Minha Mãe É Uma Peça - O Filme (Crítica)

Não se pode negar que o gênero comédia foi o que ressuscitou o cinema brasileiro, especialmente nestas duas últimas décadas. Claro que nesse filão existem boas e – dentro do possível – competentes produções, assim como também há outras bastante oportunistas, que apenas se aproveitam da evidência para fútil arrecadação de dinheiro. Geralmente de roteiros bem simples – alguns inclusive patéticos e nada criativos – esse formato se assegura na rapidez do texto e no talento de [alguns] atores, que provocam o riso na plateia a partir de situações, gestos e semblantes inusitados.

“Minha mãe é uma peça – O filme”, estrelado pelo comediante Paulo Gustavo, pode-se dizer que se encaixa no primeiro grupo. Entretanto, não diferente dos demais, utiliza-se das linguagens verbal e gestual para suprimir qualidades técnicas e de roteiro – mas o filme é de fato engraçado. Adaptação do monólogo homônimo de muito sucesso, o ator se inspirou, segundo ele, em sua própria mãe para criar a figura Dona Hermínia, uma dona de casa escandalosa, separada do marido e que continua criando seus dois filhos mais novos, a obesa Marcelina (Mariana Xavier) e o homossexual afetado Juliano (Rodrigo Pandolfo). Já é possível imaginar os episódios cômicos oriundos da relação entre esses personagens...

Com elenco de peso como Herson Capri, Sueli Franco e também Ingrid Guimarães, o filme todo se apoia no protagonista, que chama para si a responsabilidade e com muito talento e sem deixar a peteca cair o leva nas costas. As falas e o jeitão ‘non-sense’ dessa mãe de Niterói são responsáveis pelos melhores momentos da fita, que incorpora elementos da comédia-pastelão sem necessariamente soar brega.

Como produzido pela Globo Filmes, obviamente que se esperaria o diálogo entre cinema e novela das nove, e de fato acontece. Alguns dramas paralelos são incluídos na história, porém não são estendidos para que não se perca o verdadeiro fio da meada. Essas inclusões são importantes por diversos motivos. Entre eles, para que o público perceba que Hermínia não é somente uma mulher louca e mãe superprotetora. Também para que nos identifiquemos com a realidade da vida, em que altos e baixos se mesclam durante todo o tempo. E ainda promover o equilíbrio do tom da narrativa, a fim de que ela não canse rapidamente o espectador.

Mesmo com recursos simples, “Minha mãe é uma peça” se configura como uma boa pedida para se divertir e ter bons momentos junto à família e aos amigos, em um final de tarde. Foram inteligentes em o confeccionarem com duração mediana, cerca de 80 minutos, pois dessa forma não ficamos enfadados com o timbre histérico da matriarca e possamos sair da sala ainda com um gostinho de quero-mais.

Ao final, ainda há uma linda homenagem de Paulo Gustavo à sua grande inspiração. Apesar da comicidade da situação, para quem tem mãe e a ama de verdade, é o momento mais emocionante do filme. Toda a sessão aplaudiu. Não havia como não.

Nota: 8,0.

Dan Niel
Enviado por Dan Niel em 23/06/2013
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