SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS
Eis um dos momentos mais emocionantes de minha vida: ter visto este filmaço de Peter Weir. Repleto de imagens belíssimas e com uma interpretação magistral de Robin Willians, ele é capaz de nos fazer amar a literatura como uma maneira de nos libertar das sutis prisões em que vivemos: família, escola, emprego, todas estas coisas em que acreditamos tanto como fatores de "sucesso". A máxima que guia o enredo é a expressão latina “carpe diem” (“aproveitem o dia”).
Willians interpreta John Keating – referência mais que óbvia ao poeta Keats – que chega a uma escola careta para dar aulas de literatura. A instituição tem na rígida disciplina um de seus valores. Logo ao chegar, o professor pede para arrancarem do livro a página que contém o prefácio, escrita por um PHD extremamente conservador. E, com o decorrer das aulas, sempre fazendo referência a grandes nomes da literatura (como Walt Whitman, Henry Thoreau, Lord Byron e outros), ele exorta os alunos a perseguirem seus sonhos e, assim, a tornarem suas vidas extraordinárias.
Os meninos ficam encantados com aquele mestre e formam uma sociedade secreta que se reúne em bosques e cavernas, onde passam a ler, escrever, representar. Em suma, encontram uma alegria de viver que não conheciam. Todos nós que amamos as artes sabemos da importância delas para o enriquecimento de nossas vidas. E os dias vividos parecem de sonhos. Aliás, a fotografia do filme é excelente e o cenário é repleto de árvores e folhas secas.
Infelizmente, há a realidade e suas tragédias. Sabemos de um garoto que sonha em ser ator, contra o desejo da família, que impõe a ele uma carreira militar. A tensão entre o sonho e a realidade aumenta a ponto de se tornar insuportável. E o professor acaba sendo acusado de perturbar a tranquilidade do colégio. O final é emocionante, com direito à citação do lindo poema que Whitman fez para o presidente Lincoln. Eu chorei feito um babaca no cinema.
Quem não assistiu não sabe o que está perdendo. Talvez esteja nele uma chance de rever seus conceitos e os motivos de sua infelicidade. O cinema é uma das melhores terapias que existem. E quando se trata de um filme como este, que trata de outra forma de arte menos acessível ao povo, como a literatura, a junção resulta em uma obra-prima brilhante que faz tornar os resto de nossos dias menos tediosos e previsíveis. Carpe diem!