PROFESSOR PESO PESADO

O filme “professor peso pesado” é bom, e vou tentar dizer porque. Numa escola não muito longe daqui... professores desmotivados correm atrás de suas vidas vazias sem tempo de responder a pergunta: porque chegamos nessa situação? Na sala de aula onde vamos conhecer melhor o contexto o que se tem é a visão heterogênea síntese da realidade em todo mundo que, com a expansão dos mercados livres, ficou pequeno – então: na sala de aula o mundo inteiro... imigrantes que se esforçam para seguir suas vidas, deslocados na língua de uma pátria que não é sua, não encontram motivação maior que acumular empregos. Bem, acontece que a escola precisa cortar gastos e o diretor resolve cortar o que pensa ser supérfluo: o programa de música.

Justamente quando o encantador professor de música de mais de sessenta anos engravida a esposa e faz planos para sua própria vida além de comprar e restaurar equipamento de música para doar a quem não pode comprar.

Nosso Herói (falo nosso porque ele é meu herói) entra em ação e põe em prática seu plano para salvar o programa de música e impedir que seja cancelado. Mas são as metáforas e o discurso que valem o peso pesado... sala de aula ou arena de UFC? A partir dessa analogia vemos o professor ser esmurrado, socado, chutado, sangrando e nem por isso desmotivado – porque ele percebe que está vivendo um outro momento e fazendo algo para quem fez muito para muita gente.

Numa fala que não pode passar desapercebida entre nosso herói e a professora também migrante do México (com quem flerta) revela entre ouros pontos: a democratização do ensino acompanhou a inclusão dos miseráveis, dos pobres e da classe média em novo patamar de consumo e elevou a quantidade de pessoas dentro das escolas, o sistema remaneja constantemente pessoas como se fossem gado no pasto e não pode investir na qualidade – não pode porque tem de enfrentar “as batalhas” internas que só assistindo pra saber.