Análise do filme: O Nome da Rosa

A PATRÍSTICA

No filme O Nome da Rosa, a história se passa no período medieval, especificamente em um mosteiro. A Patrística e os pensamentos de Santo Agostinho, considerado o mestre do cristianismo, norteiam as principais características de como se orientavam a sociedade e aqueles que habitavam o mosteiro. Em uma época em que o cristianismo era predominante, pregava-se a bíblia, e Deus era tido como a verdade única. Herda os pensamentos gregos e platônicos, porém esses eram “aperfeiçoados” acrescentando-lhes com a fé cristã, e conciliando fé e a razão, e segundo as elaborações de Santo Agostinho, filosofia com a teologia.

Padres e bispos tinham a responsabilidade de ensinar os conteúdos cristãos, e a Igreja considerava que a religião cristã era a expressão definitiva da verdade, por isso quem quer que fosse contra a pregação era tido como herege, e com isso, combatia-se a heresia com torturas, apedrejamentos e fogueiras em praças públicas.

Diante disso, a Igreja tinha o controle e domínio de, se não todos, uma grande partes de todos os livros, inclusive os de filosofia grega. Na biblioteca do mosteiro, retratada no filme, o acesso aos livros era restrita a poucos, ninguém que não fosse autorizado poderia ter contato. Apesar da religião cristã se apoiar nos pensamentos filosóficos gregos (Platão e Aristóteles), as partes que não se referiam a fé e aos pensamentos ali pregados, eram deixados de lado. Por isso, se esses livros fossem encontrados poderiam representar uma ameaça a tudo que era pregado.

O domínio sobre os livros e as escritas representava o poder da Igreja sobre a sociedade. Ter conhecimento sobre outros pensamentos, outras filosofias, inclusive sobre a comédia, era motivo de temor, pois poderia destruir a fé em Deus, assim como diz o bibliotecário em uma cena do filme " a comédia pode fazer com que as pessoas percam o temor a Deus e, portanto, faz desmoronar todo esse mundo.”

A filosofia medieval e patrística está sob o cristianismo, mas nesse cenário também entraria a escolástica com sua conduta pela busca da verdade mediante a lógica.

ESCOLÁSTICA

“Só a Santa Inquisição pode investigar”! Essa é uma das frases do filme, onde mostra claramente a imposição religiosa e o obscurantismo de uma época onde o cristianismo é grande responsável pela conservação do método de investigação e do pensamento clássico.

No filme onde crimes estão acontecendo em um mosteiro italiano, manifestações demoníacas é a explicação superficial dos fatos, o monge William de Baskerville investiga o que realmente pode ter acontecido.

Com frases como: “Devemos manter a mente aberta.” que William diz para Adso von Melk , seu pupilo, podemos comparar suas atitudes, ao investigar o caso com o método escolástico que nascia naquela época, ou seja, a busca de uma compreensão dos fatos de forma racional da fé, estruturando argumentos alicerceados pela razão, investigando provas que dão lugar ao silogismo e por ensinar seu pupilo sobre a importância da busca e do questionamento.

Naquela época, o método de ensino e conhecimento era baseado na leitura, mas somente alguns gozavam dessa autoridade. No filme, os detentores do conhecimento e das escrituras (igreja) tinham medo de perder o poder afirmando que não existia um progresso da história do conhecimento. Por isso, ao terem uma prova superficial que os levariam ao culpado pelas mortes que ocorreram no mosteiro, já tomavam uma decisão, sem buscar umaverdade que não fosse simplesmente argumentos baseados na fé. Apenas julgavam em nome de Deus, e quem se opusesse a essas decisões eram tidos como hereges.

Ao final do filme, William e seu pupilo descobrem o que realmente estava por de trás de todo o mistério. Baseando-se em uma investigação estruturada em torno de teses e reflexão de que sempre irá existir um progresso na busca do conhecimento, o monge descobre que os livros proibidos eram considerados uma arma, algo que poderia iniciar um esvaziamento de valores pela demagogia e ensinamentos religiosos, e por isso, esses livros precisavam ser mantidos em segredo, mesmo que para isso os monges precisassem matar ou morrer.

“Um homem que conhece o espelho do homem.”

BIBLIOGRAFIA

ZILLES, Urbano, Teoria do Conhecimento. Editora Paulus, 2005. 200 p.

Filme, O Nome da Rosa, 1980 – Umberto Eco

*Veja também: www.carol-ol-ol.blogspot.com

Carolina Hanke e Bruna Amorim e Janderson Difanti
Enviado por Carolina Hanke em 23/04/2013
Reeditado em 19/06/2013
Código do texto: T4255270
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