Cidadão do mundo

O documentário Cidadão do mundo retrata a vida e a obra do médico, sociólogo, geógrafo, romancista, político e diplomata pernambucano Josué de Castro; intelectual engajado em um dos maiores e terríveis problemas da humanidade: o flagelo da fome. Autor de vários livros que discutem a fome e o subdesenvolvimento como uma questão política, Josué representou o Brasil em vários órgãos internacionais, como a FAO, mas acabou sendo exilado pela ditadura militar.

A história de Josué Apolônio de Castro começa na cidade de Recife, onde nasceu no ano de1908. O seu pai veio com a família de Cabaceiras, no alto Sertão Paraibano, durante a grande seca de 1877, tornando-se proprietário de terras e mercador de gado e leite. Sua mãe, Josepha Carneiro, era filha de senhor de engenho da zona da mata pernambucana e tornou-se professora.

A descoberta da fome em sua infância tornou-se um fator crucial para sua ação política. Conforme o próprio Josué Castro evidência (1967), não foi na Sorbonne nem em qualquer outra universidade que tomou conhecimento desse fenômeno, mas através dos mangues do Capibaribe e nos bairros miseráveis do Recife.

Nas palavras do próprio Josué: ‘Esta é que foi minha Sorbonne: a lama dos mangues do Recife, fervilhando de caranguejos e povoada de seres humanos feitos de carne de caranguejo, pensando e sentindo como caranguejos. Seres anfíbios – habitantes da terra e da água, meio homens, meio bichos. Alimentados na infância com caldo de caranguejo: Seres humanos que se faziam irmãos de leite dos caranguejos’.

Nesse ambiente, deparou-se com seres humanos que no meio da lama dos manguezais procuravam sobreviver, alimentando-se de caranguejos. Foi levado a ter grande ternura por esses habitantes dos mangues. Posteriormente, seu engajamento como cientista e político viria a ser dedicada principalmente a causa dos famintos e excluídos.

Assim, tornou-se médico em 1929 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Realizou estágios em vários países, como: Itália, Estados Unidos e Argentina. A princípio seguiria a profissão de psiquiatra, contudo o médico Ulhoa Cintra, mudou os seus planos, ao vender um aparelho de metabolismo. Foi então que resolveu ser nutricionista.

Iniciou sua profissão ao trabalhar numa fábrica em Recife, local que pode avaliar pela primeira vez as consequências da fome. Nela os trabalhadores que possuíam uma doença não definida, eram acusados de serem preguiçosos. Josué pode constar que o mal daqueles enfermos era a subnutrição. Ao denunciar a condição de penúria desses trabalhadores para os patrões da fábrica, foi demitido.

Foi então que percebeu ao lidar com o flagelo da fome, as limitações da medicina, o que levou a procurar outras áreas de conhecimento, demonstrando uma postura multidisciplinar que se tornou evidente através de suas obras. Foi assim que notou que o fenômeno da fome é um problema social que não aflige apenas os mocambos de Recife, mas grande parte do país e do mundo.

Segue abaixo o link desse documentário:

http://www.youtube.com/watch?v=Ob92n3OGtaA

Ficha Técnica

País – Brasil

Ano – 1994

Duração – 50 minutos

Direção Silvio Tendler

Inã Cândido
Enviado por Inã Cândido em 13/06/2013
Reeditado em 13/06/2013
Código do texto: T4339113
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