Olhos de Serpente

Olhos de Serpente que tem duração de uma hora e 48 minutos, traz os atores Harvey Keitel (Eddie Israel), Madonna (Sarah Jennings/Claire) e James Russo (Francis Burns/Russel) como protagonistas.

O filme apresenta como cenário principal um set de gravação e esse detalhe é muito importante, porque evidencia que mais histórias estão sendo contadas em paralelo: a relação dos atores com os personagens que eles interpretam, dos atores com o diretor e dos atores no meio social em que convivem (é um filme-dentro-do-filme). Olhos de Serpente mostra os bastidores de uma superprodução hollywoodiana, seus amores e dissabores servem de pano de fundo para mostrar que a vida dos astros não é feita apenas de glamour.

Dois eixos fundamentam a história, as dificuldades vivenciadas pelo casal de personagens criados por Eddie e o drama do próprio diretor que tem duas vidas: a de perversões de homem do mundo hollywoodiano e a de pai de família que deve atenção à mulher e ao filho.

Na história gravada dentro do set, o casamento de Claire e Russel entra em declínio pelas mudanças de hábitos advindas do tempo. Quando jovens, o casal se drogava, matinha relações sexuais com diferentes parceiros, bebiam, etc, mas Claire cansada dessa vida decide mudar de postura e, inclusive, se volta mais para a religião. No entanto, seu marido que não aceita essa transformação vive a cobrando e a agredindo verbal e fisicamente por isso O conflito gira em torno do desacordo entre marido e mulher sobre a vida que devem levar.

O que norteia Olhos de Serpente é a questão da tenuidade entre verdade e ficção, o set passa a ser uma extensão da vida das pessoas que nele trabalham. Os atores transam entre eles, com o diretor, e isso acaba fazendo com os fatos se misturem, mesmo porque a densidade e os problemas da vida real e ficção são parecidos.

No meio de tudo isso, o diretor não consegue descobrir uma linha que divida as duas realidades. E esse drama vivenciado por ele faz com que Eddie transponha para o roteiro e personagens do filme que está dirigindo os “seus demônios” que são humanizados pelos personagens de Madonna e James Russo. E como se não bastasse toda essa confusão de sentimentos e histórias análogas, nesse momento em que tenta entender o que está ocorrendo, Eddie se apaixona por Sarah, a atriz protagonista do seu longa-metragem.

Há ocasiões em que os atores personificam tanto os personagens que agem como se fossem na vida real, toda a pressão é vivida constantemente e esse é o objetivo básico do diretor. O que ele deseja dos atores é o máximo de realidade possível, enquanto que em sua vida particular ele vive um personagem de marido.

Nessa confusão de pensamentos o diretor acaba contando para sua mulher sobre a sua vida dupla (casos extraconjugais vividos ao longo de muito tempo, inclusive com a atriz de seu filme atual), ela não o perdoa e os dois se separam. Na gravação do filme dentro do filme é insinuado que a personagem vivida por Madonna é assassina pelo marido.

Duas cenas me chamaram a atenção, mas por diferentes motivos. A primeira é quando Sarah dança com Eddie à beira da piscina. O mais interessante é que não se ouve música no fundo, mas sim, o barulho da cidade. Ao invés de uma canção, o espectador escuta buzinas, carros freando, etc. Outra sequência que destaco é a do estupro. A personagem de Madonna é violentada pelo marido, a cena é muito forte tanto que a câmera passeia mostrando o rosto das pessoas que trabalham nos bastidores do set onde o filme está sendo gravado.

Diego Santiago
Enviado por Diego Santiago em 14/07/2013
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