Crítica: Selvagens
Ao assistir qualquer filme do diretor Oliver Stone é necessário um esforço intelectual para a compreensão de todos os pontos de crítica social que suas tramas trazem. Em Selvagens não é diferente. Só que desta vez o ambiente não é wall street e afins, mas Laguna Beach e o tráfico de drogas.
O filme narra a história do triângulo amoroso formado pelo ex-agente das forças armadas Chon (Taylor Kitsch), o budista Ben (Aaron Johnson) e a amante da dupla chamada apenas de O (Blake Lively). O trio é o responsável pela produção da “melhor maconha do mundo”. Nos últimos seis anos podemos dizer que não foram perturbados por nenhum tipo de organização maior. Até o momento que um cartel mexicano chega àquela região do país e começa e começa a absorver todos os pequenos produtores. O trio protagonista então se torna o próximo alvo. A partir disso começam a enfrentar os dilemas de um pequeno empresário de sucesso: se renderem aos grandes ou continuar o negócio em uma luta injusta. Eles não aceitam a parceria e isso é o que desenvolve a história.
Chega a ser engraçado ver alguns diálogos durante o filme. Podemos dizer que Selvagens é uma fábula de cenário financeiro atual dos EUA e do mundo. Através de O, que serve como um tipo de narradora para a trama, conseguimos identificar os elementos que Stone de mansinho nos propõe.
É o seguinte: o triângulo de protagonistas que divide tudo (inclusive sexo) consegue se estabilizar com o título de ser o melhor – a narração dá uma boa ênfase nisto através da frase “não é no Afeganistão ou no Irã, mas a melhor maconha do mundo é feita em Laguna Beach, Califórnia, EUA” – representa a indústria norte-americana. O cartel mexicano que em um ritmo avassalador consegue dominar todos os pontos de tráfico da região nos remete às novas potencias econômicas, principalmente a China. É o dilema da crise que vive a terra do tio Sam.
De uma forma ousada os lados do “bem” e do “mal” vão se estabelecendo. A princípio os rivais que invadem representam os vilões. Mas a forma como os princípios de negócios antes respeitados vão se transformando em algo reprovável é impossível discernir quem está certo ou errado. O que se tornou uma boa resolução para a história.
Artisticamente o filme não traz nada de especial. Mas o elenco precisa ser aplaudido. Principalmente o núcleo mexicano. Composto por Benício Del Toro e Salma Hayek. O que assistimos na tela é uma aula de interpretação. Sem contar que seus personagens são excelentes, o que deveras colabora. John Travolta na pele de um policial corrupto que joga para os dois lados também surpreende. O restante é comum. Infelizmente.
Selvagens é um bom filme. Apenas isso. Mas vale o ingresso e o tempo investido.
Selvagens estreiou na última sexta-feira, 26/10.