The Impossible Dream

To dream the impossible dream
To fight the unbeatable foe
To bear with unbearable sorrow
To run where the brave dare not go
 
To right the unrightable wrong
To love pure and chaste from afar
To try when your arms are too weary
To reach the unreachable star
 
This is my quest, to follow that star
No matter how hopeless,
No matter how far
To fight for the right
Without question or pause
To be willing to march into hell
For a heavenly cause
 
And I know if I'll only be true
To this glorious quest
That my heart will lie peaceful and calm
When I'm laid to my rest
 
And the world would be better for this
That one man scorned and covered with scars
Still strove with his last ounce of courage
To reach the unreachable star
 
O Sonho Impossível

Sonhar o sonho impossível
Combater o inimigo imbatível
Suportar  uma insuportável dor
Ir até onde os bravos não ousam
 
Corrigir o erro incorrigível
Amar um amor puro e distante
Tentar quando seus braços são fracos
Alcançar a estrela inalcançável
 
Esta é minha busca; seguir aquela estrela
Mesmo sem esperança
Não importa quão distante
Lutar pelo que é direito
Sem perguntar ou descansar
Estar pronto para marchar para o inferno
Por uma causa divina.
 
Sei que somente se for sincero
Nesta gloriosa busca
Que meu coração ficará pacificado e calmo
Quando eu me deitar no descanso final.
 
E o mundo ficará melhor por isto
Porque um homem ridicularizado e coberto de cicatrizes
Ainda luta com o que resta da sua coragem
Para alcançar a estrela inalcançável.
 

Don Quixote é talvez o mais belo romance já produzido pela literatura mundial. Ele revela a verdadeira centelha de luz que ainda resta no coração do ser humano, centelha essa que o liga á sua mais cara experiência espiritual, ou seja, aquela que o faz sentir-se uma criatura acima do lodo comum que contamina a humanidade com o vício da materialidade.
Don Quixote é o homem em busca de uma estrela: a estrela da virtude, que o ingênuo fidalgo da prozaica aldeia de La Mancha acreditava brilhar no coração e nas mentes dos cavaleiros medievais, seus virtuosos heróis, que lutavam pela causas nobres e amavam, de coração e platonicamente, uma donzela a quem dedicavam sua vida e suas façanhas.

Claro que isso nunca aconteceu na história da humanidade. Não houve um El Cid, cavaleiro tão nobre, capaz de renunciar a uma coroa em prol de um rei que o desprezava; nem existiu um Lancelot, cavaleiro tão fiel, que foi capaz de renunciar ao seu amor para não trair o seu rei. Tampouco era tão valente e heróico aquele Roland de Roncevaux, ou o famoso Tristão das lendas do Graal, cujas virtudes cavalheirescas se tornaram modelo para todos os demais cavaleiros medievais.
A maioria dos cavaleiros medievais, cantados em prosa e verso pelos bardos eram mercenários que alugavam suas armas a quem melhor os pagasse. Rodrigo de Bivar, o grande El Cid foi um deles. Mas a tradição medieval, ansiosa por heróis, fez deles modelos de virtude, coragem, fidelidade e honra, e essa idéia atravessou os séculos e ainda hoje excita a imaginação das pessoas.

Não importa que os cavaleiros medievais tenham sido mais um produto da mídia da época do que verdadeiros modelos de virtudes, como nos faz ver a magnífica sátira produzida pelo grande Miguel de Cervantes em seu Don Quixote. O que sobreleva, nessa obra monumental, é o modelo.
Don Quixote, sim, é um modelo de virtude, ainda que um tanto ingênuo, moldado quiçá, sobre um falso pressuposto, mas que revela e confirma a esperança de que a humanidade, por mais que o vício a corrompa, sempre manterá uma réstea de esperança no seu coração de que, um dia, se mantivermos a fé, a esperança e a coragem, ela alcançará a inatingível estrela.


O universo e tudo que nele existe reside no coração do homem, como nos mostra o velho fidalgo de La Mancha, que na sua juventude não teve a coragem de se confessar para o seu amor e o fez nas suas fantasias, se tornando um cavaleiro andante demodê, ridicularizado e espancado em todos os lugares que ia. Mas que fazia de cada constrangimento, de cada surra que levava, de cada chacota, um motivo para sonhar cada vez mais alto, de buscar com cada vez maior denodo, maior fé, mais certeza, o seu sonho impossível.
Don Quixote é o arquétipo sobre o qual repousa a esperança do homem de, um dia, encontrar um verdadeiro modelo de virtude. É também, um exemplo da utopia que nos anima a continuar tentando, sempre, criar um mundo melhor onde a virtude triunfe sobre o vício.

Escrevi este texto depois de rever o Homem de La Mancha, musical dirigido por Arthur Hiller e estrelado por Peter O’ Toole e Sophia Loren. O filme é de 1972. A canção tema desse magnífico filme, reproduzida acima já diz tudo. Lembro-me de ter visto esse filme e ter assistido no teatro esse musical quando era garoto. Foi um dos melhores espetáculos que eu vi. Senti de novo a mesma emoção. Ás vezes é bom recuperar as nossas mais antigas memórias. Elas são o alicerce das nossa personalidade. Recomendo a quem ainda não viu. 
 
 
 
 
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 05/02/2013
Reeditado em 10/02/2013
Código do texto: T4125165
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