TOM JOBIM, UM CONVITE
A música segundo Tom Jobim, lançado em 20 de janeiro deste ano (2012), é uma produção de Nelson Pereira dos Santos, Dora Jobim, com roteiro de Miucha Buarque de Holanda e Nelson Pereira dos Santos, direção musical de Paulo Jobim (filho de Tom). O filme é classificado como documentário, mas foge totalmente a este padrão – não há depoimentos, é todo imagens de arquivo e acervo de fotos. É fruto da pesquisa de Antônio Venâncio e Dora Jobim (neta do Tom) que buscaram interpretes de Tom em todo o mundo, resultando daqui cenas musicais antológicas. Esse filme foi realizado por meio do Programa Natura Musical.
São 88 minutos de músicas interpretadas por monstros da música brasileira e ícones internacionais – apresentando a trajetória do maior compositor que o Brasil teve, um dos inventores da Bossa Nova, movimento musical iniciado por João Gilberto, outro grande nome, com o lançamento do álbum “Chega de Saudade”, em 1959.
Há mais de 40 músicos em performances que emocionam. Tem início com a apresentação de Gal Costa interpretando “Se todos fossem iguais a você” (composição de Tom e Vinícius, grande parceiro), segue com a participação de Elizeth Cardoso “Eu não existo sem você” (Tom e Vinícius). Uma apresentação singular de Henri Salvador (guitarrista francês de jazz) “Eu sei que vou te amar” – “Je sais que je vais t’aimer” (Tom e Vinícius), a mais linda canção de Tom, possivelmente a mais interpretada, depois de “Garota de Ipanema” – minhas impressões. Um dueto maravilhoso entre Elis Regina e Tom, cantando “Águas de Março”; uma cena revisitada por nós dezenas de vezes, quando Tom e Frank Sinatra partilham “Garota de Ipanema”, a segunda canção mais executada da história, de acordo com a editora do grupo universal, a primeira é “Yesterday (Beatles)”. E claro Tom e Vinícius, os grandes parceiros e amigos, que compuseram juntos dezenas de sucessos, brincando de cantar “Garota de Ipanema”. E mais Adriana Calcanhoto com a sua doçura “Ela é carioca”; Fernanda Takai e um talento não nomeável “Estrada do sol”; Nana Caymme com a sua voz estrondosa “Sem você”; Nara Leão “Dindi”; Maysa “Por causa de você” e mais Chico, Caetano, Gil, o grande Milton Nascimento, Carlinhos Brawn, Paulinho da Viola, muitos outros mais.
É a música brasileira presente na eternidade. O filme também fora exibido no Festival Internacional do Documentário de Amsterdã e no Festival de Nova York e foi filme de abertura do Festival de Cinema Luso-Brasileiro.
Termina com a apresentação de Jobim Sinfônico – saudade do Brasil, o eco das palmas nos contagia. É o poeta e artista sendo reconhecido.
Assistir a Tom Jobim é pura emoção. É deslumbramento. É vida pulsando numa nota - uma aqui, outra acolá.
Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim é a arte brasileira em movimento. Para ele, a linguagem musical basta - é a alma cantante do poeta.
Fica o convite àqueles que amam a literatura, a poesia, a arte, a música. É um prazer ouvi-lo.