Velozes & Furiosos 6 (Análise e Crítica)
Não se rendendo à onda dos reboots (uma estratégia rentável de Hollywood, porém irritante, por se tratar daqueles reinícios de franquia que geralmente acontecem depois da outra de sucesso tida como original), é muito interessante ver que a série Velozes & Furiosos vem amadurecendo a cada novo episódio.
Quando surgiu, em 2001, basicamente se resumia a rachas, a brigas inexpressivas e a modelos tipicamente norte-americanas rebolando ao som de hip hop. Com personagens entrando e saindo, passaram por Los Angeles, Londres, Tóquio e recentemente Rio de Janeiro. Os primeiros capítulos, de roteiros fracos e vazios, aos poucos foram ficando mais desenvolvidos, principalmente a partir de 2009, quando a quarta parte do projeto que se destinava a ser apenas uma trilogia foi lançada e viram que precisavam inserir na trama algo mais que a testosterona das corridas de carro. O conceito de equipe-família começou a ser explorado, e o que era somente ação passou a ter também alguns elementos dramáticos.
Dirigido por Justin Lin, “Velozes & Furiosos 6” estreou simultaneamente em vários países do mundo e tem ligações com toda a franquia, especialmente com o quarto filme. Neste enredo, a equipe chefiada por Dominic Toretto (Vin Diesel) é acionada pelo policial que os caçava no longa anterior, Luke Hobbs (Dwayne “The Rock” Johnson), para capturar o criminoso Shaw (Luke Evans), que tem em suas mãos uma arma capaz de eliminar milhões de vida ao redor do globo. Para motivá-los, o representante da lei lhes entrega fotos recentes de Letty (Michelle Rodriguez), antiga paixão de Dom dada como morta. Em troca, Brian (Paul Walker) pede anistia para poderem voltar aos Estados Unidos. Aí começa toda a empreitada...
É verdade que o roteiro é bem costurado, mesmo não apresentando originalidade e inovações. No início da projeção, há uma certa apelação por principalmente as personagens femininas aceitarem passivamente a opção de perder os homens que amam em uma missão quase suicida. Mas, tudo bem, é uma forma de não estender muito a maior película da franquia, com 125 minutos de duração. As atuações são de medianas a boas e, embora o destaque não seja ele desta vez, cabe a Walker as cenas de maior dramaticidade. Entre tiros e perseguições, as tiradas de humor dão refresco e revigoram a narrativa, tarefa que mais ficou a cargo de Roman Pearce, personagem de Tyrese Gibson, que entrou no segundo longa da saga.
Apesar de tudo, o que sobe o conceito desta sexta parte são as excelentes sequências de ação e as lutas coreografadas. Com referências claras ao estilo 007, o filme apresenta ao espectador lindas imagens paradisíacas e adrenalina de sobra. As direções de cena e de câmera dão um verdadeiro espetáculo e, mesmo com todas as improbabilidades da Física, dão realismo às cenas por conta do uso moderado de computação gráfica.
O grande destaque, lógico, é a última perseguição envolvendo um avião e vários carros: são quase 20 minutos de imagens nervosas, bons confrontos, emoções e muitos efeitos. Uma outra tomada, nas ruas da Espanha, inclusive com um tanque de guerra, também não fica aquém. Claro que, ao final de cada uma delas, acabamos rindo, exclamando um “fala sério” e ouvindo alguns palavrões da plateia; porém, fazem parte do show esses elementos fantásticos mesmo. Afinal para isso que vamos ao cinema, para sairmos de nossa realidade tão concreta e absurdamente previsível.
Por tudo isso, “Velozes & Furiosos 6” se concretiza como o melhor de uma franquia que ainda mostra muito gás dentro de uma mitologia que já poderia estar desgastada. Se fosse o último, encerraria com chave de ouro. Mas ainda há a sétima parte, que estreará no verão norte-americano de 2014 e cujo vilão será vivido por ninguém menos que o queridinho do gênero, Jason Stathan – como mostra a cena pré-crédito. Quer prova maior de que está crescendo? Pipoca e diversão garantidas, uma ótima opção de entretenimento sem pretensão e adrenalina de primeira qualidade.
Nota: 8,0.