Man of Steel (Superman - O Homem de Aço/2013)

Antes de mais nada, o texto é longo! E esteja ciente de que haverão SPOILERS. Siga por sua conta e risco. E, se ainda não viu o filme, vá ver porque é bom!

Sete anos atrás, o Homem de Aço quebrou a cara com uma grande parcela do público (provavelmente feita de kryptonita) no que deveria ter sido seu glorioso retorno para a telona do cinema - na época da ascensão dos filmes de super-herói.

Tudo começara em 1998, com o primeiro filme do Blade (que, bem recebido, abriu as portas para mais adaptações baseadas em HQ's) e no não tão distante ano de 2006 já tínhamos os dois primeiros filmes das franquias X-Men e Homem Aranha, além de Hellboy e outros faturando alto e agradando os fãs de quadrinhos.

Sim, tivemos algumas bombas no percurso também, mas isso não vem ao caso agora.

Superman Returns foi uma aposta alta da Warner, e acabaram perdendo. Eu, particularmente, gosto do filme, mas o público em geral não comprou a idéia de fazer uma espécie de sequência/homenagem aos dois primeiros Superman com Christopher Reeve (até hoje reverenciados e, não obstante, presentes em várias listas estilo "As 10 Mais" no quesito adaptação de comics para o cinema). O personagem voltou pra gaveta do estúdio (ou nem tanto, já que a série Smallville fazia sucesso na época) até que dois novos fatores surgiram na história:

1) O novo filme do Batman (The Dark Knight/2008) e Watchmen (2009) elevaram os "filmes de herói" a um novo patamar.

2) A Marvel, arqui-inimiga da DC, acertou a mão com seus filmes, faturou zilhões de dólares, agradou seus fãs e ainda deu conta de fundir quatro das suas principais franquias (Homem de Ferro, Hulk, Thor e Capitão América) no mais que bem sucedido filme dos Vingadores.

Com o fim da bem sucedida triologia do Batman pelo Christopher Nolan e todos esses caras superpoderosos da editora rival juntos no cinema, trazer os holofotes de volta para a Warner/DC (depois do fiasco Lanterna Verde) era um trabalho para quem, hein? Olhem, é um pássaro? Um avião? Não, é o... Zack Snyder?!?!

Sim, ele mesmo, Zack Snyder, diretor da excelente refilmagem de Madrugada dos Mortos (Dawn of the Dead/2004), que foi o filme que trouxe os zumbis de volta a moda (agora são modinha). Também dirigiu 300 de Esparta (300/2006), adaptado da obra de Frank Miller e o já citado Watchmen, de Alan Moore. Confesso que gosto demais desses filmes, em especial o último (tido como "infazível" por décadas).

APESAR de Sucker Punch - Mundo Surreal (Sucker Punch/2011), eu gostei da escolha dele pra direção. Na minha opinião, não tinha o que dar errado. Na produção, nada mais, nada menos do que Christopher Nolan - o cara que ressuscitou o Batman no cinema. Meu único motivo pra ter um pé (só um pouquinho atrás) com o filme era pelo fato de já ter queimado a língua com previsões anteriores (achei que X-Men: First Class seria uma merda e acabei gostando) e temia que dessa vez acontecesse o contrário.

A escalação do excelente elenco me deixou aperriado com alguns detalhes (Perry White "branco" só no nome? Lois Lane ruiva?), bem como a divulgação das primeiras imagens (super cuecão vermelho por baixo da calça?), mas, ainda assim, segui confiante. E, felizmente, não me decepcionei!

QUE RUFEM OS TAMBORES, A RESENHA PROPRIAMENTE DITA COMEÇA AGORA (mas, se você não gosta de ler, o que está fazendo aqui?):

O Homem de Aço é um filme de origem à la Batman Begins. A história é repleta de flashbacks e começa, como era de se esperar, em Krypton - que não é mais aquele mundo frio e estéril e sim um planeta cheio de vida. O estilo tecno medieval da sociedade kryptoniana provavelmente foi feito para agradar fãs de Guerra nas Estrelas e O Senhor dos Anéis, e, querem saber? Funcionou comigo!

