RESENHA DO FILME: MAR ADENTRO

Valtivio Vieira

Formação do Autor: Curso Superior em Gestão Pública, pela FATEC – Curitiba – PR; Licenciado em Filosofia, pelo Centro Universitário Claretiano – Curitiba – PR, Licenciado em Ciências Sociais, pela UCB – Universidade Castelo Branco – Rio de Janeiro – RJ, Bacharel em Teologia, Pós-Graduado em Ciências Humanas e suas Tecnologias; Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal; Formação de Docentes e Orientadores Acadêmicos em Educação à Distância; Metodologia do Ensino Religioso e Pós-Graduando em Psicopedagogia Clínica e Institucional ambos pelo Centro Universitário Uninter – Curitiba – PR.

Curitiba - PR

2013

INTRODUÇÃO

O Filme conta à história de Ramón Sampedro, espanhol, que fica 27 anos acamado e a única forma de contato com o mundo é sua janela em seu quarto. O filme é uma história verídica, por estar tanto tempo acamado, ele quer acabar com seu sofrimento e de sua família, ele deseja realizar a eutanásia, recorre às instâncias jurídicas, mas, é rejeitado seu pedido, e pelo exercício de liberdade decide usar outra estratégia para por fim a sua vida.

O Filme é de suma importância para nos aprofundarmos sobre o tema da Eutanásia, para refletirmos e termos um ponto de vista favorável ou contrário a esta prática, pois, o filme propicia grandes momentos de debates, sobre o tema da vida e da morte.

A morte é um acontecimento que cada um deve enfrentar por conta própria; possibilidade de ser constituída pelo fato de o homem atingir seu fim, conferindo-lhe sua totalidade, só pode ser assumida por ele mesmo.

FILME: MAR ADENTRO

O filme começa com Ramón Sampedro, representado pelo ator Javier Bardem, quando jovem nadando em uma praia, quando de repente, em um mergulho bate sua cabeça em uma rocha, e apartir deste acidente fica tetraplégico.

Julia, uma advogada vai ao encontro de Ramón, que está acamado.Julia chega a casa onde está Ramón, e cumprimenta Manuela, que é cunhada de Ramón, pois, é casado com seu irmão José, e tem um filho chamado Xavier. Manuela ajuda diariamente e cuida de Ramón.

Então, Julia entra na residência e observa Ramón deitado em sua cama. Ramón observa Julia e lhe diz: “Desculpe não lhe dar a mão”. Julia lhe responde: “Não se preocupe”. E Ramón lhe mostra seu computador pessoal.

Julia pergunta a Ramón: “porque quer morrer?”. Ramón lhe responde: “ eu quero morrer, porque a vida para mim neste estado não é digna. Viver assim não é digno. A morte sempre esteve com nós e sempre estará, não fique espantada. Andar de cadeira de rodas seria aceitar as migalhas de minha liberdade”.

Ramón sempre quis que colocassem cianureto de potássio, para que bebesse e morresse.

Julia vai conversar com José, irmão de Ramón, sobre o que ele pensava sobre Ramón quer cometer o ato de Eutanásia. José lhe responde: “Eu sei que as idéias são livres, mas, o que ele quer não é certo. Eu e a Manuela e a minha família, queremos sempre o melhor para ele. Então, porque ele quer morrer, eu não ajudo e nem autorizo ninguém a fazer o que Ramón quer”.

O Pai de Ramón leva a advogada Julia, para ver onde Ramón se acidentou e ficou tetraplégico.

Rosa uma radialista, observa Ramón em um programa de televisão mostrando sua real situação de vida, e seu desejo de morrer. E de bicicleta vai à casa de Ramón, lhe fazer uma visita. E tenta convencer Ramón, de que todos temos problemas, e que a vida vale a pena ser vivida.

Ramón não gosta é diz a Rosa: “você veio aqui, para me julgar em minha própria casa, pois, eu também posso lhe julgar, então, pois, você veio aqui me ver porque é uma mulher frustrada e para ter um sentido para a sua vida”. Rosa sai da residência de Ramón chorando. Na Rádio Rosa manda uma música para Ramón e pede desculpa a ele. Julia vai conversar com Ramón, e lhe pergunta: “Como era seu passado?”. Ramón lhe responde: “eu não penso no passado, somente no meu futuro”. E Julia lhe faz outra pergunta: “e qual é o seu futuro?”. Ramón lhe diz: “o meu futuro é a morte, como para você. Você não pensa nela?”. Julia prontamente lhe responde: “Claro que penso, mas eu tento não pensar apenas nela”. No dia 23 de Agosto de 1968, foi que o acidente de Ramón aconteceu.

Julia começa a ler tudo o que Ramón já havia escrito até aquele momento, para usar no processo junto ao juiz local, para realizar o pedido de eutanásia, para a justiça aceitar a morte de Ramón.

Julia passa mal, e também acaba em uma cadeira de rodas, e também começa a apoiar a morte com dignidade, vista e desejada por Ramón.

Passa em um programa jornalístico, na televisão, que a justiça de Barcelona, nega o pedido de eutanásia de Ramón, e que ele deveria ter feito o pedido em Corunã, na Espanha, pois, este era o local de sua procedência.

O Padre Francisco Gáldar, também tetraplégico fala de Ramón, na televisão, que ele acredita que Ramón queira se matar, pois a sua família não lhe está dando amor e carinho. O irmão de Ramón, José, sua esposa Manuela e seu filho Xavier, ficam furiosos, quando o padre Francisco, fala que eles não tratam com amor a Ramón.

