarino, romance de fantasia lançado pela Editora Ornitorrinco (seis resenhas favoráveis na internet)