O labirinto do tempo: Madoka Mágica

O LABIRINTO DO TEMPO: MADOKA MÁGICA
Miguel Carqueija

“Não há palavras para descrever o que eu sinto.” (Homura Akemi)

Uma animação japonesa recente (2011) que já vem dando panos para mangas é “Puella magi Madoka mágica” ou “Mahô shojo Madoka magika” (mais ou menos, redundantemente, “A garota mágica Madoka mágica”), com 12 episódios produzidos pelo estúdio Shaft com direção de Akiyki Shinbo; nele se basearam mangás lançados no mesmo ano.
A série é muito estranha, desde o visual infantil mas sinistro até a concepção inusitada do que sejam bruxas.
De fato, nessa história bruxas são monstros que se escondem em surrealistas labirintos dimensionais, de onde emboscam as pessoas, provocando desaparecimentos, suicídios e assassinatos. Em cada lugar, porém, são convocadas adolescentes para se tornarem “garotas mágicas” com poderes para enfrentar as bruxas. São as “puella magi” (garotas mágicas em latim). A convocação é feita por seres de outro planeta, como o Kyubey, que parecem animaizinhos, com um aspecto de mustelídeos ou coisa parecida. Eles falam, embora não movam os lábios, e o comum das pessoas não os ouve e nem as enxerga.
A personagem do título, Madoka Kaname, de 14 anos, tem um apavorante sonho onde vê uma garota lutando contra um monstro e deseja ajudar; e um bichinho lhe diz que pode fazê-lo, se assinar um contrato. Ela acaba encontrando a garota do sonho na vida real: chama-se Homura Akemi e foi transferida para a sua escola. Homura, porém, não parece gostar dela. Esta impressão se acentua quando Madoka e sua colega Sayaka Miki salvam o Kyubey, que fôra ferido por Homura. É nessa ocasião que Madoka e Sayaka se vêem numa realidade paralela, um incompreensível labirinto habitado por seres monstruosos, sendo salvas por Mami Tomoe, uma das “puellae magi”. Daí se desenrola o drama espantoso e que vai se tornando cada vez mais pungente.
O que começa a desconcertar é o fato óbvio desde o início que as garotas mágicas não se entendem necessariamente, como se disputassem territórios, e chegam a se combater. Além disso a hesitação de Madoka, que acompanha Sayaka mas não se decide a fazer um contrato para se tornar também garota mágica, pode irritar os espectadores. Entretanto, as coisas não são o que parecem ser, e a interação entre a fria e distante Homura, a impulsiva Sayaka, a tímida Madoka, a hostil Kyoko e a generosa Tomoe tem uma explicação secreta que só aos poucos vai se revelando; e por fim, caracteriza-se uma incrível trama de paradoxo temporal.
Algo tão extraordinariamente bem arquitetado e tão surpreendente, que eu prefiro não revelar neste artigo.

Rio de Janeiro, 12 a 31 de maio de 2013.

PUELLA MAGI MADOKA MAGICA — Estúdio Shaft, Japão, 2011. Direção: Akiyuki Shinbo. Anime em 12 episódios, baseado no mangá criado por Hanokage, Masaki Hiramatsu, Takashi Tensugi e Kuroe Mura. Roteiro de Gen Urobuchi. Desenho dos personagens: Ume Aoki. Trilha sonora: Yuki Kajiura.

imagem do mangá.

'O ESTIGMA DO FEITICEIRO NEGRO" é um romance de fantasia escrito por Miguel Carqueija e Melanie Evarino, recente lançamento da Editora Ornitorrinco, tendo recebido seis resenhas altamente favoráveis na internet.