Resenha literária – ( Base no: Curta metragem, o Filme-Desenho, 
"O Sorriso do Peixinho" )


Os contos de encantamento tem o poder de operar milagres.
( ///@//ro ///@rti//s S@//tos )


“O SORRISO DO PEIXINHO” - de C. Jay Shih, Alan I. Tuan e Poliang Lin, com música de Chien-ci é um curta de Taiwan baseado em uma história infantil sobre um peixinho sorridente e um senhor solitário, de Jimmy Liao.
Ganhador do Urso de Ouro do Festival de Berlim 2007; mas dele (o curta) só tive conhecimento agora. Assisti ao vídeo, fiquei encantado, e me veio o desejo de fazer esta resenha literária, para poder dividir, o encantamento, com os leitores: 

        Um homem que vive de forma solitária e tristonha, tem que passar todos os dias em frente a uma loja que vende peixinhos ornamentais. A loja, como vitrina, tem um grande aquário o qual expõe os belos e coloridos peixinhos aos passantes.
        Este homem solitário - querendo uma companhia ainda que minúscula - acaba sendo  atraído pelo seu futuro amiguinho. Apesar de não ser nada colorido, o peixinho ao vê-lo, deixava todos os mais bonitos para trás e chegando ao vidro encostava o focinho, como querendo beijá-lo.
       Capturado emocionalmente pelo pequeno peixe, vem a comprá-lo, quando dá-se então um fato surpreendente, essa companhia o liberta do tédio e da amargura, levando-o às lembranças mais longínquas de suas reminiscências da infância. E se faz feliz!
       Certa noite é acordado por uma estranha luminosidade em seu quarto e os móveis, livros, levitam. Estão todos a voar pelo recinto. Em luminoso destaque estava o aquário com seu Netuninho. Tudo está fosforescente, em cores vibrantes verdes iridiscentes, bem luminosas a ponto de iluminar todo o caminho por onde o aquário passava, saindo para fora.
       Esta visão de efeitos misteriosos e surpreendentes, não o assusta como se já estivesse inserido ao encanto. Vai para fora seguindo o amiguinho marítimo, a andar pelas ruas, guiado por aquela forte e nova sensação luminosa pela qual é irresistivelmente atraído. As ruas da cidade estão soturnas, vazias, escuras e sonolentas. A cidade dorme.
       Seguindo a luz iridiscente do aquário de Netuninho, vai terminar sua caminhada em um parque, que a tudo indica ser o mesmo onde em sua infância praticava as traquinagens e brincadeiras de uma vida livre e feliz. Surgem amiguinhos por detrás das árvores, se juntam, fazem roda e cantam.
       Todo sonho - de todos nós - e do homem: (sonho?); não era diferente, as cenas correm rapidamente e uma pula para outra e de repente... pronto! Já se encontra frente ao mar! O Netuninho, flutuando à sua espera para levá-lo ao "Reino Abissal". Despe-se rápido, fica nu como criança, ambos pulam ao mar. O amigo do peixinho já de meia idade se vê jovem e ágil, nadando em meio a cardumes coloridos dos mais variados matizes. Ele aproveita e passa a nadar numa leveza jamais sentida. Nada, nada... e ... de repente o oceano se esvai...!         Desaparece daquilo que seria um sonho.
        De forma inacreditável para ele, vai encontrar-se dentro do aquário do seu peixinho. Lá para fora de sua casa, todos os peixes do mar estão a observá-lo em exposição dentro do aquário. O homem observa impassível. Seria (dúvida...) um pesadelo? Um doce sonho do tipo infantil, trazido pelas reminiscências da infância, onde tivera seu peixinho de estimação? Ou tudo seria possível e acontecera em algum plano paralelo, de forma que o passado introduziu parte de sua circunferência no presente e o sítio dos acontecimentos seria a intercepção?
       Reafaz-se do torpor, tudo volta como antes!
       Senta-se em frente ao seu amiguinho aquático conversa com ele, e como em uma viagem longa e pairando nas maiores alturas, voa à infância divagando longamente. Combina com Netuninho em devolvê-lo ao mar.
       Acontece então uma maravilhosa mágica e encantadora relação de amor e reconhecimento entre dois seres tão díspares. Digna de ser vista, e mesmo por não ser de todo possível descrevê-la aqui...dada sua profunda subjetividade.
      
      O dia amanhece para o homem com um novo sol mais brilhante. A alma e o seu coração até então amargos e solitários, sem perspectivas, se libertam,  para sairem às ruas e ele dança sozinho no parque.
      Está livre e feliz para olhar os repuxos cheios de carpas, o vento nos bambuzais que se envergam temerariamente como se fossem quebrar, mas voltam ao que eram como a si próprio!         Pode então, aquele que era um homem solitário, comemorar de perto e ao longe as belezas da vida e seus descortinados horizontes.

  

“A Fish with a smile”  
( Um peixe com um sorriso )  


Poema

 
 Ama, obceca, apaixona
Sê feliz, faz feliz
Mas apercebe-te.
Apercebe-te de que podes ser diferente.
Diferenças essas que te podem guiar à felicidade.
Faz recordar, faz viver.
Que te podem prender.
Caminha Caminhando
Ama Amando
Prende, liberta Coabita!
Porque há lugar para todos nós Terra ou Mar
E quem tem o poder da razão,
Pode não compreender,
Mas pode fazer; tentar fazer felizes aqueles que não têm.
Ama, obceca, apaixona
Sê feliz, faz feliz. 


*Tradução de poema complemento, de: “A Fish with smile”
Mauro Martins Santos
Enviado por Mauro Martins Santos em 11/12/2013
Reeditado em 16/12/2013
Código do texto: T4608334
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