José, irmão de Ramón, ao ver o noticiário, e a resposta negativa dada ao caso de Ramón, fala com ele: “ está contente com que você fez, humilhando toda a sua família. Aqui nesta casa não iremos matar ninguém, sou seu irmão mais velho, mete isto na sua cabeça”.

Padre Francisco vai visitar Ramón, e começa aconselhar Ramón, dizendo: “A vida pertence a Deus. Uma liberdade que elimina a vida, não é liberdade”. E Ramón lhe responde: “Uma vida que elimina a liberdade, também não é vida”. E o padre Francisco vai embora da residência de Ramón.

E Ramón decide ir ao tribunal em Corunã de cadeira de rodas. Quando chega ao tribunal, é entrevistado, e o repórter lhe diz: “você é o primeiro espanhol a pedir a eutanásia”. Também em Corunã, Ramón diz a Rosa: “ A pessoa que me ama, realmente, vai me ajudar a morrer”. E Rosa lhe diz: “Você quer que eu lhe ajude? Eu te amo”.

Por fim, como Ramón, não ganhou permissão da justiça para poder cometer a eutanásia, então, acaba aceitando a ajuda de Rosa. E Ramón se despede de Manuela e de Xavier. E as escondidas Ramón toma cianureto de potássio com a ajuda de Rosa, e Ramón diz: “Viver é um direito, não uma obrigação”. E apos tomar o cianureto, Ramón morre.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Filme demonstra e nos faz refletir que não adianta lutar contra a morte; nada pode derrotá-la, nem a riqueza, nem as armas, nem a esperteza; o máximo que se pode conseguir é adiá-la por certo tempo, especialmente no mundo de hoje com os avanços tecnológicos. A morte está presente, não é longínqua, nem num futuro indeterminado: é uma potência sempre presente, entristecendo e ameaçando continuamente a vida; ela é um modo de ser da existência humana; é um ser aqui, fazendo parte do ser no mundo. O espectro da morte avança contra todos os homens; ela é implacável, inabalável, cruel, não se deixa dobrar por rogos, súplicas ou lágrimas. Ela exige que o homem deixe tudo: propriedades, riquezas, poderes, projetos, parentes, amigos. A morte é assustadora, suscitando horror, aversão, angústia; os homens detestam a morte, não querem nem ouvir falar dela.

Sobre a Eutanásia no passado, o significado do vocábulo grego é “morte boa”. Indicava individualmente que a pessoa chegava ao termo de seus dias em plenitude de consciência, livre de atitudes rebeldes ou desesperadas; era o privilégio dos fortes, dos heróis, de espíritos escolhidos; havia uma referência inconfundível ao sofrimento suportado com serenidade.

Na atualidade a Eutanásia, significa antecipação da morte ou abreviação da vida; é o fato de proporcionar morte fácil e indolor.

Existe também na atualidade uma distinção que é importante ser lembrada: a eutanásia negativa consiste numa omissão planificada de cuidados que provavelmente prolongariam a vida do paciente, ex. não ligar aparelhos de respiração; do outro lado, é chamada de eutanásia positiva quando se refere à organização planificada de “terapias” que provocam a morte antes que normalmente deveria acontecer. Ex. injeção letal.

Como estudante de Teologia, quero destacar a importância de que tem a disciplina de Bioética, disciplina esta que esta inserida na área teológica. E como teólogo, sempre considero a vida sendo criação de Deus, e somente quem cria que tem moral para destruir, ou tirar algo, que não é diferente da vida humana, onde somente Deus pode e deve tirar a vida de uma pessoa quando ele assim o querer.

Como pano de fundo deve estar sempre o respeito à vida como lei fundamental, porque a vida é a própria pessoa; daí a importância de sempre lembrar da lei natural “respeitar a vida humana” e da lei positiva divina: “não matarás”. Tendo por base estas leis evitam-se abusos incalculáveis e monstruosos contra pacientes, cuja confiança nas organizações sanitárias e no pessoal de saúde não deve ser perdida.

A morte no sentido físico é a falência da funcionalidade dos órgãos vitais. Em teologia, refere-se à separação da alma do corpo. Pela revelação bíblica (Gn 3), concluímos que a morte é uma intrusão no mundo de Deus. Consequencia da desobediência humana; o terror dos homens em todos os tempos. Contudo, a visão do cristianismo frente à morte é positiva, cheia de esperança. Nós a vemos, sob a “aurora” da ressurreição. Os laços da morte são desfeitos, e a vida sai, “radiante” ao encontro do que a possibilitara (1 Co 15.55,56). Mas, para que esta possibilidade não desagrade a Deus, a morte deve ser natural, e não provocada. Deus nos criou para vida, e pelo sofrimento humano, podemos chegar à santidade e estarmos em Deus e com Ele.

REFERENCIA

Filme: Mar Adentro.(Espanha/ França/ Itália, 2004) Diretor: Alejandro Amenábar. Elenco: Javier Bardem, Belén Rueda, Lola Dueñas, Mabel Rivera, Celso Bugallo, Clara Segura, Joan Dalmau, Alberto Jiménez, Tamar Novas, Francesc Garrido, Josep Maria Pou, Alberto Amarilla, Andrea Occhipinti, Federico Pérez Rey, Nicolás Fernández Luna, Raúl Lavisier, Xosé Manuel Olveira 'Pico', César Cambeiro, Xosé Manuel Esperante, Yolanda Muiños, Adolfo Obregón, José Luis Rodríguez, Julio Jordán, Juan Manuel Vidal, Marta Larralde. DVD 125 min., Filmanova Inves

Valtivio Vieira
Enviado por Valtivio Vieira em 20/09/2013
Código do texto: T4490297
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