Ladrões de bicicleta
Através de uma história tocante, esse grande clássico do movimento neo-realista italiano, conta o drama de um pai desempregado que procura nos labirintos das ruas de Roma, sua bicicleta roubada, sendo ela seu único meio de sobrevivência.
No ano de 1942 Vittorio De Sica começou uma longa parceria com o roteirista Cesare Zavattini com o filme A culpa é dos pais. Junto eles foram responsáveis por grandes clássicos da escola cinematográfica como Vítimas da Tormenta e Ladrões de bicicletas (ambos vencedores do Oscar de melhor filme estrangeiro).
pesar de ser uma história relativamente simples, Ladrões de Bicicleta (1948) encantou gerações em função do seu aspecto humanista e universal. O filme Neo-realista apresenta um caráter semidocumental mostrando cenas do cotidiano na cidade de Roma (cenários naturais) junto a uma trilha sonora melancólica e envolvente.
Após o regime fascista de Mussolini, a crise econômica assola toda a Itália. No meio de uma multidão de desempregados, Antonio, depois de muito tempo, finalmente é convocado para trabalhar como colador de cartazes. O problema é que, para o serviço, a exigência é que se tenha uma bicicleta. Aflito, Antonio relata sua situação para sua esposa que comovida ao chegar em casa arranca todas as roupas de cama para vende-lás. Com o dinheiro Antonio compra a sua tão esperada bicicleta.
Logo no primeiro dia de trabalho, Antonio começa a colar os cartazes. Enquanto trabalhava, um homem aproveitou a sua distração e roubou a bicicleta. Desesperado Antonio tenta alcançá-lo, porém o ladrão estando de bicicleta acaba levando vantagem e consegue fugir.
A partir de então, com a ajuda de seu filho, começa uma busca frenética pelas ruas de Roma. Em seu caminho, encontram vários personagens interessantes como um empresário, uma médium, um trabalhador de uma bicicletaria com centenas de bicicletas, inclusive uma que foi repintada, um velho de um abrigo para mendigos, um jovem que provavelmente seja o ladrão, sua mãe protetora e seus agressivos vizinhos.
O filme demonstra um cenário arrasado não apenas por uma crise financeira, mas principalmente por uma crise moral. Em uma cena, os personagens que invadem um ensaio, percebem dois atores cantando, um deles usa a palavra gente com um sotaque antigo enquanto o ator mais jovem fica o corrigindo constantemente. Busca-se a reconstrução de toda uma identidade nacional, diante de um passado sombrio, ocasionado pelos horrores da guerra.
Outra cena marcante é quando o pai perde o controle esbofeteia o seu filho de uma maneira tão realista que chega a ser impressionante. O choro do garoto Bruno beira o realismo, sendo uma imagem forte que depois de muito tempo, continua gravado na memória. Sica captou essa cena com perfeição e adaptou de maneira magistral à trama.
Consequentemente, enquanto que para maioria das pessoas uma bicicleta representa um “relês” objeto de passeio, para Antonio significa todo o sustento de sua família. Diante dessa triste realidade, o final da história tem um desfecho dramático, revelando porque o nome do filme estar no plural (Ladrões de bicicleta), já que foi somente um homem que roubou a tal bicicleta?
Título original: (Ladri di Biciclette)
Outros Títulos: Le voleur de bicyclette (França) , Bicycle thieves (UK), Ladrón de bicicletas (Espanha) e Fahrraddiebe (Alemanha)
Lançamento: 1948 (Itália)
Direção: Vittorino de Sica
Roteiro: Cesare Zavattini
Atores: Lamberto Maggiorani, Enzo Staiola, Lianella Carell, Gino Saltamerenda, Vittorio Antonucci
Música Original: Alessandro Cicognini
Duração: 90 min
Gênero: Drama
Prêmios: Oscar de Melhor Roteiro Original, Globo de Ouro, Sindicato dos Jornalistas Críticos de Cinema, Itália. Prêmios Bodil Copenhague, Dinamarca e Prêmio Fita de Prata.
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Postado em em 10 / outubro / 2010 - pelo blog Sagaz