John Carter - Entre Dois Mundos (Análise e Crítica)

O que é necessário para que se tenha um bom filme de aventura de proporções épicas? Fora o trivial a qualquer produção, há de se ter uma ótima equipe responsável pela direção de arte e efeitos especiais, além de uma trilha sonora impactante, que conduza o espectador a vivenciar todas as emoções que os personagens pretendem passar. Isso “John Carter – Entre Dois Mundos” consegue transmitir muito bem. Sendo assim, onde teriam errado?

O mais recente filme da Disney estreou na última sexta-feira, sem fazer muito alarde no Brasil. Inspirado em um personagem de quadrinhos e dirigido por Andrew Stanton, narra as aventuras de John Carter, um cawboy do século XIX que acidentalmente é teleguiado para Marte e lá será decisivo para que o planeta não acabe sucumbindo a uma espécie de Guerra Mundial marciana.

Não se pode negar que existem diversos pontos positivos na produção. A começar por uma competente direção de arte e equipe de efeitos especiais. Acredito que nunca na História do cinema o Planeta Vermelho tenha sido tão bem retratado, pois a sensação é a de que estamos lá, tamanha a perfeição inclusive dos movimentos dos nativos. A fotografia também é um espetáculo à parte, sendo as cenas no deserto dignas de lindos cartões-postais. Outro mérito está na trilha sonora, que se apresenta e se faz notar com relevância na última meia hora do longa, nos momentos em que a tensão fica maior, em uma eqüipolência correta com a carga emocional presente nas tomadas.

Entretanto, está no roteiro o ponto fraco de “John Carter”. Além dos clichês básicos que competem ao gênero, um dos mandamentos para um bom filme de aventura é o bom senso no grau de informação que se passa ao espectador. Há momentos que complicam saber quem é da turma do bem ou do mal, por exemplo. A parte mitológica também ficou sobrecarregada, pois aparecia em diálogos compridos e chatos. Inclusive, texto pouco metafórico, de uma forma geral. Quanto à função do tal nono raio, não sei se ficou tão clara para todos... Para mim não, pelo menos.

O time de atores é competente. Taylor Kitsch está bem na pele do herói, mas o mau ou pelo menos pouco aproveitamento de determinados nomes me incomodou um tanto. É o caso de Dominic West, bom ator dramático que ficou deslocado e caricato na pele de um “vilão”, e principalmente de Ciarán Hinds, ator que recentemente roubava a cena no também adaptado – e maravilhoso – “A Mulher de Preto”. Chegou a ser constrangedor assistir a este último, então.

No mais, “John Carter” é uma produção que cumpre o seu papel fundamental, o de entreter. Portanto, vale o ingresso. Porém, nem de longe nos oferece aquele mundo mágico que a Disney outrora costumava fazer, e nem posso mensurar se de fato houve essa intenção. É uma pena, pois a companhia gastou aproximadamente US$ 300 milhões entre a realização do filme e a divulgação, cifra épica para algo não tão grandioso assim em sua totalidade.

Nota: 7,0.

Dan Niel
Enviado por Dan Niel em 11/03/2012
Reeditado em 26/05/2013
Código do texto: T3547739
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.