"O QUARTO PODER" - um retrato atual da mídia e sua atuação.

No filme "O quarto poder", dirigido por Costa-Gavras, a essência da mídia, suas motivações, conflitos e erros são mostrados cruamente. As relações humanas, comerciais, sociais, de poder e de sobrevivência tornam as redações verdadeiros campos de batalha pela audiência. O que se questiona (o que foi feito com perfeição no filme) é até onde se pode ir por ela.

Diariamente os profissionais do Jornalismo são confrontados com escolhas que, não raramente, esbarram na questão da ética, da legislação e dos direitos humanos. Em algum momento, todos precisam escolher entre o dinheiro e a vida, a audiência e a dignidade humana, a ética e o crime, a verdade e a versão mais conveniente dela, a quem vai defender e a quem vai condenar. Essas escolhas afetam não só os envolvidos diretos no fato, mas também toda a siciedade e a História.

O filme aborda o comportamento do repórter Max Bracket diante da cobertura de um suposto sequestro, onde o repórter passa a ser protagonista do fato jornalístico, bem como manipulá-lo a seu bel-prazer, perdendo o controle da situação, que culmina na morte de duas pessoas. O relato mostra a realidade diária da carnificina simbólica que acontece nas redações, do sangue real que a gande mídia derrama indiretamente e impunemente, o que, geralmente, passa despercebido pelos olhos do mundo.

Desde o início do seu contato com a fonte (sequestrador), o comportamento do repórter foi questionável, pautado por interesses escusos, jogos desonestos e manipulação da informação.

Em vários momentos do filme é possível perceber a "montagem" da história que se pretende levar a público, gerando uma distorção da realidade dos fatos. A versão que prevalece é a que melhor atende aos interesses do momento (do meio/emissora, do repórter, das autoridades, ou de qualquer das partes com poder de manipular a notícia).

Fica bem claro no filme que a informação não é mais a principal arma, mas sim, o controle sobre ela. O repórter, além de manipular sua fonte, usá-la como moeda de troca e alavanca de sua carreira, manipular autoridades e a opinião pública, mostrou-se como um abutre diante da tragédia humana.

A imprensa em geral, no filme, age de forma interesseira, desumana, carniceira e sem remorsos. Tornar o "personagem" amado e, logo depois, odiado pela opinião pública, (jogar com ele), prejudicar o trabalho da polícia e manipular toda a situação, produziu o desfecho trágico (sucídio do sequestrador, morte do policial) da história. Quem observa criticamente a mídia sabe que a ficção não está tão distante da realidade.

"Nós o matamos", confessa o repórter no final.

Não se pode negar que é mais do que urgente que a mídia em geral ponha a mão na consciência e reflita sobre as consequências de suas escolhas (tão aparentemente inofensivas).

Recomendo a todos que vejam o filme.

Abraço.

Neuminha
Enviado por Neuminha em 22/06/2012
Reeditado em 23/06/2012
Código do texto: T3739440
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