A sequência inicial é uma das minhas partes favoritas de todo filme: um heróico e desesperado Jor-el faz das tripas coração para salvar seu único filho da destruição de um planeta que, em meio a uma guerra civil, nem desconfia que está com os dias contados. Em poucos e épicos minutos (valorizados pela música e o 3D do cinema) ele faz um parto, briga, atira, morre, nada, mata, discute, voa e rouba (não necessariamente nessa ordem) enquanto o temível general Zod tenta tomar as rédeas do planeta condenado num golpe de estado que é frustado. É aí no começo que Zod, o vilão do filme, adquire seu ódio pelo Superman. Além de ter sido derrotado pelo pai dele, Jor-El, na porrada (embora ele o mate a traição depois), ainda possui uma espécie de inveja velada do Superman (que aqui ainda é o pequeno recém nascido Kal-El) por ele ter sido o único kryptoniano em anos a vir ao mundo sem a interferência do Codex - um artefato que ao moldar os genes dos embriões numa câmara gestacional, sela o destino dos nascidos em Krypton. Sem livre arbítrio, eles estão fadados a ser aquilo que for mais apropriado para seu DNA pré-determinado. Capturado, Zod é obrigado a assistir, impotente, a saída de Kal-El de Krypton (livre para fazer o que quisesse do seu destino e, ainda por cima, carregando o Codex a tiracolo) e condenado a uma temporada na Zona Fantasma, uma espécie de limbo pra onde ele vai junto de outros dissidentes, o que acaba sendo sua salvação quando o planeta explode.

Passamos então a acompanhar a navezinha com o projeto de Superman dentro, até que ela cai na Terra, mais precisamente na fazenda dos Kent, no Kansas, onde ele é criado com muito amor, carinho e bons exemplos até que... Ops! Nada disso!

Neste filme não é mostrado o pouso. Um corte abrupto (e muito legal) no instante em que a nave ia se chocar no chão nos revela que Kal-El cresceu, ficou bombado, barbudo e vaga sem destino pelo mundo a procura de seu lugar nele. E é numa dessas idas e vindas que ele fica sabendo da descoberta de "algo" enterrado no gelo da Antártida, e ruma pra lá. Infiltrado na equipe de militares e cientistas que investiga o que poderia ser aquele estranho objeto enterrado num túmulo gelado (na verdade é uma nave batedora Kryptoniana igual a centenas de outras que foram enviadas por todo universo a milhares de anos, quando Krypton estava em sua "expansão espacial", e acabou abandonada e esquecida), ele tem seu primeiro contato com a repórter Lois Lane, que o segue até o interior da nave e é salva por ele do ataque de um robô segurança. Essa nave, nada mais é do que a versão moderna da Fortaleza da Solidão. É ali, onde depois de fazer o veículo levantar vôo, que Clark descobre sua origem, a história de seu planeta natal e ganha seu uniforme azul e vermelho. Tudo cortesia de uma versão holográfica de seu pai, Jor-El.

Lois passa a investigar o estranho misterioso que a salvou e acaba chegando até a fazenda dos Kent. Mas, o que poderia ser o furo do século, acaba engavetado após uma conversa com Clark, que a faz entender que o mundo não estava preparado (e ele muito menos) para a revelação de que não estamos sós no universo. É aí que volta a cena o general Zod. Atraído para a Terra por um sinal enviado pela nave, ele chega sem nenhuma sutileza (numa sequência digna de um filme de terror) invadindo todos os aparelhos de comunicação do planeta com a mensagem "Você não está sozinho". Essa é outra das minhas partes prediletas do filme. Ele se apresenta, revela que há um da raça dele vivendo entre nós no anonimato e exige que ele se entregue (ou seja entregue), ou que arquem com as consequências. Embora Lois Lane tenha optado por não tornar pública sua descoberta, antes de começar a investigar o Superman ela escreveu um artigo sobre a nave no gelo que foi rejeitada pelo seu editor, mas acabou saindo através de um blogueiro picareta, que a entrega em um programa de TV, dizendo que se alguém sabe desse cidadão citado na mensagem do Zod, era ela.

