INTRUDERS (O INTRUSO)
Esse filme é um conto de fadas assustador.
É terror de ótima qualidade.
Assusta, com elementos do nosso imaginário infantil, um menino começa a ver um fantasma, ou um monstro, ou é um demônio? O intruso, que é quem persegue o menino, quer mata-lo, ou antes roubar o seu rosto. É um susto atrás do outro.
Em outro lugar, ao mesmo tempo, uma jovem adolescente acha uns escritos que invocam esse mesmo demônio, ou fantasma, sei-lá, que passa a atormenta-la.
Descobrimos que esse demônio não tem rosto e se esconde no escuro.
Portanto ataca mais à noite, principalmente na hora de ir dormir, onde as luzes são apagadas.
Imaginamos que quando acendermos as luzes ele vai embora, e ai nos enganamos.
O som, a sonoplastia do filme é um caso à parte; muito bem feito. O som é um elemento que ajuda no medo.
Eu não gosto de filmes, qualquer um, sem história. Não gosto de filmes de terror que rola a cabeça, corta o braço, e voa sangue na tela, e coisas nojentas tais. Primeiro que isso não me dá medo algum, só nojo. Segundo que é clara a manipulação, que tenta disfarçara a falta de uma história coerente.
Intruders por outro lado tem uma história fantástica. Dá medo, mas com razão.
Não gosto muito de filmes que se explicam, ou explicam toscamente porque o bandido atacava, ou porque o monstro era assim, mas a explicação de Intruders é muito boa, aliás é fantástica. Adorei a maneira como o diretor mostrou a explicação.
Me lembro que li um livro da Agatha Christie, que me desanimou muito. Aquele suspensão todo, quem matou o fulano, temos lá uns dez que poderiam ser o assassino. Eu fiz até esquemas tentando descobrir o cara e no fim a escritora inseriu na história um novo personagem, que foi quem matou o assassinado. O bandido não tinha surgido em momento algum e na explicação da história ele aparece, do nada. Pô, mano! Ai é sacanagem, né? Esse truque barato não acontece com Intruders, eles não chamam o espectador de burro em lugar algum. Já vimos um monte de histórias parecidas, mas com certeza, não essa.
Eu fiquei com a nítida idéia que o filme é um conto de fadas fantasmagórico.
É assustador, sem mostrar nem um pingo de sangue.
A história é um bom e ótimo cinema.
Tem gente que precisa voltar a fontes como essas para tecerem seus filmes. No meu ultimo post escrevi sucintamente sobre o belo filme Pequenas Histórias, que de tão bom, não quis nem falar muito.
Intruders por outro lado merece uma revisão psicológica profunda.
Todo mundo no filme é meio pinel: o menino, a mãe do menino, a menina adolescente, o pai da menina, a mãe da menina. No filme tem até um padre - que achei ambíguo alguma coisa nele, meio que indefinivel.
Gostei muito de uma cena, entre tantas outras boas, em que o fantasma, demônio, fica pairando em cima da cama do menino, coisa de meio metro dele.
Gente, eu voltei a ser menino com esse filme, alguns medos ali, eram meus também. Eu tinha um medo do escuro terrível. O menino, e a menina também, olham debaixo da cama pra ver se o monstro não está lá. Cara eu já fiz isso. Me identifiquei, mesmo.
Enfim, isso é cinema bom. Nada daquela besteirada cult. Cinema, só e simplesmente cinema, pra entreter, umas duas horinhas, onde esquecemos das dores da vida.
Baixando o filme na Iternet, alugando, comprando, ou indo ao cinema assisti-lo, de qualquer jeito, boa pipoca.