O Espetacular Homem-Aranha (Análise e Crítica)
Ele é um dos heróis mais amados pelos apreciadores da chamada “cultura pop”. Criado há mais de 50 anos pelo intitulado gênio Stan Lee, o Homem-Aranha atravessou durante sua trajetória fases polêmicas e controversas, mas nunca deixou de ser um dos personagens mais populares das histórias em quadrinho. Prova disso está no mais recente lançamento cinematográfico baseado na mitologia do alter-ego do fotógrafo Peter Parker. “O Espetacular Homem-Aranha”, que estreia neste fim de semana no Brasil, reúne mais uma vez elementos tradicionais que farão deste apenas o primeiro capítulo de uma franquia promissora que parece surgir, inclusive já quebrando recordes mundo afora.
Desta vez, dirigida por Marc Webb, estreante em produções gigantescas como esta, a trama começa de maneira mais didática, uma vez que apresenta ao público um Peter ainda criança, criado pelos pais, que, logo ameaçados, necessitam fugir do país o mais rápido possível. Assim, ele é deixado na casa de May (Sally Field) e Ben Parker (Martin Sheen), tios de Peter (Andrew Garfield), que cuidarão do garoto como se fossem seus verdadeiros pais. Em um salto no tempo, já no colegial, nos deparamos com o protagonista adolescente, com todos aqueles dilemas típicos da idade, inclusive a descoberta do primeiro amor, agora vivido com Gwen Stacy (Emma Stone), que originalmente apareceu antes da ruiva Mary Jane Watson.
A partir desse momento, o longa nos mostra que contará a história do herói sob outro viés – o humor. Embora Webb não tenha se mostrado um grande diretor, a escolha de Garfield foi o elemento que deu vida à produção. Junto a um texto simples, mas que funciona, o ator leva a plateia às gargalhadas com suas caras e bocas, além do jeito tímido, atrapalhado e descolado, características inerentes ao personagem, mas que ficaram bastante de fora na versão de Raimi. Nessa atmosfera mais descontraída, não há como o público não se identificar com o jovem.
Escrito magistralmente por James Vanderbilt, Alvin Sargent e Steve Kloves, o roteiro consegue ligar o adolescente ao cientista Curt Connors (Rhys Ifans), que mais tarde se transformará no Lagarto, o vilão a enfrentar o Homem-Aranha. O fato deve alegrar um pouco as expectativas dos fãs, já que nas HQ’s esse é um dos primeiros adversários do Amigão da Vizinhança, aparecendo logo nos números iniciais da revista. Quanto ao filme, Connors trabalhava com os pais de Peter e o contrata para continuar as pesquisas sobre regeneração de membros, posto que perdera seu braço direito. Contrário ao seu querer, acaba tornando-se cobaia do experimento e sendo alvo, assim como Peter, de uma mutação genética, que o transforma em um espécime híbrido. Como já se imagina, dará muito trabalho a Parker, que se sente culpado e criador de tal aberração, o que resultará em cenas de bastante ação.
Nesse tipo de filme, ação puxa efeitos especiais (e digitais). E são muitos, por sinal. Se a caracterização do vilão não chega a impressionar, as tomadas de ação de certa forma tiram o fôlego, principalmente os voos panorâmicos do Homem-Aranha. Entretanto, acertou-se na mão, e o “muito” não se torna “exagero”. Como deve ser, é um filme que nem de longe tem seu roteiro baseado nos efeitos. Em relação ao 3D, utilizou-se o recurso de aproximação, e não o de profundidade. Verdade: não é muita a interatividade com o espectador (coisas voando, saindo da tela, esse tipo). Porém, dependendo do lugar onde se senta, tem-se a percepção de que você faz parte da cena, daquele mundo. Não deixa de ser interativo também, só que de outro jeito.
O nome já diz tudo: é de fato espetacular! Com mais ou menos 140 minutos de fita, deixa no final o gosto de quero-mais e de que há ainda muita história para ser contada. Além disso, “O Espetacular Homem-Aranha” prova que não somente com talento – mas acima de tudo criatividade e um olhar diferenciado – é possível iniciar uma nova franquia, mesmo que a antecessora, de enorme sucesso, tenha feito apenas 10 anos de vida. Obviamente, existem situações bobas e desnecessárias. Mas os próprios quadrinhos não estão cheios delas também?
Por fim, não se esqueçam de assistir ao rápido pós-credito. Sim, há. Já preso e com sua consciência mamífera supostamente restabelecida, Connors conversa com aquele que pode ser o vilão do próximo filme. Tudo muito vago, meu palpite é que seja o Electro, um personagem com diversas origens dentro do Universo Marvel. Mas ainda é muito cedo para apostas.
Nota: 9,0.