Medo e delirio em On the Road

Pouco mais de duas horas de duração e muita decepção . Bem , talvez decepção não seja o sentimento , pois fui eu quem fantasiei junto de mais um monte de admiradores de Kerouac que seria possivel levar para as telas todo o veneno , a torrende poetica e descrição verossimil encontrada no livro On the Road . O filme navalhou personagens , momentos e sentimentos . Faltou vida e entusiasmo , o filme sem duvida foi poetico , mas talvez quem não tenha lido o livro possa ter ficado meio perdido com os cortes de cenas secos e quem leu como eu li quatro vezes sinta falta de um narrador detalhando os acontecimentos e dando sentimento aos fatos . Faltou um bocado de coisas a serem ditas e mostradas e feitas na tela , mas tambem não acho que tenha sido culpa do diretor ou dos atores que até se viraram bem com o tempo que tinham disponivel para o longa , que foi o que realmente prejudicou o filme , ja que para o livro ser contado um pouco que seja de forma fiel e passar a mesma loucura e amor contidos no livro seria necessario cinco ou seis horas e um fresnei continuo dos atores que acho não poder ser mantido por todo esse tempo . Mas e o que foi feito em Medo e Delirio em Las Vegas , onde Terry Gillian , Jonny Deep e Del Toro transportaram todo o medo alucinogeno do LCD para as telas ? Mesmo com todas as alucinações causadas pelas drogas Medo e Delirio é muito mais documental e crú que On the Road , ainda sim muito dificil de ser retratado , mas sem duvida menos complicado por fatores tecnicos que não me competem esclarecer já que não tenho a menor formação cinematografica .Tem outra coisa , não acho que Walter Salles tenha filmado sua verdadeira versão da estrada , porque isso seria muito , muito dificil de ser feito , já que cada um que leu o livro tem sua versão constantemente modificada e editada na cabeça com detalhes e cheiros e imagens e pessoas e sentimentos impares , muito do qual faltou no que foi mostrado .

Bem , assistindo a adaptação para o cinema de On the Road cheguei a conclusão de que a unica forma de se ter o livro de Kerouac em forma de imagens nas retinas e pegando a mochila e botando o pe na estrada , fazendo você mesmo , conhecendo você mesmo , descobrindo você mesmo e sentindo você mesmo o que a estrada tem a oferecer .

Valeu a tentativa , Salles .

12/02/2013

09h24m

Cleber Inacio
Enviado por Cleber Inacio em 12/02/2013
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