Fúria de Titãs 2 (Análise e Crítica)

Sequência do longa de 2010, “Fúria de Titãs 2” é a principal estreia esta semana no Brasil, com lançamento simultâneo nos Estados Unidos. Dirigido por Jonathan Liebesman, é uma superprodução que continua narrando a história do semideus Perseu (Sam Worthington), que depois de dez anos se vê novamente envolto a uma nova guerra, só que agora entre os próprios deuses. Assim, o filho de Zeus (Liam Neeson) terá de impedir que o seu avô, a entidade mitológica conhecida como deus do Tempo, seja liberto do Tártaro e extermine a raça humana.

Embora um pouco menor, com aproximadamente 90 minutos (desconsiderando os créditos finais), a segunda parte desta aventura supera em diferentes aspectos a primeira. Começando pelos efeitos visuais, chamariz indispensável para que filmes assim se popularizem ainda mais. São muito bons. Diria até que eles são a melhor parte do filme, cujo roteiro deixa furos e possui reviravoltas um tanto medíocres. A representação do Tártaro e dos monstros mitológicos, principalmente a Quimera, convence e deixa o espectador diante de um verdadeiro espetáculo visual.

Aliás, essa é uma tendência natural. Pois, quando um filme é produzido almejando-se transformar em uma saga, a primeira parte é sempre a mais monótona, com aquelas passagens em que os heróis estão se adaptando aos seus poderes, a não-aceitação inicial etc. Nesta continuação, a aventura tomou conta de boa parte da história, com cenas recheadas de boas lutas. Falando nisso, o 3D foi muito bem utilizado, realçando os efeitos e dando profundidade às cenas, sem irritar os olhos ou deixar aquela sensação de cansaço nas vistas.

As interpretações do núcleo principal também melhoraram. No antecessor, os personagens murmuravam, suas falas eram quase sussurros. Inclusive o vilão Hades (Ralph Fiennes) aparecia caricato e inexpressivo. Até o próprio Zeus não dizia a que veio. Na continuação, a dramaticidade está mais expressiva, parece que foi feito um trabalho vocal na caracterização dos personagens, que finalmente mostram algum peso. Nesse balaio se inclui principalmente Worthington, que passa mais segurança vivendo um herói maduro e determinado, apesar de ainda não ter se mostrado um grande ator.

Contudo, o ponto fraco está no roteiro. Talvez como já seria esperado. Não é pela simplicidade da história: um filme de aventura não pode ter uma linha narrativa complicada e cheia de informações. São as reviravoltas. De início, Ares trai a confiança do seu pai Zeus e se alia a Hades, que por sua vez quer ressuscitar Cronus. Depois, Ares, sem justificativa plausível, volta-se contra Hades, que desiste de libertar Cronus e se junta a Zeus, a quem jurou destruir desde a primeira fita. Como se não bastasse, Hades luta contra Cronus, querendo mandá-lo de volta ao lugar de onde deu tanto trabalho para tirá-lo. Essas manobras no roteiro ficam difíceis de serem digeridas por acontecerem mediante diálogos fracos e em situações que claramente não pediam tal forçada de barra.

Quando lançado em 2010, “Fúria de Titãs” era o que se pode dizer uma versão Percy Jackson para adultos, as semelhanças entre os dois são absurdas. Mas agora parece que os produtores tentaram chegar ao ponto certo para se fazer uma aventura para adultos, e o resultado é realmente gratificante. É importante ir ao cinema preparado para ver diversão pela diversão mesmo. O filme não traz nenhuma lição de moral, além daquelas já há muito clichês próprios do gênero. Vale o ingresso e a reunião com os amigos em um programinha de final de semana.

Nota: 7,0.

Dan Niel
Enviado por Dan Niel em 30/03/2012
Reeditado em 26/05/2013
Código do texto: T3585627
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