O Filme retrata a vida de uma família de Classe média Alta da década de 50. Uma forma satirizada de criticar a avançada tecnologia e o vazio de uma arquitetura-modernista-  que ressaltaria ainda mais a falta de comunicação em que ‘’tudo se comunica’’.
     O Título faz jus ao Tio Hulot protagonizado pelo próprio Jacques Tati. Solteiro, morando sozinho em um sobrado, lugar onde a pobreza e a simplicidade se faziam presente. De um lado Tio Hulot, na sua imensa humildade e na outra a abastada família Arpel, onde eram apenas ‘’inquilinos’’ desfrutando de um mesmo teto.  Gérard, um menininho travesso que vivia rodeado de regras impostas pelos pais se tornara uma criança infeliz, no entanto com o privilégio da presença do tio suburbano que o fazia se sentir como tal, devolvia-lhe a alegria de viver. Ganhando o tio,  a admiração e respeito do pequeno Gérard.
     A modernidade e o tradicional estavam ali, caminhado lado a lado dividido apenas pelo preconceito imposto pela sociedade. Hulot, ao caminhar em direção a casa afortunada de sua irmã, sempre passara por uma linha divisória do ‘’Passado e presente’’. De um lado do muro em ruinas, sua casa, pessoas caminhando a pé até a padaria, cumprimentando-se gentilmente, crianças brincando sem se preocuparem em serem atropeladas. Afinal de contas o meio mais utilizado ali ainda era a bicicleta. Já do outro lado, um lugar surreal. Donas de casa como sua irmã, arrumando, limpando, despedindo-se de seu esposo e filho, um mundo ‘’perfeito’’. Usando uma lupa e observando de outro ângulo nada é tão perfeito quanto parece ser. Casas exageradamente grandes, portões eletrônicos, grades, e o consumismo consumindo quem o consomem.  A desordem estaria do lado suburbano ou do lado modernista.  Um chafariz em formato de peixe que esguichava água pela boca adotado no jardim, era sempre ligado quando a companhia era tocada. Simbolismo de respeito e imposição social. Ao descobrir quem era do lado de fora, o chafariz continuava ou não ligado. E no dia em que o chafariz parou de funcionar o coração do casal Arpel quase parou de funcionar também.
     Um jardim imenso, com cores em tom  pastel,donde o verde fora quase todo instinto. Dando lugar as lajotas, cascalhos, britas. Onde estariam os adorno, que foram substituído pelos botões  de liga e desliga... A cozinha apesar de moderna, não comportava sua família, a casa não ‘’abraçava’’ seus moradores. Expulsava -os para o jardim e  dependendo da posição do sol era designado onde se tomava café, onde se almoçava, onde se jantava. Estabelecer um diálogo era impossível, o filme apesar de existirem poucas falas nota-se claramente os sons, barulhos que os eletrônicos faziam. Abrindo assim uma cratera ainda maior  entre esse casal. O vazio é moderno! Mas quando o vazio passa a ser interior tudo ao redor tem esse reflexo, podemos notar claramente na fábrica do Sr. Charles, onde desde a recepção até a sua sala havia somente cadeiras e uma mesa.
     Um filme comparado a atualidade parece monótono, mas sua mensagem é profunda, espantosa e reflexionada. Lugares onde havia lares deu-se  lugar a imensos prédios, as pessoas continuam escravas das super tendências, deixando de lado o que é mais importante nessa vida passageira: A Simplicidade!  Onde crianças desde cedo são treinadas para se tornarem adultos responsáveis, mas seus pais não percebem que com isso roubam a infância de seus pequenos, Gérard na década de 50 já representava essa categoria onde ser bem sucedido  era sinônimo de Vida feliz e realizada.


Imagem: Google
Yana B
Enviado por Yana B em 07/09/2012
Reeditado em 04/06/2013
Código do texto: T3870519
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