Para o bem de todos e felicidade geral da nação, Clark resolve se entregar para Zod, mas a presença de Lois também é solicitada. Em poder dos kryptonianos malvados, ambos tem as mentes invadidas e todos os seus segredos revelados. Zod revela que seu plano é reaver o Codex e criar um novo Krypton na terra, com todas as linhagens originais contidas nele. Crendo que o artefato está escondido na nave que trouxe Kal-El de Krypton, ele vai para a fazenda dos Kent, no Kansas. Enquanto isso, Lois e Clark conseguem escapar com uma mãozinha do Jor-El holográfico, que foi "carregado" na nave graças a uma espécie de pendrive que veio junto com o Superman de Krypton - e todo mundo acha que é pra onde foram transferidos os dados do Codex.

É aqui que temos a primeira pancadaria entre Zod e Superman. Fulo da vida com o General, que ameaçou e agrediu sua mãe terrestre, o Homem de Aço lhe dá uma baita surra e o filme só não termina aqui pois Faora e Nam-Ek (dois seguidores de Zod), o salvam. Na fuga, Zod descobre que esteve o tempo todo com o Codex em mãos: Kal-El é o Codex.

Jor-El transferiu todos os códigos genéticos dos habitantes de Krypton para o filho, para que, de alguma forma, o planeta continuasse vivo. Sendo assim, ele era tão terráqueo, quanto kryptoniano - ou podia escolher ser o que bem entendesse. Isso deixa o general ainda mais furioso, que adianta seus planos de destruir a Terra para a construção do novo Krypton e ordena a morte do Superman, uma vez que ele não precisaria estar vivo para que retirassem as informações contidas em seu genes. Os militares, com a ajuda do Homem de Aço, destorem as máquinas que estavam remodelando o planeta para adequá-lo aos novos habitantes e temos a última briga entre Zod e Superman. O combate é épico: prédios caem, coisas explodem, veículos são arremessados e temos os primeiros sinais da presença de outros personagens da DC nesta nova fase do Homem de Aço no cinema (um satélite das Empresas Wayne é visto orbitando o planeta, assim como um caminhão da LexCorp).

No fim da briga, Kal-El fica numa sinuca de bico. A presença de Zod na Terra seria uma ameaça constante a segurança do planeta, ainda mais depois que ele passou a dominar as habilidades adquiridas com a exposição ao nosso sol. Pra salvar a vida de um grupo de civis inocentes, Clark mata o general Zod, quebrando seu pescoço. Isso revoltou muito os fãs mais xiitas do personagem nos quadrinhos, afinal existe aquela máxima de que o Superman não mata, é um escoteiro e blá blá blá, mas o que esse pessoal esquece (ou não sabe) é que foi assim nos quadrinhos também. Foi depois de matar o general Zod e seus comparsas que o Superman jurou jamais tirar uma vida novamente.

A última coisa que vemos no filme é o Superman virando o repórter Clark Kent, para estar sempre a par do que acontece no mundo e poder interceder. Lois o reconhece assim que ele chega na redação do Planeta Diário e o filme termina com a saudação "Bem vindo ao Planeta!", uma metáfora muito bem pensada depois de todas as escolhas que o personagem é obrigado a fazer ao longo do filme.

Eu gostei bastante do filme, que já tem ao menos uma sequência garantida (que vai mostrar o esperado encontro entre Superman e Batman - que será vivido por Ben Affleck).

Recomendo!

Betaldi
Enviado por Betaldi em 27/08/2013
Código do texto: T4454093
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