ARGO? Argo vai se ferrar!

Tenho receio de dizer que acabo de assistir ao melhor filme (do gênero!) dos últimos anos, talvez desde “Platoon” e “Apocalipse now”. Não sou crítico de cinema, apenas encantado pela linguagem. O fato é que a embaixada americana no Iran foi invadida e os funcionários dela ficaram reféns de milícias xiitas cansadas dos desmandos da América. No entanto cinco americanos fugiram na brecha que tiveram e foram acolhidos pelo embaixador canadense. Como resgatá-los nesse momento de crise?

Uma operação inusitada, e por isso mesmo pode dar certo, é montada. O dinheiro dos contribuintes norte americanos será usado, pelas mãos da Inteligência, para financiar a produção de um filme em Hollywood: é preciso ter credibilidade e envolver não só o mitiê e o gueto multimilionário da “cidade dos sonhos” mas também ganhar o mundo através da credulidade da mídia que deve ser enganada para dizer a verdade e ainda assim continuar mentindo... assim, em Teerã, todos também acreditaram nas referências. Um toque de Midas!

Aos cinco americanos exilados na casa do embaixador canadense caberia os papéis de diretor, assistente, diretora de arte, produtor e seleção de locações algo como “uma equipe que está a dois dias na cidade/país para escolher os lugares adequados para realização do filme que ainda está nas pranchetas na forma histoyboard.

A tensão aumenta em frequências que pulsam como o coração dos envolvidos na trama e, aos poucos, estamos dentro do que - ao final, quando é citado ao inverso e pelo ator que interpreta um grande ator que interpretou um produtor que representava estar realizando um grande filme medíocre – “ a história que começa como farsa e termina como tragédia”.

A propósito, Fargo é uma referência aos argonautas tripulantes e aventureiros em um barco comandado por Jasão que partem em busca de uma “relíquia” muito valiosa que foi roubada e está no território do inimigo.

Quanto a expressão "ARGO vai se ferrar" é uma maneira de espantar o medo de que a "estréia" da operação não dê certo. Como no teatro se tem o hábito (adquirido ainda no tempo do Brasil Império) quando se deseja "merda" para os envolvidos na peça. Uma referência à quantidade de merda/cocô de cavalo na frente dos teatros que era uma forma de quantificar o público que estava presente para ovacionar o sucesso: então MERDA É SUCESSO!

Mas essa é outra história!

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 04/05/2013
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